🌻 15| Miguel

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Estou tentando avaliar o tamanho das consequências desse ato. E ao mesmo tempo tentando convencer a mim mesmo de que não foi nada demais.

Foi só sexo.

Não seu idiota, não foi só sexo.

Certamente eu devo estar ficando louco. Eu vim apenas visitá-la. Ver como ela estava. Porra, eu salvei ela de um estuprador. Era meu dever vir me certificar de que tudo estava bem e o que eu fiz? Transei com ela.

Idiota, idiota, idiota.

Desviei meu olhar do teto e me virei para o corpo que me abraçava. Pérola dormia pesadamente. Ela me surpreendeu ainda mais. Estava tão serena e relaxada. Como alguém lida tão bem com essa situação?

Eu senti suas tensões enquanto estávamos agarrados, nos beijando. Até mesmo enquanto eu a tocava, tomei todo o cuidado possível para que ela não achasse que eu faria o mesmo que aquele filho da puta. E mesmo assim ela seguiu em frente, se entregou a mim como se eu fosse a sua salvação, a sua cura. Eu fui a borracha que apagou seu pesadelo.

O que há na mente dessa mulher?

O que há de errado comigo, droga?

Eu não devia ter feito o que fiz. Eu posso ter acabado de ferrar a cabeça dela. Mesmo que o sexo tenha sido fantástico. E ela não ter me parado não significa que ela não vá pirar.
Eu já vi casos assim em documentários, onde vítimas de estupro acabam se viciando em sexo, isso é coisa de psicologia e eu não sei explicar porquê isso acontece.

Merda.

Ela se mexeu um pouco e se agarrou ainda mais em mim. Estávamos nus embaixo de um cobertor macio e cheiroso. Olhei seu rosto uma mecha de cabelo cobria seus olhos e eu me senti tentado a afastar a mecha e coloca-la atrás de sua orelha.

E foi o que fiz.

Ela estava linda dormindo. Ela era linda!
Suas bochechas ficavam coradas até durante o sono. Acariciei seu rosto com as costas das minhas mãos.

Que porra você está fazendo Miguel?

Me recompus.

Saí da cama com o máximo de cuidado para não acordá-la. Vesti a cueca e a calça, peguei o celular. Já passava da meia noite. Vou ter que passar a noite aqui.

Eu não durmo com ninguém.

Ela dissera. Talvez eu fique no sofá. Ou durma ao lado dela só para provocá-lá no dia seguinte.

Sigo em direção a cozinha. Preciso de um copo d' água. Chegando lá me deparo com o amigo de Pérola, vestindo apenas uma calça de moletom.

- Hum. Alguém se divertiu bastante hein! - Ele disse sorrindo.

- Ah, você ouviu é? - Perguntei um pouco sem graça.

- Eu acho que o prédio inteiro ouviu, amor. Mas, tudo bem. Eu não sou alguém que ache totalmente fora do comum ouvir duas pessoas transando. Confesso que até fiquei um pouco excitado. - Ele disse brincando. - E um pouco preocupado. Levando em conta o que ela acabou de sofrer.

Ah merda.

- Olha eu juro que não forcei ela a nada. Ela quis. Nós quisemos e... Merda. Eu sou um idiota. Não era essa a minha intenção. - Eu disse aflito. Mas, Nico pareceu não se importar.

- Tudo bem querido. Não se aborreça com isso. Eu conheço a minha amiga melhor do que ninguém. E eu sei que você não faria nada. Afinal, você a salvou!

- Sim. Salvei. Mas, eu não entendo. Como ela pode estar tão bem? Como ela consegue lidar com isso tudo? Se fosse outra pessoa estaria isolada do mundo, ou nem ao menos pensaria em sexo de novo. Pelo menos é assim que eu vejo.

Plano B (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora