No domingo acordei bem cedo. O dia começou chuvoso e a primeira coisa que vi foram os olhos de Tom.
- Aceita um café da manhã, senhorita? – colocou a bandeja em meu colo, enquanto eu tentava me ajeitar na cama. O tabuleiro era grande e estava cheio de pães de batata, com muitos frios, roscas e geleia. Além disso, Tom não tinha se esquecido do bom e velho leite com chá. E também o cafezinho para digerir, é claro.
- Estou sem fome. – disse ao olhar para o banquete. – Estava realmente com saudade da comida daqui, mas estou sem fome.
- Você não quis comer nada ontem no jantar, não quer comer nada agora. Está pálida, Nic. Você precisa que comer.
- Não estou conseguindo! Não tem como comer sem ter vontade.
- Sua mãe me contou que desde quando terminamos você mudou bastante. Não comia mais direito e as vezes ficava trancada no quarto sem querer a presença de ninguém. – começou, se aproximando ainda mais de mim. – Me desculpe por ter feito tão mal a você. – Colocou suas mãos nas minhas. – Há algo que eu possa fazer para reverter isso?
- O problema não é você, Tom. – tirei as mãos das dele. – Sofri muito quando te perdi. Você foi o meu primeiro amor. Foi pra você que me entreguei a primeira vez. – disse, com cara de pesar. – E acho que foi isso o que mais me machucou. Eu pensava em fazer isso somente com a pessoa que fosse passar o resto da vida comigo. Mas agora não é esse mais o meu sofrimento maior. O meu maior sofrimento é a confusão que está na minha mente. Não tem mais nada a ver com você!
- Sinto muito... – tentou começar.
- Não, não diga nada. Nunca tive a oportunidade de dizer pra você tudo o que queria. – tirei a bandeja do meu colo. – Te amei demais. Pensei que seria o único homem da minha vida. – tampei meus olhos com as mãos. – Ah... Como eu era inocente.
- Nicole.... – tentou se aproximar ainda mais. – Se soubesse o quanto eu me arrependo. Se soubesse como eu lamento por não estar com você até agora. – colocou as mãos na minha perna. O lençol branco impediu que ele tocasse minha pele.
- Não precisa lamentar. Já passou muito tempo e hoje sou outra pessoa. Você sabe o quanto já fui tradicional. Minha mãe sempre foi católica e sempre me ensinou a amar somente um homem. E você, Tom.... – olhei nos olhos dele. – Foi o homem que eu tinha escolhido para chamar de meu. – Mas hoje eu mudei, sou outra pessoa.
- Mas você disse que não queria nada comigo no início. Disse que não queria se apaixonar. Que ainda tinha muito o que conhecer. – fez cara de interrogação. – Pensei que não fosse o tipo de mulher que se importasse muito com isso.
- Tá vendo, Tom? Ficou tanto tempo comigo e mal conhece meu coração. – me chateei. – Eu sempre disso isso mesmo. E era verdade. Eu queria curtir muito antes de conhecer o homem que seria o amor da minha vida. Mas com você aconteceu, não pude evitar. Mas mesmo assim, antes disso, sempre tive meus limites. Sempre fiz somente aquilo que achava certo. E iria continuar assim, curtindo dentro do meu limite até o dia que o homem certo aparecesse.
- E eu era esse homem certo? – vi lagrimas tentando descer em seu rosto branco.
- Não, você não foi... e era isso que eu temia. Foi por isso que resisti no início. Mesmo tendo acontecido o que aconteceu entre nós eu queria esquecer. Tinha medo de sofrer. Você morava longe, tinha uma ex. Eu não queria um homem que já tivesse pertencido a outra. Não na carne, mas no amor. Naquela época eu achava que só podia amar um homem, mas hoje descobri que não.
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A vigésima quinta lua (COMPLETO)
RomanceEssa é a história da jovem católica Nicole, que vivia uma vida tranquila até começar a trabalhar em um café no centro de Paris, onde conheceu um jovem muçulmano que passou a atordoar todos os seus dias. Medo, horror, desejo e mistério era o que o h...