🌻 13| Pérola

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Sofri uma tentativa de estupro.

Eu não sinto nada. Não me lembro de nada. Bem, nada que eu queira repassar sem parar na minha mente. Já tenho tantos problemas pra me preocupar. Decidi que esquecer esse episódio seria mais fácil para poder seguir em frente.

O ato não foi consumado, fora impedido por alguém cujo nome ainda desconheço. Eu queria agradecer. Poderia ter sido muito pior se esse alguém não tivesse me salvado.

🌻

Eu acordei sem saber onde estava. Meus olhos permaneceram fechados, mas eu ouvia algumas vozes perto de mim. Estavam cochichando. Continuei de olhos fechados e ouvindo atentamente a conversa.

- Você viu como ele olha pra ela? Ele gosta dela, eu sinto isso. - Dizia alguém. Era uma mulher.

- Não seja boba! Eles só ficaram uma vez. Ele só está preocupado com o estado dela. - Disse a outra voz, também feminina e muito familiar.

- Não, Maria. Eu sei. Ele está diferente. Ele nunca olhou pra mim desse jeito. - Disse a outra voz irritada.

Maria. Sim! Maria. Namorada de Caio. Amiga do Miguel. Abri os olhos.

Estava deitada em uma cama, com agulhas enfiadas no braço. Soro?

Olhei para as duas figuras ainda conversando na minha frente. Uma delas vestia um vestido muito bonito e estava bem arrumada. Onde quer que eu estivesse a reconheceria na mesma hora. Era Maria. A outra pessoa era magra, também muito bem arrumada. Era muito bonita. Tinha cabelos pretos e lisos na altura dos ombros. Nenhuma das duas pareceu perceber que eu estava acordada. Até olharem pra mim.

- Pérola, graças à Deus você acordou! Meu Deus, eu fiquei tão preocupada. - Maria tinha cheiro de flores. O mesmo cheiro que senti antes ficar desacordada. Era calorosa e estava realmente preocupada comigo. Olhei para a outra mulher que não transmitia emoção alguma. - Como você está se sentindo? Ai, que pergunta mais idiota de se fazer. Desculpe.

- Eu estou bem Maria. Só estou com um pouco de dor de cabeça. Eu quero saber o que você está fazendo aqui? E como eu vim parar aqui?

- Nós te encontramos. Ele... O filho da mãe estava quase te estuprando, mas chegamos a tempo de impedi-lo e a trouxemos pra cá. - Disse a moça que eu ainda não sabia o nome. - O médico te examinou e disse que o ferimento na sua cabeça não é profundo, mas você terá que ficar de repouso por alguns dias. E fazer tomografia já que você desmaiou depois da pancada.

- E por quê estou com essas coisas no braço se está tudo bem? - Perguntei.

- Bom, pelo jeito você encheu a cara. Estão lhe dando glicose e soro para o efeito da bebida sair e você poder tomar os devidos remédios. Como, por exemplo, para a sua dor de cabeça. - Disse ela em tom de reprovação. Quem era ela? Minha enfermeira?

- E quem é você? - Perguntei.

- Eu sou Alexia.

Alexia. A ex.

- Ah Sim! Muito prazer. - Eu disse educadamente.

- O prazer é todo meu. - Respondeu com um sorriso não tão sincero.

- Eu sinto muito pelo o que aconteceu com você. Eu não sei o que faria na sua situação. Isso está fora de controle. Não temos mais segurança alguma. Você se lembra de alguma coisa? - Perguntou Maria.

- Mais ou menos. Me lembro de beber com ele e conversar. Eu estava tendo um dia péssimo e ele foi gentil comigo. Mas... Depois ele do nada... Aí aconteceu. Eu desmaiei e agora estou aqui. - Eu disse tremendo. Apesar de tentar é muito difícil superar o que aconteceu. - Eu fiquei com muito medo. Mesmo eu pedindo pra parar ele continuou tentando e... - Comecei a chorar.

Plano B (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora