O Idiota Que Me Completa | Shawn Mendes

Capítulo 17 | "Shawn"

Aquele dia eu sabia exatamente de quem era, antes mesmo dos primeiros raios do sol baterem eu já estava com aquilo em minha cabeça.

Não poderia me esquecer de que era o dia do aniversário de Alice. Seria inútil eu ir até ela e tentar ser gentil para que ela pudesse esquecer por segundos o que houve, já que estava óbvio que o que aconteceu a machucou.

Mesmo querendo fazer a coisa certa, parecia que eu só fazia coisas erradas. Era um sentimento tão frustrante que crescia dentro de mim, agonizava todo o meu interior. Ainda mais quando eu me lembrava que nada mais poderia ser feito para consertar as coisas.

Saio da cama decidido a ir para o banheiro escovar meus dentes e me despertar com uma boa chuveirada, mas meus pés param logo que chego em frente minha janela. Mesmo que a de Alice não estivesse aberta eu pude ouvir que algumas pessoas cantavam a canção de aniversário para ela, pelas vozes eram seus pais, Beck e Taylor.

Uma expectativa de ouvi-la me faz ficar por mais um tempo ali, agarrado ao batente da janela, encarando as persianas em tom rosé de Alice. Mas não obtive nada além de vozes longe demais e nem isto, acho que apenas imaginei. Saio decepcionado do quarto e me enfio de uma vez no banheiro, iniciando uma tentativa desconsolável de me sentir bem com minha vida.

***

Logo que entro na cozinha encontro minha mãe, com uma calça curta musgo, uma blusa solta estampada, cabelos presos de lado em um elástico e mais focada que aqueles desativadores de bomba, como se um deslize fosse pôr tudo a perder.

Sem esboçar nada vou sorrateiramente atrás dela, na ponta dos pés, e já próximo faço um movimento para agarrá-la pela cintura.

Mãe: Vai se arrepender se fizer isso! - diz antes que minhas mãos estivessem a milímetros dela. Seu tom veio sério, mas estava nítido o sorriso que ela deu em seguida. Mesmo de costas.

Eu: Mas não fiz barulho algum. - protesto, inconformado.

Mãe: Logo você, Shawn? - zomba e ri. - Sua presença é sentida mesmo estando em outro país.

Solto um grunhido de fofura e a abraço, mantenho em meus braços mesmo quando ouço seus ataques por eu ter tirado-a do chão. Então a pouso novamente no solo e ela ajeita o avental.

Mãe: Um dia desses você vai me deixar numa cadeira de rodas, garoto. - e sorri, até mesmo com os olhos. Dou-lhe um beijo estalado na bochecha e dou a volta no balcão da cozinha.

Eu: Senti saudades de sua comida, mãe. - confesso. - Acabei enjoando das coisas que eu tentava fazer em Londres.

Mãe: E que tipo de coisas eram essas? - pergunta com os olhos espremidos.

Eu: Dona Karen, o que está pensando? - brinco. - Seu filho é um santo.

Mãe: Ah é? Pra esse santo aí eu não rezo. - rebate.

Faço ar de ofendido e levo a mão ao peito, simulando dor.

Eu: Eu não acredito que ouvi isso! Vou agora fazer minhas malas e voltar para o Reino Unido.

Finjo tomar o caminho para o meu quarto, mas em seguida volto com um largo sorriso. Escoro-me no mármore e apenas observo o café da manhã sendo feito.

O silêncio estava confortável, nada que pudesse causar um clima desagradável. Comigo e minha mãe nunca havia sido criado nada do tipo, até porquê ela sempre tinha algo para falar, assim como fez após três minutos.