Abri meus olhos, e pude enxergar o topo das árvores embaçadas por minha visão turva de quem acaba de acordar de um bom cochilo. O tempo estava perfeito, tudo estava normal, e, por um instante, cogitei a hipótese de que aquilo escrito na árvore, não aconteceria.
Mas foi só por um instante, porque logo me recordei de que não poderia duvidar de nada do que acontecia naquela floresta. Era arriscado demais duvidar de algo tão misterioso e macabro.
- Quem é você?! - levei um pequeno susto com a voz um pouco rouca, ecoando ao meu lado.
Virei a cabeça lentamente, e quando tive a visão de Baekhyun segurando um galho de árvore quase maior do que ele mesmo, pronto para me acertar, meu coração acelerou e comecei a entrar em pânico com medo de que ele fizesse alguma coisa.
- Calma! Baek, solta isso, agora! - falei, me levantando, e acabei sentindo uma leve dor no pé, e comecei a me afastar dele. Ele ficou me olhando, confuso - Como assim quem sou eu?
- Me diz quem você é, ou não hesitarei em lhe dar uma paulada rumo à morte! - bravejou, então levantei minhas mãos em sinal de rendimento e pedi para ele se acalmar - Não vou me acalmar enquanto você não dizer logo quem é!
Ele avançou mais, e me senti em desvantagem. Quem sabe se ele não estivesse com um galho maior do que ele mesmo, eu não pudesse segurá-lo? Mas né, a vida sempre tem que complicar tudo quando se trata de mim.
- Ok, eu falo! Só... abaixe isso, por favor - pedi calmamente, e depois de hesitar por alguns instantes, ele abaixou o galho, mas o deixou bem próximo de si, caso eu me revoltasse.
Ele acha que sou uma ameaça? É, pelo que parece, é isso mesmo. Apesar de ser uma situação ruim, nunca pensei ser uma ameaça para Byun Baekhyun, não quando normalmente era ele que ameaçava de me largar no meio da rua sozinho e ir embora.
Apesar de assustado, ele estava lindo. Seu cabelos platinados e bagunçados pelo vento estavam jogados em seus olhos, e havia um pequeno corte em seu queixo, provavelmente por causa de alguma queda e nesse correria toda, eu nem o percebi ali. Ah, e aquelas roupas surradas e sujas, o deixava mais inofensivo do que parecia ser.
Mas as aparências enganam, não é?
- Eu não entendo, por que está perguntando quem sou? - mandei aquela pergunta, e com o olhar que ele me deu em resposta, eu me senti um verdadeiro idiota.
- Talvez seja porquê eu não saiba quem você é? - disse, e eu senti sua fala carregada de sarcasmo me acertar em cheio, juntamente com seu olhar. Agora sim eu me sinto um idiota completo.
Franzi o cenho. Mesmo aquela fala me fazer parecer um idiota, eu sabia que não era assim. Que, na verdade, eu seria a última pessoa a ter que me sentir um idiota. Pela primeira vez em anos, não era eu o idiota da história. Aliás, nem eu sei quem é.
Tentei me recordar do que havia acontecido antes de eu adormecer, para ver se aquilo tudo tinha algum eixo. Até que, depois de alguns segundos pensativo e recebendo um olhar impaciente, conseguir finalmente me lembrar de algo.
- A cabeça! - falei mais para mim do que para ele. Ele murmurou um "quê?", então prossegui: - Quando você bateu a cabeça naquela pedra, você desmaiou por tempo suficiente para você perder a memória! - coloquei as mãos na cintura, com uma expressão de orgulho, que logo mudou para outra indecisa - Ou você perdeu a memória assim que você bateu a cabeça? - coloque a mão no queixo, pensativo.
Escutei Byun bufar, e voltei minha atenção para ele, novamente. Recebi um olhar impaciente, como se esperasse por uma resposta. Então me lembrei de sua primeira pergunta, e abri um sorriso em meu rosto, um pouco metido, por finalmente saber uma coisa que meu amigo não sabe.
- Bom, você é Byun Baekhyun - dei de ombros.
O platinado fitou o chão, e pareceu pensar por alguns instantes. Então levantou sua cabeça, e me olhou desconfiado. Não parecia dar-se por satisfeito.
- Eu perguntei quem era você, e não quem sou eu - disse. Refleti um pouco, e acabei reconhecendo que era verdade. Aish, essa minha cabeça!
- Tá, eu sou Park Chanyeol, seu... - ele me olhou curioso e acho que um pouco ansioso também, porque ficou inquieto.
- Meu...?
- Seu hyung! - falei com um sorriso demoníaco no rosto. Acho que o jogo virou, não é, Byun?
O observei atentamente, ele andava e observava a floresta, até que ele parou subitamente e ficou olhando para o nada por longos minutos, como se pensasse em algo ou sei lá, só sei que havia concentração, e eu via ele fazendo umas caras e bocas estranhas.
- Uma pergunta, Park - franzi o cenho, era raro os momentos em que Baek me chamava de Park - Ahn... aish! Tá, vou parar com todo esse fingimento e vou direto ao ponto - falou rapidamente e veio em minha direção, me puxando para o chão e obrigando-me a me sentar em meio as folhas - Me conte tudo que sabe sobre mim. Já não aguento mais de curiosidade! Queria saber da minha vida, da minha família... tenho amigos?
Não pude disfarçar a cara de espanto, porque aquilo era realmente espantoso. Mesmo que Baekhyun fosse o ser mais bipolar do mundo, eu me assustei com sua rapidez. E também, acho que passei tanto tempo com o Baek depressivo e mal-humorado, que acabei me esquecendo da real pessoa que ele era.
E, bom, que eu me recorde, ele era exatamente assim.
- Primeiramente, me chame de hyung, e... Tudo? - perguntei fazendo uma careta, como se não fosse uma boa ideia. Ele assentiu, de um modo tão infantil e fofo, com seus fios platinados um pouco bagunçados e caídos sobre seus pequenos olhinhos - Mas é que temos pouco tempo, um caminho longo, e vários obstáculos pela frente.
Vi um biquinho se formar em seus lábios, e ele abaixou a cabeça, frustrado. Confesso que meu coração partiu ao ver aquela cena, parecia uma criança que precisava de atenção.
- Por favor, ahn... hyung? - seu biquinho ficou ainda maior e sua voz saiu manhosa e pidona, só para me provocar. Mas não pude deixar de perceber sua hesitação em me chamar de hyung.
Eu conheço esse truque, assim como conheço Baekhyun como a palma de minha mão. E ele não me engana. Mas, sabe, esse "hyung" mexeu tanto com meu psicológico que eu resolvi dar um desconto para ele. Eu sei que isso é sacanagem, mas é que eu sempre quis que ele me chamasse assim!
- Ok, eu conto - então ele levantou a cabeça e com um sorriso sapeca, seu semblante mudou para orgulhoso e já até imaginava o que se passava em sua mente: "eu sabia que iria conseguir!".
Sorri com aquela cena. Sei que, meses ou anos atrás, aquele semblante que ele fez, seria o cúmulo para mim. Mas como fazia tanto tempo que eu não via aquela cara sapeca e metida, eu apenas consegui me sentir feliz.
Meu Baekhyun está voltando, aos poucos, mas está. E isso já é motivos suficientes para mim ter um pequeno momento de alegria, mesmo com isso tudo que está acontecendo com a gente.
Balancei minha cabeça, espantando aqueles pensamentos e falei as seguintes palavras me levantando e colocando minha mochila:
- Mas agora, pegue sua mochila, teremos um longo caminho pela frente, e tempo de sobra para eu te contar tudo que você quiser saber, enquanto caminhamos - disse, entregando sua mochila para ele.
Baek comemorou um pouco e logo começou a me seguir, mesmo que eu não fizesse ideia para onde estaria indo, mas isso não fazia mal. Afinal, em algum lugar teríamos que parar, não é? Bom, espero que sim.
- A propósito, por que tem linhas costuradas na sua cabeça? - ele perguntou, me arrancando um suspiro cansado.
- Longa história.
∆∆∆
obrigado pelos comentários e pelos votos, estou muito feliz por estarem acompanhando.
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black forest | chanbaek
Hayran Kurgu❝Entre, e tente não morrer❞ Em uma floresta sombria e repleta de psicopatas sedentos por sangue, Chanyeol se vê na obrigação de cuidar de Baekhyun, e não está disposto a quebrar sua promessa, não quando isso envolve sua honra. | long fic | baekhyun¡...