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Caminhei por apenas alguns minutos, cada passo o nó em minha garganta aumentava. Eu não queria chorar, mas minha dor tinha força involuntária, eu não podia controlar. Voltei pro único lugar que consegui pensar: o parque. Era cerca de oito da noite, estava um clima morno e por isso a rua estava cheia de pessoas embora nenhuma delas sequer notasse minha presença, quem dirá perceber que tinha alguém ali cujo mundo acabara de desabar.
Eu sabia que minha mãe era homofóbica, eu me lembrava de minha irmã saindo de casa com o rosto lavado de lágrimas, exatamente como eu agora. Eu não deveria me sentir culpada, mas eu sinto.
Então quando eu parei de frente ao parque, meu coração se aliviou absurdamente.
Havia pouco mais de uma hora que eu tinha saído de lá, deixado Perrie sentada, trançando mais uma pulseira calmamente. E ela estava exatamente onde eu a deixei, sua tranquilidade se destacava dentre a bagunça de pessoas falando e crianças correndo, como se ela fosse um ponto de paz no meio de uma realidade de tormento. A minha realidade.
Senti as lágrimas voltando aos poucos, mas dessa vez eram muito mais de alivio do que de dor.
—Hey. –falei baixo, assim que cheguei perto. —Não acredito que minha teoria de que você entra em modo de espera quando eu vou embora era verdade. –consegui rir e a vi sorrindo também, ainda sem levantar a cabeça.
—Pois é, você descobriu meu segredo. –ela ergueu o olhar e vi seu sorriso sumindo assim que pôs os olhos em mim. —Oh, Jade, o que houve? –ela se levantou no mesmo instante, pondo as duas mãos em meu rosto. Perrie tentou secar minhas lágrimas, mas desistiu apenas envolvendo seus braços ao meu redor. Eu me senti imensamente grata.
—Minha mãe descobriu sobre nós, Pezz. –consegui murmurar, minha voz saiu muito mais embargada do que eu gostaria. —Ela me bateu e eu saí. Não consigo mais ficar naquela casa. Eu consigo lidar com toda a dor que vem da rua, mas não com o ódio dela. Agora eu entendo minha irmã.
—Ah, é isso! –ela se afastou um pouco. —Sinto muito sobre sua mãe, eu sequer consigo imaginar sua dor. Mas, eu tenho um presente pra você. Ainda não sei se vai gostar ou não, mas preciso te dar. –ela remexeu nos bolsos da calça jeans que usava, parecendo procurar por algo, imaginei que ela me daria mais um de seus colares ou pulseiras, mas ela retirou um pedaço de papel e me entregou.
— O que é isso? –desdobrei o papel e nele havia um numero de telefone, bem embaixo em letra corrida estava escrito "Jéssica". Olhei pra ela sem acreditar no que aquilo realmente era.
—Eu ia te dar amanhã, mas acho que acabou se tornando urgente. –ela deu de ombros como se não fosse nada demais. Tudo bem que eu havia acabado de ser expulsa de casa e eu também não falava há quase dez anos com minha irmã, tudo o que eu consegui pensar foi em como essa mulher é maravilhosa.
Nunca imaginei que eu tomaria esse tipo de atitude, mas antes que pudesse pensar muito no assunto, me joguei sobre ela, ignorando minha timidez e as pessoas que estavam em volta, envolvi seu pescoço com as mãos e juntei nossos lábios, causando aquela sensação de que tudo no mundo entrava em colapso ao mesmo tempo. Meu coração disparou quando ela apertou seus braços em volta da minha cintura.
—Eu não faço ideia de como te agradecer. –sussurrei, mas ela negou.
—Você pode achar que eu mudei seu mundo, mas foi você quem mudou o meu. Esse é o mínimo que eu posso fazer pra te ajudar. –assenti, e eu juro que todo o ódio das pessoas e o da minha mãe pareceram não me atingir mais. Ela pegou minha mão, sorrindo. —Vamos?
Eu sabia bem onde ela queria que fossemos, então assenti, deixando o resto pra trás.
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gente, a fic ta quase no fim então os capitulos serão maiorzinhos até o final, espero que não se importem
depois que acabar essa, alem de dar mais atenção a Losing My Mind e One Of These Nights, eu e minha babe Maya estamos querendo começar uma fic texting (duas ne, serão uma Jerrie e uma Pesy) caso a ideia seja terminada eu aviso aqui.
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Blue Eyes [Jerrie]
FanfictionJade não suportava mais essa angústia, nesse ponto tinha deixado de tentar entender por que razão atraía o ódio das pessoas. Jade tinha desistido de tudo, até hoje, o dia em que vira aqueles olhos azuis, que miravam o céu e sorriam, como se a vida...