Capitulo 2

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Chego cansada em casa e ouço meu telefone tocar.
-Jade? Desculpa te ligar a essa hora, mas é que eu já achei o barraco pra você ficar, já tá alugado para você, se quiser, já pode começar logo amanhã, mas fica tudo ao seu critério. Diz o tenente
-Ah, não tem problema, eu vou amanhã sim, mas antes passo no distrito e arrumamos as coisas.
Ele se despede e deito na minha cama, já cansada, sem ao menos tomar um banho.

Amanheço com meu despertador irritante tocando. Droga, já são quase 10:00, eu preciso tomar um banho e me arrumar, já devia estar no distrito a muito tempo.
Tomo um banho rápido, e coloco uma roupa simples, calça e blusa e faço minha mala rapidamente.
Saio de casa correndo e chego ao distrito, todos estão lá, me esperando, aflitos, pensando que eu havia desistido do plano.
O tenente e Gustavo se aproximam, e toda equipe vem junto.
-Jade, vamos colocar um escuta em você, ele está dentro deste colar, se alguém perguntar, diga que é uma lembrança de sua família. Tudo o que você fizer, ou disser, iremos escutar, tudo bem?
Aceno um sim com minha cabeça.
-Bom, não iremos te dar uma arma, porque se isso vir a calhar, você poderá correr risco de vida, e não é o que queremos, o mais importante é que você sempre nos ligue, informando de todo acontecido, mesmo estando a escutar tudo, é sempre bom ter uma segunda verificação. Ah, você irá se passar por uma moça pura, que nunca teve relação alguma com alguém, que perdeu a família cedo, e que precisava de um novo lugar para recomeçar, tudo bem?
-ok.
Gustavo vem até mim se despedindo, e Lorena também. Eles são as pessoas mais importantes da minha vida, eu os amo.
Me despeço do resto do pessoal, e vou até o morro do alemão. Deixo meu carro no distrito, para não haver suspeitas sobre mim, pego um ônibus e começo a seguir meu destino.
O tenente disse que deveria me passar por uma moça pura, que nunca havia se relacionado com ninguém, mas, mal ele sabe que eu realmente nunca me relacionei. Óbvio que tive namorados, mas nunca cheguei a transar com nenhum deles, eu tenho 21 anos, e depois que meus pais morreram, não consegui pensar em qualquer outra coisa, a não ser focar no meu trabalho.
Chegando no morro, vejo alguns capangas do dono do morro me encararem.
-Carne nova no pedaço. Diz um dos homens
Logo aparece um homem lindo, de olhos claros e cabelos castanhos, fiquei tão fixada que nem consegui me mover direito.

-Ô garota, da pra sair da minha frente? tá com algum problema?
Eu o encaro e vejo que fiquei tempo demais olhando mesmo.
-Ih, desculpa, não precisa ser grosso. Cada uma que me aparece, mlk doido. Saio de perto dele e continuo andando até minha nova casa, quando sou interrompida por um puxão no braço.
-Escuta aqui, mina, tu acha que falando com quem? com os macho que te comem? Eu sou o dono disso tudo, se ficar batendo neurose eu meto bala em você.
Então é esse miserável que é o dono do morro? Mas que ridículo. Meter bala em mim? Ah, deixa ele tentar pra vê se não leva umas também. Mas banco a louca e volto ao meu papel.
-M-me desculpe, e-eu não sabia que você era dono disso tudo.
-Ue? não tava toda marrenta pra cima de mim até agora pouco? agora tá aí se tremendo de medo?
-Desculpa, eu vou indo, me desculpe. Digo fingindo estar intimidada, quando na verdade queria mesmo da um soco na cara desse marrento.
-Mete logo o pé daqui, to com paciência pra mina doida hoje não, vamo embora Henrique, saporra tá dando no saco.
Saio correndo dali fingindo medo, chego no endereço que o tenente mandou. Até que a casa é bem simpática, pensei que seria pior, mas tudo bem também.

Ligo para o Gustavo e ficamos horas conversando. Ele me entende bastante, me conhece mais do que eu mesma.
Desligo a chamada e tiro o colar, deito em minha cama e adormeço rapidamente.
Acordo assustada com alguém batendo fortemente na minha porta, desço as escadas correndo e vejo um homem com um fuzil gritando impacientemente.
Atendo a porta e ele sai entrando sem ao menos pedir licença.
-Bom dia. Disse
ele me olha com um tom malicioso e pergunta:
-Tu é a mina que se mudou pra cá ontem? nova moradora?
-Sim, sou eu, por que a pergunta?
-Diego quer falar com você, se arruma logo e vai pra boca em 10 minutos.
-Diego? quem é Diego?
-Caralho mina, tu só pode tá de caô com a minha cara. DIEGO CARALHO, DONO DESSA PORRA TODA, AGORA FAZ O FAVOR DE SE ARRUMAR RÁPIDO, AGORA TU SÓ TEM 5 MINUTOS, ANDA PORRA. Ele grita e eu subo rapidamente as escadas e tomo um banho correndo.
-Bora caralho, tenho todo tempo do mundo não garota. ele grita.
Pego a primeira roupa que vejo e passo um batom e rímel, não gosto de sair sem maquiagem.
Desço as escadas e saio sendo arrastada pelo capanga, tento puxar assunto com ele, mas ele não me responde nada simpático, este não é o mesmo que estava ontem com o Diego, é um cara diferente.
Quando chegamos, ele me empurra até a porta.
-Juan, até que enfim caralho, já não aguentava mais esperar, não mandei tu buscar essa mina logo? tá achando que eu sou o que?
-Foi mal, chefia, foi a mina que demorou aí, se arrumou toda pra vir pra cá.
É, esse não é mesmo o que estava ontem, pelo o que eu ouvi, o outro era Henrique, mas fodase também.
-Senta. Diego manda com uma voz raivosa.
-Não precisa, estou bem em pé
-SENTA CARALHO, JÁ MANDEI.
sento-me e ele começa a passar a mão em meu rosto.
-Bom, vi que você é nova no pedaço, é bonita, gostosinha também, e eu to precisando de uma amante nova na casa rosa.
-Casa rosa? o que é casa rosa?
-Aí garota, tu tá brincando né? mas como tu é novata aqui, vou ter a boa paciência. A casa rosa é o local onde guardo todas minhas amantes, no total 5, e preciso de uma 6ª, já to cansado das mesmas fodas sempre. Você terá tudo lá. Dinheiro, comida, lugar pra dormir e morar, claro, em troca dos seus serviços, se é que me entende. Topa?
-É, me desculpa, m-mas eu não sou de fazer essas coisas, e-eu nunca transei na vida
ele me olha com um olhar irônico e logo fala:
-Você? virgem? conta outra ne. Aceita logo essa porra e para de viadagem.
-Eu não estou mentindo, é a mais pura verdade. Me desculpa, não posso aceitar algo desse tipo...
-Aí, fala sério. Só vou te dar uma colher de chá porque você é nova aqui, mas sai logo da minha frente. Ele me diz olhando irritado.
Saio dali correndo, e entro na minha nova casa que nem o flash. Meu deus, eu não aguentaria isso, ser amante? Tá fora de cogitação pra mim, ainda mais ficar vendendo minha virgindade desse jeito, não sou qualquer uma, se bem que ele é muito gato né, OPA, Jade, para de pensar assim, ele é um criminoso, C R I M I NO S O, com todas as letras, nunca que eu encostaria naquele cara, por nada desse mundo.
Tenho que pensar em outra forma de entrar nos esquemas dele, mas não assim, não mesmo. Ligo para Gustavo e conto o que aconteceu, ele diz que eu estaria me arriscando, mas que eu precisava ficar bem mais próxima, e aquele jeito seria o melhor deles, talvez ele tenha razão, mas não vou pensar nisso agora.
Já são quase 14h e eu ainda não consegui comer nada, esse plano tá me deixando cada vez mais aflita, e o fato de eu NECESSITAR de um emprego. Sério, não da pra ficar à mercê dos outros, certo que a ideia do plano foi minha, e eu que to correndo todo esse risco, mas o distrito não pode ficar me bancando, eu tenho que arranjar algum emprego aqui, qualquer um. Saio de casa determinada e vou a cada estabelecimento que havia naquele morro, mas infelizmente nenhum tinha vaga. O único lugar que achei, era o salão de beleza, mas só na área de manicure, e a última coisa que eu tenho, é jeito pra fazer unha. Saio entristecida dali, mas logo dou de cara com o um bar, entro nele quase que desesperada, mas com um ar de "EU VOU CONSEGUIR, NINGUÉM ME SEGURA".
-Oi menina, posso ajudar? Diz um senhor com uma aparência cansada, mas com um sorriso enorme no rosto.
-Oi, boa tarde, é que me mudei para o morro ontem, e gostaria de saber se não tem vaga para alguma coisa aqui, QUALQUER COISA. Digo quase implorando. 
Ele me olha com um enorme sorriso no rosto e diz:
-Ai, Deus ouviu minhas preces. Claro, menina, tenho um emprego aqui como garçonete, não tenho muito a te pagar, mas acho que até você encontrar algo melhor, está bom...
-Claro, eu ficaria muito feliz se o senhor pudesse me contatar. Quando posso começar?
-Bom, se quiser pode ser amanhã. Como você pode notar, a clientela está baixa hoje, e consigo atender sozinho.
-Ah, tudo bem...que horas começo amanhã?
-Comece as 10, ok? E definimos seu horário de saída amanhã. A propósito, qual seu nome?
-Claro, tudo bem para mim. Bom, me chamo Jade, e o senhor?
-Senhor está no céu, menina, sou Severino, muito prazer. Ele aperta minha mão e rir.
-Desculpe, senhor, quer dizer, Severino. Prazer, até amanhã então. Digo saindo saltitante dali. Ele me parece ser uma pessoa boa, lembra meu pai, humilde e sempre feliz, aí que saudade dele...logo afasto meus pensamentos, e desço pra comprar algum lanche pra eu comer. Vou a uma lanchonete ali perto e peço um podrão daqueles, peço para que coloquem para viagem e sigo para minha casa, mega contente por ter conseguido um emprego, mas logo essa felicidade toda acaba assim que tropeço e caio em cima do Diego, derrubando meu lanche todo.

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