XXXIII

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Watford, Inglaterra

Um soco rápido e dolorido. Edmond faz uma pausa e respira. O alvo era apenas um saco de areia, mas Edmond imaginava o rosto de Oscar. Eram suas últimas horas de luta, antes de escrever para o médico e marcar a cirurgia. Não importava qual seria o resultado: se mantesse a visão conservada, seria perigoso arriscar, e se viesse a ficar cego, seria quase inconcebível lutar. Ele tinha largado a luta desde que decidiu se casar com Tayla. 

Não tinha nenhum motivo especial, Tayla ou sua família não se opunham a nada, mas ele sabia que devia parar, por sua saúde. Não era prudente, pois ele tinha interesse em construir uma família com Tayla muito em breve, embora soubesse que levaria um certo tempo para que a esposa voltasse a confiar nele. Para ele, no entanto, não importava. Esperou por toda a sua vida por uma mulher como Tayla, e ele sabia que se desistisse do amor dela sem lutar, estaria cometendo o maior e mais tolo dos erros. 

Edmond jamais imaginaria que um casamento arranjado pudesse ter ido tão longe. Não havia nada que garantia um sucesso na relação dos dois. Ambos se desgostavam, e no começo planejavam até se separar. Ela errou ao armar para sair no jornal com Oscar e ele havia errado duas vezes, beijando Rose e depois Lisa em seu aniversário. Muito provavelmente, ele era o mais errado na história, mas Tayla era a única que saia como mal falada nos jornais. 

Ele sabia que com o agravamento de sua doença, ele deveria se internar o mais breve possível para se submeter a cirurgia que poderia mudar sua vida completamente. 

Ele não podia afirmar com cem por cento de certeza que não havia um medo consumidor fervendo em seus ossos, algo que ele sabia que iria atormentá-lo por dias. A cirurgia? ele iria se recuperar se não morresse durante o processo, mas a ideia de deixar Tayla sozinha e despreparada no mundo, era o pior que ele podia imaginar e suportar. Talvez ele quisesse mandar uma carta para ela antes, pedindo mais e mais desculpas por toda a dor que ele certamente sabia que causara nela, mas depois de tanta dor na despedida que eles tiveram, Edmond achou que seria egoísta da parte dele mandar algo que certamente a deixaria triste, com as lembranças do caótico piquenique que ela tentava esquecer enquanto deixava a Inglaterra para trás. 

O que Edmond, nem de longe desconfiava, era que Tayla jamais conseguiria tirar o marido da cabeça.

Sorano - Itália - Madrugada do dia em que Sienna e Helena foram para a taverna.

Helena abre seus olhos, assustada e aflita. Tenta reconhecer onde estava mas era praticamente impossível, uma vez que seus olhos não estavam abertos o suficiente. Ela esforça um pouco mais a íris e percebe um lustre muito bonito no teto, mas que certamente não era o da casa de sua avó, a menos que estivesse sonhando ou tivesse sido levada para um cômodo da propriedade da família Longuiani que ela ainda não conhecia. 

Pobre Helena, mal sabia ela que estava na casa de um caçador e sedutor nato. Um libertino italiano talvez? Matteo Vicenzza poderia ser muito pior que Edmond Hughes se bem quisesse, as mulheres eram praticamente impossíveis de resistir ao doce som de sua voz, ou aos seus lábios possessivos e de atitude.

Ela não sabia muito bem como tinha acabado aquela noite de loucura quando decidiu ir até a taverna com Sienna. Lembrou de sentir o corpo em chamas quando percebeu a respiração do duque Vicenzza perto de sua boca, mas sabia que devia se afastar dele o mais rápido possível, antes que cometesse algum erro incorrigível.

Sua cabeça doía, sabendo que tinha bebido demais na última noite para poder se levantar com rapidez dela cama, mas ela se orgulhava de ter pelo menos tentado se parecer com Tayla e suas atitudes loucas. Ela sorriu com a lembrança da irmã. Tayla sempre fora a irmã que dava trabalho e bagunçava, então quando Helena começou a perceber, estava cada vez mais apagada em casa pelas peripécias da irmã mais velha e as piadas da irmã mais nova. Sienna e Tayla podiam ser muito parecidas em espírito, duas maluquinhas que gostavam de aproveitar a vida, enquanto Helena era a considerada equilibrada e tranquila. Mas desde que chegara na Itália e cruzara os olhos com os do duque Vicenzza, percebera que algo dentro de si mudara, e ela mesma havia se assustado com o breve diálogo dos dois no café onde se conheceram. A Itália despertava algo nela, um sentimento de fogo e espontaneidade, algo que ela sempre escondera de todos. Talvez o próprio duque desperatra algo nela, mas ainda era muito cedo para dizer.

Quando Um Conde Se ApaixonaOnde histórias criam vida. Descubra agora