Estava no mesmo galpão onde meu pai tentou me matar, Zayn entrava pela porta e me olhava com os olhos brilhando. Papai vinha logo em seguida. Fechei os olhos para disfarçar e os escutei conversar.
- Tentei matá-la e falhei. Seria um erro derramar o sangue de minha própria filha, mas não tenho escolha. Temos que cortar as ervas daninhas para que não contamine mais pessoas. Não poderemos deixar que ela procrie e que eu tenha herdeiros ímpios. – disse papai, olhando para Zayn.
- Terei que matá-la? – perguntou.
- Sim, você terá! – levantou a blusa e mostrou uma tatuagem, a mesma que vi nas costas de Zayn quando estávamos no deserto. – Você fez o juramento ao Califado e como meu herdeiro sucessor, terá que comandar os nossos homens depois que eu morrer.
- Sei que fiz o juramento ao Califado, senhor. Farei de tudo para honrar a minha promessa ao nosso ideal. Mas agora, ser seu sucessor? Liderar? Prefiro agir pelos cantos, sem que ninguém perceba minha presença. – reivindicou Zayn.
- Você não tem escolha. Terá que tomar a direção das coisas. – papai olhou nos olhos dele. – Você é meu filho e terá que ocupar o seu lugar. – pegou em seus ombros. – Mate-a, você não tem escolha.
- Sou seu filho? – fez cara de assustando.
- Mate-a!
Zayn ia correndo para cima de mim quando acordei sufocada, como se estivesse morrendo afogada. Parecia que alguém havia tentado me sufocar, mas quando abri os olhos não tinha ninguém lá. Eu estava no meu quarto, frágil, sozinha e vulnerável.
Os pesadelos me tomaram a mente naquela noite. Levantei de uma vez e coloquei a mão no coração. Estava tentando respirar fundo mas não conseguia achar o ar. O desespero tomou conta de mim e minha respiração começou a ficar mais agitada, tudo ficou preto e pensei que fosse desmaiar.
Estava acontecendo de novo, eu estava perdendo o controle de mim como da última vez. Os maus pensamentos surgiam como ondas em minha cabeça e não era sempre que eu podia controlar. E quando tentava, eles viam em forma de sonho para me atormentar.
Levantei rapidamente da cama e procurei por um copo de agua, mas não encontrei. Ainda estava muito assustada. Olhei no relógio e eram cinco e meia da manhã de sábado.
Abri a porta para ir até a cozinha e de repente comecei a escutar barulhos e gritos vindos do lado de fora. Homens batiam na porta como se fossem derruba-la.
- Abram, abram ou iremos arrombar. – um deles gritou, em tom de ameaça.
Me assustei e corri para colocar o sofá contra a entrada. Um deles chutou mais forte e quase vi a porta quase cair em cima de mim.
Recuei e, quando olhei pra trás, vi Tom e mamãe correndo para mim. Ele me pegou no colo e fez gesto para que mamãe o seguisse. Entramos no meu quarto e escutei a porta da sala cair no chão. Eles tinham arrombado.
Escutava várias vozes. Supus que eles eram muitos. Um deles tentava abrir a porta do meu quarto enquanto Tom tentava tranca-la. Vi os dois disputarem força e um dos terroristas quase conseguiu abrir, mas Tom foi mais forte.
- Abram ou arrombaremos essa porta também. Vocês não podem conosco. Somos centenas. – um deles gritou, em um francês carregado de sotaque.
- Saiam daqui. Nos deixem em paz. – gritei. Mamãe tampou minha boca.
Tom conseguiu trancar a porta, mas não era o suficiente. Cedo ou tarde eles iriam arrombar.
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A vigésima quinta lua (COMPLETO)
RomanceEssa é a história da jovem católica Nicole, que vivia uma vida tranquila até começar a trabalhar em um café no centro de Paris, onde conheceu um jovem muçulmano que passou a atordoar todos os seus dias. Medo, horror, desejo e mistério era o que o h...