🌻 24| Pérola

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Eu estava na praia em frente a casa dele e sem coragem para entrar. Eu pensava que seria mais fácil, mas estava totalmente enganada.
Segurando o telefone no ouvido ouvi Nico dizer que eu estava cometendo um erro. Uma parte de mim também achava que sim, mas a outra entendia que seria melhor pra todo mundo que essa história de amor não seguisse adiante.

- Ainda está no início. Nos conhecemos a pouco tempo. Não podemos encarar isso tudo como uma história de amor, isso só acontece nos livros. E eu já li tantos... Não posso ser ingênua em achar que isso aconteceria comigo. - Eu disse a Nico tentando conter o choro sem sucesso.

- Você tem certeza que é o melhor a fazer? Se você contar ele pode agir de uma forma diferente da qual você está pensando.

- Você não o conhece. Na verdade nem eu o conheço o suficiente.

- Ninguém nunca conhece alguém totalmente. As pessoas tendem a ser imprevisíveis minha amiga.

- Eu sei. Mas... Isso seria demais pra ele. A mãe dele morreu de câncer e ele é um cara que nunca quis compromisso com ninguém e é por isso que a nossa relação daria tão certo. Tudo ia acabar sem mágoas e sem respondabilidades. Mas...

- Ele se apaixonou por você.

- É!

- E você está apaixonada por ele?

- Isso não importa agora. Eu disse a ele que sim, mas eu não sei. Estou confusa...

- Não, amor. Você não está confusa. Se você não estivesse apaixonada por ele não seria tão difícil pra você terminar tudo.

🌻

Toquei a campainha e quem atendeu não foi a governanta e sim Miguel.

- Que bom que você veio. Eu preparei uma surpresa pra você! - Não Miguel.

Ele me levou até um jardim nos fundos da casa e lá estava uma mesa enfeitada com rosas, champanhe e um jantar que parecia estar delicioso.

- Eu espero que dessa vez você coma tudo. - Ele disse sorrindo e aquilo partiu meu coração ainda mais.

- Miguel eu agradeço por tudo isso, mas é que nós precisamos mesmo conversar.

- Eu sei. Eu sei. Mas, antes eu queria lhe dizer uma coisa. - Ele beijou minhas mãos e olhou em meus olhos. - Eu sei que não sou um cara perfeito e que cometi muitos erros. Mas, não estou cometendo nenhum erro agora com esse jantar e quando digo que eu estou realmente aos seus pés, Pérola. Você chegou com esse seu ar de "eu não quero nada além de sexo" e eu gostei. Eu pensei que você era a garota perfeita e que tudo seria fácil. Mas, aí nos tornamos amigos e eu fui conhecendo você mais, apesar de quase não conversarmos sobre nada um do outro, tirando o fato de você ter visto a minha parte mais sensível. - Ele se referia a carta da mãe dele. - Eu me divirto tanto com você...

- Eu também me divirto com você Miguel...

- Por favor deixa eu terminar... - Ele me interrompeu. Isso será mais difícil do que pensei. Ele está se declarando pra mim. - Eu passei a dormir pensando em quando veria você de novo e quando estou com você não quero estar com mais ninguém. Não quero sair do seu lado. Eu jamais poderia imaginar que sentiria algo tão forte assim por alguém. Eu acho que te amo. Eu disse isso pra sua mãe e estou dizendo pra você agora. Você pode estar querendo me dar um pé na bunda agora, mas eu quero que você saiba que eu não vou desistir de você. Então... O que você quer?

A pergunta veio e eu não sabia o que dizer. Como eu vou falar pra ele que tenho câncer e tenho pouco tempo de vida? Que esse amor que ele sente por mim só vai trazer dor e sofrimento pra ele? Mas, eu tinha que dizer algo.

- Eu... Eu quero provar logo esse jantar. - Ele me olhou confuso e depois deu um sorriso.

- Então vamos comer e depois terminamos nossa conversa.

Comemos em silêncio. E de repente senti algo molhado tocar meu rosto. Olhei pra Miguel que também estava confuso, mas logo seu olhar ficou supreso quando pingos de chuva começaram a cair estragando todo o nosso jantar. Peguei minha bolsa e corri em direção a varanda. Apesar de tantos dias sem chuva, ela não estava tão forte, mas foi o suficiente para me deixar completamente ensopada.

Quando estava quase chegando à varanda fui puxada pelo braço e envolvida no abraço de Miguel. Que me agarrou forte e me beijou.

- Item número 7. - Ele disse me deixando confusa. Item número 7? Então me lembrei... A lista. Um dos itens da lista dele era dançar na chuva. E ele queria dançar ali e agora. O som que vinha da casa estava ligado e a música Versace on the floor de Bruno Mars estava tocando. Sem questionar aceitei.

Miguel me envolveu em seus braços e começamos a nos mexer com a música lenta e envolvente. Sem tirar os olhos um do outro.
Ele tocou meu rosto e como se fosse cena de filme de romance, no refrão da música nós nos beijamos intensa e apaixonadamente.

Suas mãos passeavam pelo meu corpo. E parou na barra do meu vestido.

- É muita coincidência, não acha? Você estar com um vestido e a música dizer que você não precisa mais dele. - Ele disse e eu fiquei analisando o refrão da música. Ele tinha razão.

- A música não se refere a mim.

- Mas eu sim! - Miguel beijava meu pescoço molhado pela chuva. Me arrastando até a mesa do jardim. Ele jogou todas as coisas de cima dela no chão. Me agarrou pela bunda me sentando na mesa. - Eu quero você aqui e agora. Em cima dessa mesa. Fazer amor com você debaixo dessa chuva. Eu quero te mostrar o quanto eu amo seu corpo, sua boca. Você.

- Miguel... Eu preciso... Nós... - Ele me beijou, interrompendo a minha fala.

- Deixe que os nossos corpos conversem. - Suas mãos passaram pelas minhas coxas até a barra do meu vestido, colocando suas mãos embaixo dele e tirando a minha calcinha. Eu deixei. Quero me entregar pra ele uma última vez.

Coloquei minhas mãos em sua ereção, provocando-o ainda mais. Libertei ele. Coloquei minhas pernas em sua cintura e ele me penetrou.

Fizemos amor loucamente.
E eu chorei. Enquanto ele me beijava.
Chorei porque não queria deixá-lo.
Chorei porque eu estava apaixonada e tinha que libertá-lo do meu mundo que só iria lhe causar dor e sofrimento.

🌻

A água quente e relaxante do chuveiro me trazia alívio. Miguel já estava de banho tomado e foi colocar minha roupa na secadora. Estávamos sozinhos na casa dele. Saí do banheiro e o encontrei com a minha roupa em suas mãos. Sorrindo.

- Foi rápido. - Eu disse.

- A minha secadora é bem eficiente. Está tudo bem? - Ele perguntou me entregando o vestido e me dando um beijo.

- Não. - Eu disse me afastando e voltando ao banheiro para vestir a roupa. Tranquei a porta evitando que ele entre e me seduza novamente.

- Meu amor... Pérola! O que está havendo? O que eu disse não foi o suficiente para você acreditar em mim?

Abri a porta encarando seus olhos suplicantes. Minhas lágrimas me traíram outra vez.

- Miguel... Nós não podemos ficar juntos. - Eu disse de uma vez.

- Por quê? O que eu fiz de errado? Foi a Maria. Ela te disse alguma coisa? Pérola, eu sei o quanto eu fui um idiota mulherengo, mas com você é diferente. Eu estou apaixonado.

- Não Miguel. Não! - Eu disse rude. - Não tem nada a ver com você e nem com ninguém. O problema sou eu. Eu não sou mulher pra você. Eu preciso te contar uma coisa e quando eu te contar... Você não vai querer me ver mais. Não vai querer isso pra você.

- Como assim Pérola? O que está havendo?

- Miguel... - Minhas mãos estavam suando. E eu senti um enorme desconforto. Eu estava prestes a desmaiar. Não. Não. Agora não. Eu tenho que dizer a ele antes. - Miguel... Eu... Eu tenho ca...

- O quê? Pérola! PÉROLA!!

A última coisa que senti foram os braços dele me envolverem enquanto era levada pela escuridão.

Plano B (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora