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– Tá, estamos andando em silêncio faz exatos cinco minutos, então me fala tudo agora! – ordenou, enquanto olhava em seu relógio de pulso que eu nem sequer havia notado que usava.

Suspirei fundo, sem saber por onde começar. Não é fácil.

– Tá, vou tentar te contar, mesmo que eu não saiba por onde começar. Ah, e não me interrompa, deixa as perguntas pra depois, ok? – ele assentiu, revirando os olhos – Bom, lembro-me muito bem que, quando nos conhecemos, eu não ia com a sua cara.

– Tá, e como nos conhecemos? – ele perguntou, eufórico – Fala logo, Chanyeol!

Suspirei: sabia muito bem que era uma missão impossível contar algo para Baekhyun sem que ele me interrompesse. Então prossegui.

– Éramos crianças, tínhamos mais ou menos de seis a dez anos. Ou seja, éramos um bando de fedelhos, todos nós, juntando os dois grupos.

– Dois grupos? – olhou para mim, confuso e com o cenho franzido.

– É, dois grupos – sorri – Antes, éramos divididos e todos nós tínhamos uma rixa. Uma rixa boba, mais ainda assim, uma rixa. No meu grupo, havia o Sehun, Kyungsoo, Minseok e Yixing. Mas o único com juízo lá era o Minseok – Baek murmurou um "é, pelo menos um" sorrimos e então prossegui: – Um belo dia, nós estávamos brincando no campinho de futebol e advinha quem chegou?

– Eu? – respondeu, indeciso.

O olhei com um sorriso, e ele ficou me olhando esperando minha resposta, então me virei novamente para a o caminho que seguíamos, e continuei.

– É, quase isso – ele suspirou de braços cruzados e um biquinho aborrecido – Na verdade, chegou um bando de criancinhas mimadas, que queriam porque queriam ter o campinho só para elas – ele sorriu e balançou a cabeça em negativo, desacreditado – Eram você, Jongin, Jongdae e Junmyeon. Mesmo que Junmyeon fosse muito certinho e não concordasse com aquilo, ele foi junto para que vocês não arrumassem confusão. Ah, e quanto a Jongdae, ele nem ao menos sabia o que se passava ali, só para deixar claro, ok? Jongin queria brincar, mas se fosse pra ter que expulsar Kyungsoo dali, ele preferia ficar quieto. Ou seja, a única que criança mimada ali era você.

Sua cabeça tombou-se para o lado, e um sorrisinho feliz tomou conta de seus lábios secos e maltratados por pequenos sinais de mordidas provavelmente feitas por ele mesmo. Murmurou um "eu não sou mimado!" e bateu os pés no chão. Sorri com aquela cena "fofa", e tomei minha atenção a estrada e a história.

– Nós brigamos feio aquele dia – dei uma risadinha, recordando-me do que havia acontecido – E quase que saímos nos tapas, ou melhor, o Kyungsoo quis dar uns tapas no Jongin. E sabe o que é mais engraçado? – perguntei e ele balançou a cabeça negativamente, com um sorriso – O mais engraçado é que o Kai, no caso, o Jongin, estava borrando de medo, mesmo sendo quase o dobro da altura do Soo – gargalhei me lembrando daquele dia inesquecível, e me apoiei em uma árvore, tentando recuperar o fôlego – Kai disse que tinha ficado com medo por causa do jeito em que o Kyung encarava ele, porque ele tem um certo problema de visão. Jongin ficou o observando e cochichou algo nos ouvidos do Junmyeon. Pra quê? – ri – Kyungsoo logo sismou que Kai tava falando mal dele e quis partir pra cima dele na mesma hora. Sorte é que consegui segurá-lo, levei uns petelecos, mas consegui.

– Poxa, esse Kyungsoo é bem esquentadinho, hein? – Baek brincou.

– Você não tem noção! – ri.

Realmente, esse jeito esquentando de Kyung é bem perigoso, mas mesmo assim eu sempre gosto de testar a paciência dele, simplesmente porque gosto de vê-lo irritado. Apesar de isso trazer consequências, é legal o fazer raiva.

– E depois? O que aconteceu? – perguntou, curioso. Incrível como ele fica bonito com aquele sorriso, acho até que ele devia sorrir mais, porque vale a pena mostrar aqueles dentes brancos e bem cuidados.

– Bom, depois de toda essa confusão, nós entramos em um acordo: iríamos jogar juntos, e o time que ganhar, teria o campinho só para ele e os outros teriam que arranjar outro. Então fomos jogar!

– Mas o time de vocês tinha mais! Isso não vale – questionou, incrédulo – Sou uma pessoa justa, e nunca aceitaria que esse jogo acontecesse.

Balancei a cabeça me recordando exatamente de tudo que aconteceu e me lembrando do escândalo que Baekhyun fez porque tínhamos um a mais.

– É, isso realmente aconteceu, você não aceitava de jeito nenhum! Mas sabe que no final você até aceitou que jogássemos com mais? – ele me olhou, surpreso e com o cenho franzido, me perguntando "como?" – Como você não conhecia nosso chinês lerdo, vulgo Lay ou Yixing tanto faz, tivemos que provar que ele não mudaria nada naquele campo, já que ele se esquecia de onde estava e o que estava fazendo facilmente.

– Meu Deus! – ele falou, sorrindo desacreditado – E eu pensando que era lerdo! – zombou – Mas me conta aí, eu aceitei que vocês jogassem com uma pessoa a mais? E... quem ganhou?

Baekhyun? Apressado? Nem um pouco!

– Vocês o deixaram jogar, mas com uma condição... – falei, fazendo suspense, e ele reclamou e me disse para contar logo – Que ele ficasse no gol. E está muito claro o porquê disso tudo, não é? Vocês queriam que ele ficasse no gol para ficar mais fácil pra vocês! Simplesmente porque vocês todos eram péssimos de bola! – debochei.

Ele me olhou feio e cruzou os braços, chegando perto o bastante para encarar meus braços cruzados sobre o peito. Suspirou frustrado, por não poder alcançar-me, então levantou os pés e a cabeça, para me encarar.

– Isso é o que você pensa! – falou, e deu as costas para mim no mesmo instante.

Ri da ousadia daquele anão e então continuei seguindo caminho, agora atrás dele.

– Nossa, fiquei até com medo do anão esquentadinho! – zombei – Isso foi engraçado!

– Haha, para com a palhaçada e me diz logo quem ganhou, porque é realmente o que me interessa! – bufou de raiva.

– Ninguém – disse, simples, enquanto continuava a andar.

Ele parou, pegou em meus braços e me obrigou a virar para ele. Franzi o cenho, e ele logo falou:

– Como assim "ninguém"?!

– Acabou que cada um ganhava uma partida e o time perdedor sempre queria revanche. Até que todos se entenderam e decidimos que o campinho seria nosso, mesmo sendo público. Desde então expulsávamos todos os meninos que queriam jogar lá – dei de ombros – Aí começou uma linda amizade que dura até hoje.

– Tá, e... quanto a minha família? – perguntou ele, e engoli em seco sem ter coragem o suficiente para o fitar – O que foi? Por quê fez essa cara?

Me recompuz e fiz o que era melhor a ser feito:

– Bom, vamos continuar andando, calados, porque estamos perdendo muito tempo, a noite, quando prepararmos as coisas para dormir, eu te conto, ok? – expliquei, torcendo para que ele entendesse.

– Tá bom. Mas não desestirei de saber o que há com a minha família... isso está muito mal contado! – falou – Ah, e me dê algo para comer, porque já não estou aguentando mais de tanta fome!

Avisei para ele que tinha comida em sua mochila, então ele a retirou das costas e procurou apressadamente algo para comer. Fizemos uma pausa para nosso "almoço" improvisado, que no caso eram frutas, salgadinhos, refrigerantes e sucos. Acho que Baekhyun se esqueceu de que comia apenas frutas, porque pegou praticamente todo o meu salgadinho e refrigerante.

black forest | chanbaekOnde histórias criam vida. Descubra agora