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Acordei com o sol batendo na minha cara, estava tão quente que podia jurar estar dentro de uma panela de pressão prestes a explodir. Tentei olhar para cima, mas a claridade estava quase me impedindo de abrir os olhos.

Esfreguei a mão no rosto e finalmente consegui fazer minha retina se acostumar com a luz. Olhei para o meu redor e vi que estava sozinha dentro de uma barraca. Ela era beije e razoavelmente grande. Podia jurar que cabiam mais umas quatro pessoas dormindo ali.

Levantei e notei que podia ficar em pé dentro dela. Calcei a bota e segui em direção a saída, desnorteada. Parecia que estava meia drogada, ou chapada, sei lá. Quando abri o zíper tomei o maior susto da minha vida. Olhei para o horizonte e as únicas coisas que vi foi o céu e muitas dunas de areia. Sem contar com o calor, devia estar fazendo mais de 35 graus.

Sai da barraca e percebi que, ao lado direito, havia uma pequena tenda com uma mesa, duas cadeiras e um isopor. Próximo a ela tinha uma bancada improvisada com caixas de madeira e, sobre ela, alguns pães sírios e uma jarra com agua.

Sai correndo e, sem pensar em nada, me sentei. Tomei a agua como se dependesse daquilo para sobreviver. Olhei para frente e vi um prato sujo com farelos, alguém com certeza acara de comer ali.

Depois de beber a agua comecei a cair em si e o desespero tomou conta de mim. Eu estava sozinha, no meio de um deserto qualquer e completamente desnorteada.

Voltei para a barraca, peguei um lençol e levei para de baixo da tenda. Estendi no chão ao lado da mesa e tentei me refugiar no pouco de sombra que restava a baixo dela. Olhei para frente, observei a areia e tentei me lembrar o que havia acontecido no dia anterior.

- Meu Deus! Fui sequestrada ontem de manhã em Oslo. – me levantei desesperada. – O que estou fazendo aqui? Onde estou? – comecei a andar de um lado para o outro.

Me sentei novamente no lençol e coloquei a mão no rosto. – Quanto tempo fiquei desacordada? – falei em voz alta. Eu me sentia meio zonza e meio ressaqueada.

Depois de refletir tudo o que havia acontecido comecei a me desesperar ainda mais, sai correndo pra frente e não vi ninguém, a única coisa que encontrava era areia e mais areia, cai no chão de cansaço e resolvi voltar para a barraca quando o sol começou a me ferver.

A bota se enterrava na areia e dificultava ainda mais o meu andar. A corrida no sol me fez voltar ainda mais para a realidade. Me belisquei para ver se não estava sonhando e me lembrei de ir atrás do meu celular, mas segundos depois me recordei de que minha mãe o havia confiscado.

Corri para a barraca e não achei minha bolsa. Meu relógio estava jogado ao lado do travesseiro. Quando olhei para ele notei que eram oito horas da manhã de quarta-feira.

- Não acredito! Fiquei quase vinte e quatro horas desacordada? – fiz cara de espanto. – Como? Será que me drogaram? – falei para mim mesma enquanto tentava respirar naquele forno.

Sai de dentro dela e corri para pegar o jarro de agua. Coloquei o recipiente de barro na boca e, de forma desespera, terminei de beber o resto da agua que ainda estava lá estava. Sentei no lençol e comecei a observar a areia. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Eu, sozinha e ainda no meio do nada. Será que queriam me torturar antes de me matar?

Abaixei a cabeça e comecei a chorar. De repente escutei um barulho e levantei os olhos subitamente. Quando olhei para frente pensei estar sonhando. Lá estava ele, lindo como sempre, sem blusa em cima de um Camelo branco. O sol batia nos olhos verdes fazendo-os brilhar ainda mais.

A vigésima quinta lua (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora