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No sábado acordei bem cedo. Eram seis horas da manhã quando meu despertador tocou. Como sempre eu havia esquecido de desligar o alarme. Peguei o celular ainda meio grogue e já tinha uma mensagem de Tom.

Bom dia, bebê. Achei um voo para as onze horas da manhã. Já comprei o seu e o da sua mãe. As oito horas passo para pega-las. Um beijo.

Quem ele pensava que era para me chamar de bebê? Era assim que ele me chamava quando erámos namorados, mas agora não erámos mais nada, tampouco amigos. Mas não vou negar, na hora que li a mensagem senti um frio na barriga. Não sabia explicar exatamente o que era, parecia uma nostalgia, um déjà vu, sei lá. Acho que era aquele negócio de primeiro namorado. A gente nunca esquece como é descobrir o amor. Mas enfim, eu já tinha me esquecido o suficiente para não querer mais nada com ele.

Levantei da cama e me olhei no espelho. Preto era a cor do meu pijama. Meus cabelos estavam mais bagunçados do que de costume. Olhei na janela e o tempo estava nublado. Parecia estar bem frio. Sai do quarto para acordar mamãe e o cheiro de café já havia ultrapassado a parede da cozinha. A mesa estava pronta e tinha mais comida do que eu, mamãe e qualquer batalhão conseguiríamos comer.

- Pra que esse tanto de comida? – me assustei, tentando abrir os olhos semicerrados.

- Acordei com uma mensagem de Tom. Então resolvi chama-los para tomar café da manhã aqui. Daqui a pouco eles estão chegando.

- Mamãe! Já não acha que passaremos tempo demais tendo que olhar pra cara do Tom não? Pra que inventar isso?

- Minha filha. Ele é e sempre foi um príncipe conosco. É o mínimo que posso fazer para retribuir. – completou ao terminar de arrumar a mesa.

- Acaso a senhora não se lembra do que ele fez comigo? – reclamei.

- Claro que lembro! Mas essas coisas acontecem. Vocês eram jovens demais e moravam a quilômetros um do outro. Agora as coisas podem ser diferentes. – me olhou com olhar de suplica.

- Nada pode ser diferente. Não quero mais nada com ele. – dei de ombros.

Entrei no banheiro e deixei a agua quente cair nos ombros. Sentei na banheira e tentei relaxar um pouco. Minha cabeça estava toda embaralhada e eu já nem sabia mais o que estava sentindo. Passei alguns minutos imersa na agua e resolvi levantar. Precisava seguir adiante, e ainda que Tom não tivesse sido homem para mim, Zayn também não poderia ser. Eu não poderia ter um relacionamento com um assassino.

E mesmo não tendo medo, eu não tinha certeza do sentimento dele por mim. E meu coração não aguentaria passar por outra decepção, então eu tinha que me resguardar. Eu precisava cuidar de mim.

Sai do banheiro, coloquei um vestido preto rodado e duas meias calças bem grossas. Me olhei no espelho e notei que estava parecendo uma viúva. Mas era exatamente assim que eu estava me sentindo: De luto. Peguei meu sapato boneca no armário e foi a única coisa que quebrou o preto. Era branco e com um salto bem pequeno, fazia tempo que não usava, mas até que ficou bom.

Penteei os cabelos e sequei, estava frio demais para sair com eles molhados. Estava passando a maquiagem quando mamãe abriu a porta do quarto.

- Eles chegaram! Venha recebe-los. – disse com a mão na maçaneta.

- Só um minuto. Diga a eles que em poucos minutos fico pronta.

Terminei o cabelo e prendi a franja para trás com um grampo prateado. Toda vez que eu secava os cabelos ele ficava mais bonito. As ondas ficavam mais perfeitas e caiam mais macias sobre os ombros. Me olhei no espelho e gostei do que vi. A maquiagem estava leve, mas meus lábios estavam vermelhos. Eles ficam assim quando está frio, ficam um pouco inchados também. Eu estava praticamente da cor da bandeira do melhor time do Brasil: O flamengo. Meus cabelos vermelhos em contraste com o preto davam essa impressão.

A vigésima quinta lua (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora