Capítulo 10

1.4K 116 1
                                    

Em outro momento eu brigaria horrores com a Juliana, mas eu não tava com cabeça pra isso. Apenas a olhei com uma cara feia e segui subindo para o meu quarto. Tranquei a porta e pude ouvir o chamado da Cristal, mas apenas fingi que não era comigo. Fiquei horas me olhando no espelho para ver todas as marcas que esse merda tinha me deixado.
Eu ainda to sem acreditar em tudo o que aconteceu. Diego parecia ser uma pessoa legal, e por mais que tenha me feito vir para esse lugar, ele nunca havia encostado o dedo em mim, até ontem.
Passei o dia inteiro no quarto chorando e me lamentando por tudo, tentei ligar para o Gustavo, mas ele não me atendeu. Achei esquisito, mas o tenente me garantiu que ele tava bem, apenas com vontade de ficar sozinho.
A noite as meninas começaram a se arrumar para mais um dia de baile, mas eu não estava em condições, e disse que se o Diego reclamasse de algo, que ele viesse aqui e me batesse mais, Cristal apenas assentiu e disse que falaria com ele.
Todas as meninas estavam de saída e óbvio que a Juliana perdeu a oportunidade de ficar calada, mas apenas ignorei, até porque, como dizia minha mãe, "a indiferença é o pior dos sentimentos", e foi esse gostinho que eu dei pra essa cobra venenosa.
Tomei mais um banho longo, mas dessa vez gelado, tava fazendo um calor do inferno, então só coloquei uma camisola de seda bem fininha. Como não tinha nada pra fazer, fui pra cozinha e fiz uma pipoca doce e uma de sal, sentei no sofá e pus um filme de ação na Netflix.
Já era quase 2:00 da manhã, e o filme tinha acabado, e junto minha maravilhosa pipoca. Escolhi outro filme e deixei pausado para fazer mais um montinho da melhor pipoca do mundo, sério, eu arrebentava. Tirei do fogo e coloquei novamente na vasilha, o leite condensado tinha acabado, então comecei a caçar no armário.
-Jade, jade. Sabia que é maldade empinar essa bunda maravilhosa perto de mim?
Escuto palavras bastante emboladas, acompanhada de uma voz masculina, e pulei com o susto que levei a pouco. Olho para trás e vejo Diego, minha expressão de susto se transforma em ódio e passo direto o empurrando.
-Opa, acha que pode se distanciar de mim rápido assim?
-Diego, me deixa em paz, eu to aqui de boa assistindo meu filme, só me deixa quieta, por favor.
Ele começa a gargalhar e eu apenas esboço minha maior cara de pão pra ele.
-Te deixar em paz? Não foi você mesma que me disse que você só servia para ser minha puta? Então vamo, fica de quatro aí que quero socar bastante na sua buceta.
-Da pra você pelo menos me respeitar? Você me deu a maior surra ontem. Eu to toda doída, com dificuldade até pra andar, e você jura que vai ser mais monstro do que já tá sendo? Sério? Digo gritando.
-Jade...olha, foi mal, eu...eu...
-Não fala nada, Diego, só me deixa quieta. Quer saber também? Perdi a vontade de assistir o filme, pode ficar aí, aproveite a melhor pipoca do mundo. Lanço uma piscadela e começo a subir as escadas quando sinto um puxão pelo meu braço. Meu corpo se choca com o de Diego, e logo minha respiração começa a ficar mais intensa.
-Você sabe que assim só tá me afastando cada vez mais de você, né?
-Jade...eu não sou esse tipo de pessoa, eu quero você aqui, comigo. Eu não consegui te ver com aquele mauricinho, e foi por isso que deu aquele b.o todo. Por favor, me dá uma chance, me deixa cuidar de você.
-Desculpa, Diego, tarde demais para isso. Subo as escadas correndo e tranco a porta. Ouço sua respiração por trás da mesma e vou me arrastando até chegar no tapete. Choro baixinho até pegar no sono.
Acordo com batidas frenéticas na minha porta, olho no relógio, e são exatamente 4:00, abro a porta com uma cara de sono e fico bege quando vejo Diego bêbado com o rosto ensanguentado.
-Ei, ei, o que aconteceu? Diego, me fala, o que houve? 
Ele disse bastante, mas eu não entendi nada, ele tava bêbado o suficiente para trocar e embolar as palavras. Puxo o mesmo para o banheiro e ligo o chuveiro, tiro seus sapatos, sua blusa, e sua calça, apenas o deixando de cueca. Empurro Diego pra dentro da água fria,  e ele senta no chão.
-Ta melhor?
-To. Ele encara o chão por alguns segundos e depois começa a me fitar, finjo demência e saio do box.
-Voce consegue tomar banho sozinho?
-Agora consigo.
-Ta.
Saio do banheiro e seco minhas pernas que estavam molhadas. Ligo o ar condicionado e deito na cama esperando ele sair dali. Diego sai do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, e a outra secando o cabelo. Mas que filho da mãe, tinha que ser sexy assim?
-Gosta do que vê?
-Gosto ainda mais quando não tenho que ver.
-Até parece. Ele joga a toalha molhada que estava secando o cabelo em cima de mim, e eu automaticamente reviro os olhos. -É...queria te agradecer por ter me ajudado.
-Não há de que, se bem que essa bebedeira toda foi curada rapidamente. Lanço um olhar suspeito para ele.
-Pois é, com uma enfermeira dessa, até o mais difícil fica fácil. Diego lança um sorriso doce pra mim, e eu retribuo. -Vou indo nessa, valeu aí de novo.
-Tudo bem. Deito na cama e viro de lado contrário ao da porta. Mas logo sou interrompida por um beijo no pescoço e um pedido de desculpas sussurrado no pé do meu ouvido. Sorrio e fecho os olhos deixando o sono me possuir.

Fora da lei Onde histórias criam vida. Descubra agora