Capítulo 27

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Narradora:

Os pais de Ana não queriam saber muita coisa, a única conversa que eles teriam depois seria sobre a gravidez, pois no momento eles querem que a filha esquecesse tudo que passou e que ela tenha um novo recomeço. Tudo que Ana gosta de comer os seus pais fizeram, também deixaram a casa do jeito que ela gosta, mudaram algumas coisas, tudo que eles queriam é que Ana se sentisse em casa novamente, sem nenhuma lembrança ruim e as mudanças na casa foram pra celebrar um início de um novo tempo.

Ana assim que entrou em sua casa ficou maravilhada com tudo que via e o cheiro que sentia, fez ela perceber o quanto ela estava com saudades de tudo e pediu a Deus obrigada mais um vez. Antes da refeição seus pais fizeram uma oração e logo depois começaram a se servir. Quando acabaram Ana foi até o seu quarto que a tanto tempo não entrava, viu que havia algumas mudanças, a cor das paredes que antes tinha um branco gelo, hoje é roxa, a cama também havia mudado de lugar, ela olha o quarto inteiro até que seus olhos param em um objeto que foi o teor disso tudo o seu notebook, a sua reação foi apenas ignorar, em seus pensamentos ela jurava que nem tão cedo tocaria naquilo de novo.

Enquanto Ana estava com sua família, o delegado ainda não conseguia tirar ela de sua cabeça, pensa em tudo que ela sofreu e estar ali, forte e com uma gravidez inesperada fruto do seu pior pesadelo, ele pensa que tudo o que aconteceu com ela daria uma grande livro baseados em fatos reais e serviria também de alerta para muitas pessoas.

O delegado pensa em visita a família de Ana, mas ao mesmo tempo pensa em não o fazer, pois a família é bem conservadora e poderia estranhar a visita de repente de um homem, então ele lembra que o julgamento de Miguel mudou, invés de ser uma semana depois foi adiantado dois dias. Essa foi a deixa para ele ir até a casa da família Montenegro.

Ao chagar lá a família foi muito cordial com eles e o convidou para entrar lhe oferecendo uma água ou um café e para não dar o recado e ir embora ele aceitou um café e ficou esperando, quando todos estavam na sala ele deu a notícia e viu o semblante de Ana ficar mais branco que o normal e em segundos ela desmaiou, mas o delegado a segurou. Ele havia esquecido que ela não poderia ter emoções fortes, não demorou muito e Ana acorda, durante esse pouco tempo que ela ficou desmaiada, Matheo pode admirar ainda mais a sua beleza e agora de perto.

Ana:

Nem acredito que estou livre daquele monstro, não consigo nem explicar o quanto feliz estou, a minha felicidade é tão grande que é incalculável, mas confesso que tive muito medo de não poder nunca mais sair daquele inferno e quando finalmente consegui, tive vergonha de ver meus pais, não sabia como eles me tratariam, afinal de conta eu fui a errada e não sei o que eles devem estar achando de mim, mas sei a saudades que estou deles.

Bruna não sabe, mas sempre que ela conversava comigo eu sentia e a ouvia, mas não conseguia falar, nesse tempo em que ela cuidou de mim eu sentia como se Deus tivesse enviado alguém pra cuidar de mim. Eu não tenho como agradecer tudo o que fez por mim.

Esses dias aqui fora pude ver tanta coisa e sentir que apesar de tudo meus pais me amam, queria voltar no tempo e fazer tudo diferente, mas infelizmente não existe um botão reset na vida. Aqui estou eu, pensando no meu futuro e no meu presente, tenho uma vida crescendo dentro de mim, mas parece que todo o meu conceito de achar o aborto errado estar indo embora, a cada dia acredito que o aborto é a coisa certa, mesmo sabendo que se fosse em outras ocasiões eu falaria para alguém não fazer isso, tenho uma filosofia montada na minha mente sobre isso, mas estou na realidade vivendo isso e o medo me consome, não sei o que fazer, só sei que devo tomar essa decisão o quanto antes.

Olho a minha volta e vejo Bruna me olhando com um sorriso no rosto, a abraço e agradeço por tudo que fez por mim, ela estar indo fazer uma viagem com sua família, vai ficar meses fora e veio se despedir de mim, mas antes dela ir ficamos conversando e perguntei o que ela acha do aborto, ela me disse o seguinte:

- A vida é feita de escolhas e numa escolha errada podemos levar eternas marcas, o aborto é algo difícil, pois só a pessoa sabe o fardo que estar passando, não posso te dizer o que fazer, cabe a você decidir. Se o seu medo é olhar pra essa criança e ver tudo de ruim que passou, esqueça esse medo, pois você poderá criar novas histórias com seu filho ou filha, se o seu medo é de não ser uma boa mãe também esqueça, pois tenho plena certeza que será, agora se o seu medo é de não dar amor, então te aconselho a pensar.

As palavras me invadiram e tudo o que ela disse eu tenho, mas o meu medo maior é de não dar amor a essa criança, penso mais um pouco e decido que vou abortar depois do julgamento de Miguel.

Cheguei na minha casa depois de muito tempo sem vim aqui e sem saber o que é estar em casa, tudo mudou e fico feliz, pois algumas coisas me levariam ao passado e talvez me faria mau. Minha mãe fez tudo que eu gosto para almoçar, depois de comer pedi licença e me retirei, fui ao meu quarto e lá que eu tinha mais receio de estar tudo igual, pois foi exatamente lá que tudo começou, mas estava tudo diferente e eu agradeci mentalmente, mas ao olhar o notebook sentir um enjoo e logo me retirei do quarto, não quero nem tão cedo mexer nele.

Fiquei na sala pensando no que fazer pra esconder aquele notebook de mim mesma,me assusto com o barulho da campainha tocando, meu pai pede pra atender e era o delegado pedi para que entrasse, ele veio trazer notícia sobre o julgamento de Miguel e ao ouvir que eu tinha menos de uma semana praticamente para fazer o aborto eu simplesmente desmaiei, ao acordar me vejo nos braços do delegado,fico nervosa e sem pensar duas vezes me levanto sentindo uma forte tonteira, mas logo saiu dali e vou pro meu quarto, ali me tranco e fico pensando se abortar isso é realmente o que eu quero.

Sótão do medoOnde histórias criam vida. Descubra agora