XVIII

7.1K 681 325
                                    

15 de Dezembro de 1846

O ano estava quase chegando ao fim, um ano que deu a possibilidade de dois jovens distintos se conhecerem, brigarem e lutar contra um casamento que ambos não desejavam. 

O grande dia havia chegado e eles não podiam correr, fugir ou se esconder. A responsabilidade e a vida em matrimônio surgia e batia na porta dos dois. Mais especificamente, suas mães batiam em suas portas e acordavam ambos as seis da manhã. Os vitorianos ricos não acordavam muito antes das dez, mas hoje a ocasião era diferente e o motivo era especial.

Entretanto, para que um casamento feliz estivesse ocorrendo, era necessário que o casal estivesse com o mesmo intuito, os mesmos ideais e remando na mesma direção.  

De todas as viagens e experiências que um homem tem, o casamento pode ser um dos mais desafiadores processos. É quando um homem e uma mulher decidem deixar de viver por si só e se unir, sendo um, vivendo para o outro. 

É uma decisão séria, mas que infelizmente não foi a decisão tomada dos noivos do dia. Não foi uma decisão própria e sim induzida, o que gerava um desconforto ainda pior.

Pela manhã, Tayla recebe a corbelha: uma pequena e decorada caixa de madeira contendo algumas jóias importantes da família Hughes, que agora pertenciam a ela. Um detalhe para algo em especial: um colar de prata simples mas com um diamante verde esmeralda pesado como pingente. Por baixo dele, estava um papel escrito: "Da cor de seus olhos", que Tayla só conseguiu reconhecer a letra pois analisou os documentos do casamento escondida, era a letra de Edmond.

Ela tentava, escondia e se reprimia. Mas depois daquele cartão, ela sentiu que seu coração queria sorrir junto com seu rosto. Suas maçãs queimavam e estavam vermelhas, coradas. Ela pega o colar em suas mãos com a maior delicadeza do mundo e tenta colocar. 

Sem sucesso, ela suspira de raiva. Suas unhas estavam pequenas e ela não conseguia segurar o mecanismo de fechar o colar.

 No entanto, ela é surpreendida por mãos frias e grandes que tocam seu pescoço e a ajudam, colocando o colar, passando suas mãos para seus ombros e logo então, virando a moça. 

Edmond havia chegado e agora estava na sala de visitas com ela. Mas ele sequer foi anunciado.

Quando ela o vê, pula de susto e logo se afasta.

- Conde Hughes. - ela faz uma reverência.

- Miss York. - ele retribui o cumprimento.

- Qual o motivo de sua visita? - Tayla pergunta, nervosa.

- Nós vamos nos casar hoje. - ele responde, como se fosse óbvio. A ficha de Tayla cai.

- Eu tinha me esquecido. - Tayla mente. Como se esquecer de um dia tão caótico em sua vida?

- Eu vim buscar suas caixas e seus baús para levar para minha casa. Está tudo pronto? - Edmond pergunta, enquanto observa seu relógio de bolso.

- Minhas caixas?

- Você vai morar em minha casa, como marido e esposa. Se esqueceu disso também? - Edmond diz, segurando o riso.

- Tayla! - Amélia entra na sala gritando e só depois percebe a presença de Edmond. - Me perdoe, conde Hughes. Tayla York, por que suas roupas ainda estão no armário? Eu não pedi que colocasse nas caixas ontem?

Tayla finalmente se lembra das caixas. Como esposa de Edmond, ela moraria com ele e se mudaria em definitivo de sua casa. Na noite anterior sua mãe pediu para que ela pudesse arrumar tudo. Um pedido que ela ignorou, uma vez que passou a noite inteira comendo um chocolate belga que encontrou na cozinha, lendo um livro qualquer.

Quando Um Conde Se ApaixonaOnde histórias criam vida. Descubra agora