Plano B (Concluído)

🌻 21| Pérola

Enjoo e vômitos de manhã e às vezes a comida também não parava no estômago.
Aumentei a dosagem dos remédios sem o consentimento do meu médico. Queria que aquele desconforto parasse.

Tive alguns desmaios. Minha mãe insistia que eu fosse ao Dr. Sebastian. Mas, eu não queria.
Eu estava com medo do que pudesse ouvir.

Estava com medo que ele dissesse que minha vida estava chegando ao fim.

🌻

O fim de semana em Palmas está sendo ótimo. Fiquei um tanto preocupada com o sangramento que tive no nariz. Miguel pode estar certo, é o sol que estava muito forte. Ou é mais um indício do avanço da doença.

Está cada vez mais difícil esconder minha situação para meus amigos. Eles estão estranhando meu humor. Mas, a verdade é que estou cansada, sem ânimo. Sinto fraqueza e muito sono. Está sendo rápido.

O medo de morrer a qualquer momento me corrói. E eles estão percebendo que algo está errado.
Eu preciso contar antes que algo aconteça de repente e eles descubram quando me levar a algum hospital.

🌻

Tudo está tranquilo. Hoje é nosso último dia de acampamento e amanhã vamos embora bem cedo.
Estamos ao redor de uma fogueira que fizemos. Caio trouxe um violão e está cantando com Maria. Miguel abraçado a mim. Está gostoso.

Esse tempinho que passamos juntos foi incrível. Ele agradeceu mais uma vez pela ajuda com a lista, mas algo estava diferente. Ele está mais carinhoso e atencioso. Insistiu diversas vezes para que dormissemos juntos e não tira suas mãos das minhas. Quer sempre estar de mãos dadas comigo.

Parecemos namorados.

E eu gosto desse carinho, dessa atenção. Mas, não posso oferecer a ele mais do que isso. Mais do que o sexo e a amizade.

Não podemos ter um mais.
Eu me sinto uma egoísta e uma traidora. Eu devia contar a ele sobre meu câncer, mas estou com medo e não sei porquê!
Será que estou com medo que ele me deixe? Isso seria uma grande bobagem. Ele não está apaixonado por mim. E não devia. Essa é uma das minhas regras que impus antes disso tudo começar.

Não estamos apaixonados. Não podemos estar. Não agora. Nem nunca.

Não existe um mais para nós dois.