O Idiota Que Me Completa | Shawn Mendes

Capítulo 75 | "Alice"

Não seria um dia comum. Eu estava decidida disso. Acordei tão bem, espreguiçando-me manhosamente, recebendo os leves feixes solares que invadiam meu quarto.

Eu não me preocuparia em ir cedo para o estágio naquela manhã, já que estávamos próximos a um feriado mundial, significativamente nos dando uma folga. Até mesmo estagiários folgariam, não podia estar mais perfeito.

Porém, estava. Saltitei na cama assim que lembrei que a casa estava em minhas mãos, me senti feito criança novamente. Se houvesse sensação mais prazerosa que aquela naquele momento, eu desconhecia. Pousando-me no chão, rumo para o banheiro iniciar minha manhã com as higienes fundamentais.

Assim que estou de frente para o espelho oval, encarando meu reflexo aceitável para alguém que acaba de acordar em um feriado e com mil e uma coisas planejáveis para um dia como aquele.

Por que não fazer algo diferente? Por que não ousar?

Meus pais, mesmo que não fossem o tipo narcisistas e rígidos demais, não estavam em casa. Voltariam daqui à três dias e passariam o resto de suas férias em Toronto mesmo.

Repentinamente desejei fazer algo parecido com o momento dos meus pais, porém com Shawn. Ter um tempo especial com ele.

Se a vida fosse desenho animado certamente uma lâmpada estaria acesa sobre minha cabeça, enquanto meu sorriso malicioso crescia em meu rosto.

Não perco tempo em entrar no box, me despindo ligeiramente, e entregando-me à água da estação de outono. Lavo meus fios, de cumprimento oscilante, com o shampoo do meu pai - já que minha mãe era a frescura em pessoa e só comprava produtos antialérgicos. Na mesma agilidade de sempre começo a lavar-me, esfregando cada canto de meu corpo até estar satisfeita com o trabalho. Então me enfio embaixo do chuveiro novamente.

Termino o banho, enxáguo o cabelo e realizo a escovação dos dentes. Pronta, saio do banheiro após pegar a toalha reserva e vou para meu quarto me trocar. Escolho um short solto com estampas animadas, uma blusa cropped lisa e seco meu cabelo.

Eu precisaria de ajuda, caso quisesse impressionar o Mendes. Queria dar à ele uma noite especial, já que a muito não tínhamos e por estar sendo planejada teria que ser impecável. Ou no máximo, inesquecível.

Vou a procura do meu celular e ligo para a única pessoa que entendia daquilo. Olho pela minha janela e penso nas Mendes, mas o pudor em excesso me paralisou e eu não tinha esse problema com Beck.

  Beck: Fala puta! - atende, com a voz grogue de sono. Acho que acordei ela, mas fui poupada pelos insultos. Entretanto nada delicada ao atender.

  Eu: Spencer, preciso da sua ajuda! - digo, saindo do quarto rumando para a sala, na intenção de chegar à cozinha e comer.

  Beck: É algum caso de vida ou morte? - questiona. Ela acaba de bocejar alto, me fazendo afastar o celular.

  Eu: É caso de amor mesmo. - após responder contorço a cara. Aquilo não me ajudaria a conseguir a ajuda da ruiva. - Digamos que, hoje eu esteja pensando em... inovar. Surpreender.

  Beck: Hum. - resmunga. Se eu bem a conhecia ela nem estava ouvindo.

  Eu: Beck! Vamos, por favor! Preciso de você, merda.

  Beck: Tá. Pelo visto é caso de morte, já que terei o imenso prazer de te esfaquear. - reclama. - Pelo amor de Deus, Alice! São 7 horas da manhã, vagabunda.

  Eu: Nunca é cedo demais para se ajudar a amiga inexperiente. - brinco, soltando uma risadinha de ânimo à ela.

Após um incontável tempo ela suspira através da outra linha.