O Idiota Que Me Completa | Shawn Mendes

Capítulo 22 | "Alice"

Analiso pela milionésima vez aquela pequena chave em minhas mãos, enquanto estou sozinha em meu quarto. As meninas haviam ido embora a pouco tempo e meus pais tiveram que retornar de onde tinham vindo, pois parece que minha mãe esquecera algo com alguém.

Isso queria dizer ao menos algum tempo de paz, o que estava sendo difícil ter pelas circunstâncias em que me encontrava. Fora que eu teria de me arrumar para a suposta festa que Beck e Taylor programaram me levar, mais tarde.

Então eu bufo, impaciente, deixando aquele pequeno objeto dourado sobre minha cômoda. Eu olho ao redor do meu quarto e noto o quão sombrio ele estava desde que decidi deixar minhas persianas fechadas. Mesmo que o tempo de costume fosse um pouco menos frio, do que antes sempre estava, não fazia tanto sentido manter a janela fechada por causa dele.

Vou até ela e puxo o tecido rosé, revelando certa claritude de fim do dia, em seguida abro a janela, finalmente. Nada mal.

Assim que meus olhos pousam do outro lado, através do quarto de Shawn, o vejo de costas, em pé diante a porta aberta, enquanto atendia aquela loira. A Hailey. Prendo a respiração por segundos, quando ela agarra a nuca dele, como uma predadora experiente, e sei que por aquele gesto eles estavam se beijando.

Um guincho sai de mim, e antes que ela pudesse me ver observando-os, instintivamente puxo as persianas. Me afasto sorrateiramente da janela como se ela fosse me destruir caso eu chegasse perto novamente.

Era tudo o que eu precisava ver, para me convencer de que tinha acabado.

Pouco tempo depois, ouço batidas sendo desferidas na porta de entrada. Um suor frio percorre minha nuca e engulo seco, com a única hipótese de que poderia ser aquela mulher loira atrás de mim, por ter praticamente espiado ela e Shawn.

Decido não me deixar intimidar por isso. Se quisessem privacidade que fechassem a janela, oras. Quanto ódio eu estava sentindo ao lembrar-me da cena.

Eu: Já vai! - grito ao pé da escada.

Fecho a cara para passar uma impressão de poucos amigos e abro a porta de uma vez. Dou de cara com Karen.

Karen: Olá Alice. Como vai? - cumprimenta, me fazendo desfazer a careta.

Eu: Bem e você? - retribuo. - Que... surpresa!

Karen: Estou ótima. - sorri amorosamente. - Já faz um tempo desde que nos falamos e soube que está aniversariando hoje, então resolvi vim vê-la.

Sorrio. Era tão bom saber que ela não se afastaria e que continuaria a mesma.

Eu: Entre, por favor! - convido-a, dando passagem. - Meus pais não estão no momento, mas logo chegarão.

Karen se ajeita no sofá - agora livre de todas aquelas sacolas de compras -, e eu faço o mesmo, me sentando ao seu lado.

Karen: Oh que pena! Eu gostaria muito de falar com Ann também, mas já que ela não está, posso conversar com você primeiro.

Eu: Hã, e... do que se trata? - pergunto, desconfiada.

Karen alisa suas mãos uma na outra, e me olha com um certo... cuidado.

Karen: Eu sinto muito pelo o que houve, minha querida. - confessa. - Você deve ter ficado... muito mal. Mais do que imagino que ficou ao saber do aborto, do coma... enfim.

Engulo dificilmente, recebendo aquelas palavras como porradas. Era a primeira vez que eu teria de falar sobre aquilo, tão diretamente. Não sei se estava preparada.