Fora da lei

Capítulo 26

DIEGO NARRANDO 

Quando percebi que Jade estava insconsciente nos meus braços, veio um flash enorme na minha cabeça de todos os momentos que já passamos juntos, e tudo o que já fiz ela também. A Jade é um mulher incrível, e nem se eu quisesse, conseguiria não me apaixonar por ela. Seu jeito doce, mas ao mesmo tempo durão cativa todos a sua volta. E só de imaginar que eu já causei tantos problemas e dores a ela, me sinto cada vez pior.

Cristal teve que acompanhá-la no hospital, infelizmente não posso me arriscar mais. Tudo o que eu mais queria era vê-la, sentir seu perfume, olhar para aqueles olhos azuis lindos que traz uma paz tão grande a mim. Eu a amo. E tive que passar por tudo isso para descobrir. Mesmo negando todos os meus sentimentos, pude sentir isso agora quando a quase perdi.

Passei o dia todo no quarto chorando, e tentando saber alguma notícia sobre ela. Todos me dizem que ela está bem, mas não sei, eu não consigo acreditar de forma alguma. Sinto um aperto enorme no meu peito, como se algo de ruim estivesse acontecendo com ela.

Desço até a sala para comer alguma coisa. Todas as meninas se encontram juntas, com uma carinha triste, menos Juliana, que parece estar feliz com o acontecido a Jade.
-Vixi, gente. Acho melhor vocês prepararem uma cara melhor, porque daqui a pouco, é no enterro dela que vocês vão.
Ela começa a gargalhar de forma cruel, e todas as meninas olharam para mim perplexas, como se estivessem esperando algo.
-Juliana?
-Fala, meu gato!
-Sobe para seu quarto, arrume suas coisas, e dê o fora daqui.
-Oi? Como assim? Você não pode me expulsar!
-Posso, como já fiz. Por favor, anda antes que eu faça algo pior com você.
Ela sobe as escadas correndo, e não consigo sentir pena dela de forma alguma. Juliana sempre foi uma pessoa maldosa, sempre vivia fazendo comentários ruins, ou implicando com a Jade. Mas a partir de agora não irei mais tolerar essas coisas. E pra mim, esse comentário foi a gota d'água.

Depois de alguns minutos, ouço o alvoroço de todas as meninas, e quando me dou conta, Cristal tinha chegado. Ela começou a falar antes mesmo de eu perguntar qualquer coisa, mas acho que ainda não tinha notado minha presença. Ouço tudo atentamente quando ela diz que a Jade tá em coma. Fico extremamente surpreso com isso, e como a Cristal não pode me contar?
-Como assim a Jade tá em coma?
Cristal me olha pálida, e surpresa por eu estar aqui.
-Calma, Diego, eu posso explicar.
-Calma? COMO VOCÊ PEDE PRA EU TER CALMA SE A MULHER QUE EU AMO TÁ EM COMA?????
Ela parece estar surpresa com o que eu acabei de dizer, e da um sorriso de canto.
-Ela tá bem, eu juro! Ela só está ainda muito cansada, pois passou por uma longa cirurgia, e uma transfusão sanguínea. Ela só precisa de tempo, relaxa.
-Meu deus, e você não me disse nada?
-Eu só não queria que você ficasse assim, Diego. A Jade precisa de você. Mas não dessa forma. Você deve ficar calmo e paciente. Ela vai precisar de alguém que a apoie, não que a aflita cada vez mais. Só mantenha a calma...vai ficar tudo bem, ela já tá bem.
Cristal repete essas palavras varias vezes como se nem ela mesma acreditasse. Ela já está bem...e se não ficar? E se eu a perder? Eu não posso perdê-la, não agora, nem nunca. Ela é minha mulher, a mulher que eu quero construir uma vida, uma história.

-Cristal, eu não posso de jeito nenhum deixar a Jade lá sozinha, eu preciso vê-la, visitá-la, conversar com ela, dizer o quanto a amo. Ela precisa de mim!
-Diego, ela precisa de você, mas ela precisa de você aqui, não preso. Você sabe que se for até lá, corre o risco de perder tudo.
-Se eu perdê-la, aí sim eu vou perder tudo. Esse morro aqui pra mim não vai servir de nada. A Jade que é meu tudo. Desculpa, Cristal, mas não vai ser você que irá me impedir de vê-la, não mesmo.
Subo correndo para o quarto, tomo um banho, escovo os dentes e coloco uma roupa rapidamente. Desço as escadas mais rápido ainda e tranco as meninas em casa.
-Desculpa, gente. Eu amo vocês!

Desço o morro correndo e quase tropeço nos meus próprios passos. Henrique chega até a mim, e começa a dizer dezenas de coisas, mas eu não consegui prestar atenção em absolutamente nada.
-Ei, ei, ei, vai com calma aí, chefia. Tá indo pra onde?
-Não te interessa. Vaza, Henrique.
-Calma, não esquece que tu tá falando com o seu irmão. Sabe que pra qualquer coisa nós tá junto.
-Eu sei. Mas me deixa ir logo.
-Vai pra onde?
Subo na moto e grito quando saio.
-Ver a mulher da minha vida!

Depois de alguns minutos chego no hospital. Vou até a recepção e começo a conversar com a secretaria, até que a mesma se vira e pude pegar a ficha onde encontravam-se grande parte dos pacientes, e pum, achei, Jade Azeredo. 2º andar, sala 308.

Pego o elevador apressadamente, e vou andando no corredor a fim de achar o quarto. Porra, cadê esse quarto? Ah, ali, 308. Ando em passos mais longos e vejo Jade dormindo como um anjo.
Entro, tranco a porta e fecho as cortinas, não quero que ninguém me atrapalhe.
-Oi, meu amor. Como você está? Tudo bem? -Lágrimas invadem meus olhos, e começo a chorar. -Bom, eu sinto sua falta, e todas as meninas da casa também, a Cristal principalmente. Eu queria ter vindo antes, me perdoa, viu? Mas é que eu não sabia que você estava assim, nesse estado.
Enxugo as lágrimas e continuo falando.
-Olha, amor. Eu sei que fiz você sofrer muito, né?! Sei também que sou um tremendo babaca, e que não mereço nem por um minuto se quer o seu perdão. Mas Jade, por favor, eu te impeço, imploro. Volta, fica comigo, eu juro que dessa vez será diferente. Que eu irei ficar com você, amar você, construir algo com você. Porque você é tudo pra mim. Tu é o amor da minha vida, a única mulher que eu quero pra todo sempre. Por favor, acorda, volta pra mim. Eu te amo, Jade, e nunca vou me cansar de dizer isso.
Abaixo a cabeça e começo a chorar, tento conter as lágrimas, mas elas insistem em surgirem.
Fico fazendo carinho no seu cabelo e admirando seu rosto angelical, até que percebo seus olhos se mexendo, e quando vejo, Jade está acordando.
-Jade? Amor?