PARTE II CAPITULO 6

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JADE NARRANDO

-Eu acho a coisa mais ridícula do mundo pessoas que ficam ligando pra gente e não falam nada! Que saco, parece que não tem o que fazer. -Falo alto suficiente para Peter e metade do prédio ouvir.
-Calma, Jade. Quem te ligou?
-Se eu soubesse quem era, não estaria aqui reclamando, né? -Bufo alto.
-Eita, pra que esse fora? Só queria ajudar...
-Ai, amor, desculpa! To mega estressada. Hoje o dia foi longo demais. Encontrei uma pessoa que parece muito com alguém que já conheci, me atrasei para buscar o Nicolas, e inclusive to me sentindo uma mãe péssima! Parece que nunca estou presente em absolutamente nada na vida do meu filho, eu não to conseguindo ser mãe e editora chefe de uma revista de moda. Isso tá sendo super impossível!
-Amor, é? Então quer dizer que estamos dando um passo a mais? -Peter da um sorriso bobo
-De todas as coisas que eu disse você só conseguiu escutar isso mesmo? Sinceramente, Peter...foi só expressão, modo de falar, eu to meio nervosa, sei lá! Mas você sabe que o que temos é... -Peter me interrompe e completa a frase como algo combinado.
-Apenas sexo. Sim, eu sei. Não precisa ficar me lembrando toda hora.
-Desculpa, mas você sabe que não dá pra me envolver.
-Jade, eu escuto isso há 4 anos. Não é possível que você não tenha alimentado nem sequer um sentimento por mim.
-Foi mal, Peter, é que...
-Não precisa falar mais nada, sério. Eu estive sempre aqui por você. Sempre te ajudei, fui um bom amigo, um ótimo "parceiro" e não só sexual. Eu amo você, Jade, mas se você não sente o mesmo, eu não posso mais ficar me iludindo. Cansei de tentar e não receber nada em troca. Não me liga mais pra nada. Da um beijo no Nic por mim.
Peter sai andando e bate a porta tão rápido que nem consegui falar alguma coisa. Mas sinceramente? É melhor assim, não dava mais pra gente ficar junto. Eu ainda amo o Diego, e ficar iludindo o Peter desse jeito não é nada legal. Ele é um cara incrível e merece tudo de bom. Sou grata por todas as coisas que ele fez por mim, mas não dá pra gente ter um relacionamento.
Tento novamente ligar para o número, mas só parece que ele não existe. Saco!

No dia seguinte

Hoje graças a Deus é minha folga! A semana de moda tá chegando e to ficando maluca, preciso relaxar e sair um pouco com meu filho, to me sentindo uma péssima mãe, então hoje vou ao shopping e deixar ele se divertir muito, Nicolas precisa disso! Tento ligar para Peter, mas ele não atende de jeito nenhum! Sério que vou precisar usar o outro telefone? Começo a discar o número dele e o telefone começa a chamar, glória a Deus.
-Alô?
-Olha, não desliga, por favoooor! -Digo suplicando.
-O que você quer? -Peter me responde com uma voz indiferente.
-Poxa, Peter, não me trata assim. Eu sei que não somos o que você sempre quis, mas você é o cara mais importante na minha vida. Tu sempre me ajudou em todos os momentos que eu precisei, sou extremamente grata por tudo que você fez por mim, mas infelizmente não posso te corresponder em relação a um relacionamento amoroso. De verdade, me desculpa, eu nunca quis te magoar.
-Jade, eu sei o quanto você é uma pessoa boa e com um ótimo coração, mas infelizmente isso me magoou. Você não sabe o quanto é querer uma pessoa e ela não sentir o mesmo por ti, é super desanimador. Eu juro que tentei te entender até hoje, só que sei lá, é foda pra cacete, e parece que todo esse tempo que a gente ficou junto não significou exatamente nada pra você.
-Peter, é claro que significou. Óbvio que não te amo como namorado, sempre deixei muito específico o que eu queria, meu intuito aqui nunca foi te magoar, só quero te pedir perdão. O Nicolas ama você, tu sabe disso. Vira e mexe ele te chama de pai, e eu sei o quanto isso significa pra você. Hoje é meu dia de folga, vou sair, passear um pouco com o Nic, vem com a gente. Você sabe que ele tem poucos amigos e corta muito meu coração quando ele se sente sozinho...
-Cacete, Jade. Sério, eu só vou por ele. Ainda estou muito magoado, não vou conseguir te perdoar tão fácil assim.
-Eu sei, e nem vou ficar te cobrando sobre isso. Saímos daqui às 19h00 em ponto. Vamos no meu carro ou no seu?
-Você é uma babaca, hein. Tá bom, Passo aí às sete. Tchau, até logo. -Peter desligou na minha cara e eu nem consegui responder, mas pelo menos ele aceitou, só eu sei o quanto Nicolas gosta dele.

                       Horas depois

-Nicolas, filho, vai se arrumar logo. Daqui a pouco o tio Peter vai passar aqui pra buscar a gente. Hoje nós vamos nos divertir demais!
-Pela, mamãe. Aonde nós vamos? -Nicolas me olha com uma carinha muito curiosa.
-Vamos ao shopping, amor. Eu sei o quanto você ama aquele espaço de jogos.
-Eba, mamãe, não acledito. Sala de jogos, uhul. Já to indo plo banheilo tomal meu banho.
-Ta bom, meu filho. Vai lá, já enchi a banheira pra você, todos os brinquedinhos estão lá dentro, daqui a pouco a mamãe já está indo lá. -Dou um beijo na sua testa e ele vai correndo todo empolgado tomar banho.

Diego narrando

É, eu meio que stalkeei um pouquinho a Jade. Porra, consegui achar algumas coisas dela e caralho, ela tá viva, vivíssima. Trabalha em uma revista incrível de moda e tá linda! Tem um filho muito fofo por sinal. Mas não encontrei nenhum indício de relacionamento. Será que ela é mãe solteira? Sei lá... eu também não consegui encontrar nenhuma rede social dela, e isso é meio esquisito, já que ela é editora chefe de uma das maiores revistas de moda do mundo. Mas enfim, na real eu não sei nem o que dizer. Eu achei que ela tivesse morrido, foram quatro anos de sofrimento. Quatro anos de dor, quatro anos me sentindo solitário e totalmente perdido. Ela não pensou em mim nenhum minuto sequer? Ela ia se casar comigo, a gente tava junto. Eu queria construir uma família com ela, e ela só mentiu pra mim. Ela não era nada do que eu imaginava. Será que ela fingiu tudo aquilo? Será que ela me amava de verdade? Será que ela era Jade? Nossa, eu tenho tantas perguntas e nenhuma delas tem uma resposta. Eu preciso ligar pra ela, eu preciso falar com ela. Pego o número que encontrei e imediatamente ligo pra Jade. Uma voz um tanto curiosa me atende, respondendo-me com um alô. Eu paraliso e não consigo falar exatamente nada. Desligo o telefone e deixa isso pra lá, eu preciso esquecê- la.

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