"Ela dormiu no calor dos meus braços.
E eu acordei sem saber se era um sonho..."A voz de Dinho ecoava em minha mente. Mas, não era sonho. Era real. A música do Capital Inicial vinha direto da sala.
Olhei para a minha cama bagunçada e me lembrei do que havia acontecido.
Fui até a janela, a abri e deixei que o ar do fim de tarde tomasse conta do meu rosto. Avistei as pessoas e os carros que passavam na rua. Fiquei pensando em quantas delas passavam pela mesma situação que a minha.
Encarei o mar, infinito e azul. O céu, as árvores. Tudo se tornou mais intenso pra mim.Desde que descobri a doença me sentia impotente. Nada fazia mais sentido.
Mas, desde que conheci Miguel e começamos a ficar juntos, aprendi a aproveitar cada momento como se fosse o último. Parei com as bebidas e passei a tomar os medicamentos corretamente.Ele me faz feliz, eu me sinto bem ao lado dele. Pela primeira vez em muito tempo tenho vontade de viver, tenho planos e esperança.
Quando estou com ele esqueço da minha morte.Já faz algumas semanas que estamos saindo. Que temos uma amizade colorida.
Estava tudo bem, tudo estava dando certo, mas agora...
Agora quebrei a minha regra mais importante.Eu me apaixonei por ele!
Agora estou desolada, feliz, confusa e com raiva. Nós nos declaramos e nem estávamos bêbados! Bem, nesse momento eu queria que estivéssemos. Seria um motivo a mais para dizer que aquilo não passava de um engano.
Mas, a quem eu quero enganar?
Eu gosto dele demais.
Mas, terei que partir nossos corações ao contar pra ele o porquê de não poder ficar com ele.Senti um cheiro agradável vindo da cozinha. Na mesma hora corri para o banheiro.
Eu preciso acabar logo com isso.
Saí do quarto e segui até a cozinha onde ele estava feliz cozinhando alguma coisa.
Quando olhou pra mim seus olhos demonstraram desapontamento.- Eu ia levar seu lanche na cama.
- Miguel, nós precisamos conversar.
- Pode falar. Depois que a gente comer.
Eu sorri e me sentei na bancada da cozinha. Miguel sabia fazer um ótimo omelete com bacon. É uma pena eu ter comido bem pouco.
- Já vi você mais comilona. - Ele disse avaliando meu prato praticamente intocado.
- Não estou me sentindo muito bem.
- O que houve? Está doente? - Ele perguntou preocupado.
- Nada. Eu só... Não é nada. - Acho que não consigo fazer isso. O que vou dizer a ele?
- Então. O que você quer conversar? - Ele perguntou pousando sua mão na minha.
- Nós não devíamos ter dormido juntos.
- Eu sei! Me desculpe. Mas, agora isso é irrelevante. Nós já conversamos e até transamos. Você disse que está apaixonada por mim.
- Eu sei o que eu disse, mas isso está errado. Você deveria ter respeitado a minha decisão de não dormir com você. Miguel, você não entende. Você não vai me querer na sua vida. Eu não quero ser um fardo pra você.
- Um fardo? Pérola adimita que você só está inventando desculpas pra não assumir que está com medo!
- Sim, eu estou! Eu estou com medo porque estou apaixonada por você. Estou furiosa porque antes de você aparecer na minha vida eu já estava conformada com o meu destino. Eu tinha um plano traçado, mas aí você aparece e muda tudo! - As lágrimas já estavam escorrendo pelo meu rosto.
- Pérola, do que você está falando? - Ele perguntou confuso.
Meu coração quase saiu pela boca. E antes que eu pudesse começar a contar meu segredo a campainha tocou.
- Só um minuto. - Eu disse. Tremendo fui atender a porta. Do outro lado estava minha mãe. - Oi mamãe.
- Oi minha filha! Como você está? Melhorou os sintomas? - Ela disse sem pausa pra respirar. Me abraçando.
- Mãe! - Eu a repreendi com medo que ela dissesse algo mais e Miguel ouvisse.
- Sintomas? Que sintomas? - Perguntou Miguel confuso. - Pérola você está doente? É isso o queria me dizer? - Ele perguntou tocando meu rosto carinhosamente com as mãos. Olhei pra minha mãe que não estava entendendo esse gesto.
- Miguel... Eu... - As palavras não saíam.
- Vocês estão juntos? - Minha mãe perguntou.
- Bom, admitimos nossos sentimentos, mas Pérola ainda está um pouco relutante. - Miguel falou.
- Pérola, nós precisamos conversar. Agora! - Minha mãe disse um tanto furiosa.
- Mamãe, por favor!
- O que está havendo? - Miguel estava confuso.
- Eu preciso conversar com a minha filha e você precisa ir embora.
- Mamãe não seja grossa! O Miguel não tem culpa de nada disso. Por favor Miguel. Você pode ir e mais tarde nós conversamos.
- Mas, o que está acontecendo? Ela não quer que fiquemos juntos? É isso que você queria falar comigo? Olha só dona Victória. Eu posso ter sido um grande idiota com a Alexia. Eu admito que era um babaca, sim. Mas, o que eu sinto pela sua filha é verdadeiro. Eu jamais sentira isso por ninguém. Eu a amo.
- Pérola? - Minha mãe ficou impressionada com a declaração de Miguel e estava prestes a dizer o que não devia. Ela me avisou que isso um dia aconteceria. Que alguém poderia se apaixonar por mim e eu teria que dizer a verdade. Ela sempre sonhou que o amor batesse a minha porta com a esperança de que aquilo mudaria a minha visão e eu retornaria ao tratamento que ela nunca soube que havia falhado.
- Miguel. Por favor! - Eu disse a ele. E o levei até a porta. - Eu prometo que conversamos mais tarde.
- Tudo bem. Estarei te esperando lá em casa. - Ele disse me dando um beijo demorado e caloroso.
Fechei a porta deixando que Miguel fosse embora. Olhei pra minha mãe que estava com cara de quem viu um fantasma.
- Então você não contou a ele?
- Eu ia contar... Até você aparecer.
- Pérola? Você está apaixonada por ele? - Ela perguntou.
- Estou mamãe. Mas, não vou levar isso adiante. Eu não quero ser um estorvo pra ele. Eu sempre cuidei para que isso nunca acontecesse. Não me apaixonar por alguém e agora... Agora aconteceu e dói ter que deixar ele.
- Ah Pérola! - Minha mãe me abraçou enquanto eu chorava sem parar. - Conte a verdade pra ele e deixe que ele decida o que quer. Você ainda tem algum tempo. Você pode tentar a quimioterapia, mesmo que você corra um risco maior, ainda assim é uma chance de sair dessa.
- Não mamãe. Eu não vou fazer isso. Nada vai mudar a minha decisão. Eu vou na casa dele e vou terminar tudo antes que isso se complique. Vou voltar a minha vida e ele vai encontrar outra pessoa que possa dar a ele um relacionamento normal.
- Pérola! Você não está pensando direito.
- Eu estou sim! É o melhor pra todo mundo. Será menos doloroso pra ele se me perder agora.
🌻
Eita!! Será que a Pérola vai ter coragem de terminar tudo? E o Miguel vai aceitar assim tão fácil? Fiquem ligados, pois algo pode mudar muitas coisas nessa cabecinha dura da Pérola!!
Então amores, quero agradecer por estarem acompanhando essa história e me desculpem a demora para atualizar o livro, mas é que a minha semana anda bem corrida.
Obrigada pela compreensão.
Beijos, G. R. Lopes
VOCÊ ESTÁ LENDO
Plano B (Concluído)
RomanceEla tinha um plano de não se apaixonar. Queria apenas diversão e sexo. Mal ela sabia que não podia brincar com o destino. Ele adorava ser o centro das atenções femininas, mas irá descobrir que o mistério de uma garota pode ser ainda mais instigante...