❁ eighty-eight ❁

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— Olá hoje. – foi assim que Matthew me cumprimentou quando atravessei a rua, e lhe dei um abraço caloroso, enquanto ria.

— Por acaso você andou lendo A Seleção? – pergunto, e ele dá de ombros. – Quem diria, o grande Matthew Lee Espinosa lendo um romance! – exclamo, e dou uma cotovelada de leve em suas costelas.

— As horas costumam demorar a passar quando você está ansioso para um compromisso. – ele diz, e torce a boca de um jeito engraçado. Suspiro, enquanto ele abre a porta do carro para mim, para depois fechá-la e dar a volta no automóvel.

— Você está bonita. – ele elogia, e começa a dirigir. Encosto a cabeça no vidro, e dou risada.

— Eu sou bonita. Mas obrigada. Você também não está nada mal. – alfineto, com um sorriso presunçoso nos lábios, e Matt balança a cabeça em negação, rindo.

A verdade é que ele estava bonito. Muito bonito. O cabelo loiro estava meio bagunçado, e ele usava um moletom cinza claro, que contrastava com a calça jeans escura e o vans old school preto. Imediatamente comecei a rir quando me lembrei que quem gostava de usar calças escuras era Shawn, e Matt me lançou um olhar curioso, esperando que eu explicasse o motivo do riso.

— Quem costuma usar calça preta é o Shawn. – digo, ainda rindo.

— E daí...? – ele pergunta, ainda sem entender.

— E daí que parece que ele nunca lava aquelas merdas! Porca relaxada faz assim. – digo, e começamos a rir.

— Verdade. Parece que ele só tem uma calça, também. – Matt diz, e balanço a cabeça em concordância freneticamente.

— Se é que não é realmente isso. Espero que ele tenha pelo menos o bom senso de lavar as roupas dele. – digo, e reviro os olhos, fazendo ele rir da minha implicância com as roupas de Mendes.

O resto do caminho fomos cantando músicas que tocavam em alguma rádio aleatória, e fazendo piada. Eu estava mais animada que o normal, o que era um pouco estranho.

Quando Matt anunciou que tínhamos chegado, deixei a curiosidade me corroer novamente. Ele não tinha me dito onde íamos, o que me deixou um pouco irritada, porque perdi grande parte do tempo considerando hipóteses.

— Eu espero que você goste de Arctic Monkeys. – ele diz, e meu cenho se franze imediatamente.

— Por que? – pergunto, animada. É claro que eu gostava de Arctic Monkeys! Quem é que não gosta, pelo amor de Deus?

Matthew não responde nada, e me arrasta até o outro lado da rua, onde entramos em um barzinho, e sequer me preocupo em descobrir o nome. O lugar ainda estava bastante vazio, então achamos uma mesa para dois e nos sentamos. Reparei no palco que havia alí também, e me virei de supetão para Matthew, que estava ao meu lado.

— Por acaso você me trouxe para um show do Arctic Monkeys? – pergunto, quase gritando, e ele ri.

— Na verdade... É um show cover. – ele encolhe os ombros. – Sei que não é a mesma coisa, mas enfim. Espero que você goste. – ele dá de ombros.

— É claro que eu vou gostar! – exclamo, e empurro Matthew de leve. – E para de fazer essa cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. Você sabe que mesmo se me levasse para ouvir música em um radinho de pilha, eu gostaria. – digo, e ele sorri, antes de estalar um beijo em minha bochecha, me surpreendendo.

Pedimos batatas fritas com queijo e bacon, e mais algum prato tradicional da casa. Como Matthew estava dirigindo, resolveu me acompanhar no refrigerante.

Passamos horas jogando conversa fora, e demorou até que o show cover começasse. Eu não botava muita fé, mas até que os caras eram bons. A maioria das pessoas agora estavam concentradas perto do palco, e se eu não estivesse tão cheia, até teria me levantado para ir lá também.

Parecia que eu estava chapada de comida.

— Baby, i'm yours, 'til the stars fall from the sky. – canto, fingindo que minha mão fechada em punho é um microfone, e Matt ri.

— Baby, i'm yours, 'til the rivers all run dry.– ele continua a outra parte da música, imitando o meu gesto, e começo a rir das caras e bocas que ele fazia.

Já passava da meia noite, e provavelmente o show já estava acabando. Minha mãe já tinha me mandado duas mensagens perguntando se estava tudo bem, mas eu decidi ignorar, pelo menos dessa vez.

Quando o show acabou, saímos aos tropeços do bar, e ficamos chocados quando percebemos que tinha começado a chover. O tempo nem estava tão fechado quando tinha saído de casa.

— Corre, corre, corre! – Matt grita, antes de sair me puxando pela mão em direção ao seu carro. A chuva não estava tão forte, mas mesmo assim sentia meu cabelo umidecendo rapidamente. As gotas de água escorriam por meu rosto, e vez ou outra ferroavam minha nuca.

Quando finalmente entramos no carro, soltei a gargalhada que estava segurando, e Matthew também. Ficamos rindo por uns dois minutos, sem motivo algum. A chuva parecia ter engrossado um pouco, e as gotas escorriam rapidamente pelo vidro.

Aos poucos a risada foi cessando, e pareci me dar conta de que estava sozinha com Matt, e que a noite tinha sido legal, e que provavelmente agora era a hora que nós íamos nos beijar.

Me sentei meio de lado no banco, e passei a observá-lo. Uma eletricidade estranha quase palpável parecia existir, e prendi a respiração quando ele se aproximou um pouco de mim com um sorriso.

— Essa é a hora em que eu te beijo? – ele pergunta, e franze o cenho, fingindo estar pensativo.

— Provavelmente. – digo, e colo nossos lábios, acabando com a distância que nos separava.

E então, de repente, não tinha mais chuva, as gotas que escorriam no vidro não importavam, e tudo pareceu ficar em silêncio. Eu sei, isso é clichê. Mas a única coisa que que conseguia me concentrar era nos lábios de Matt, e em como nossas bocas se moviam em sincronia. Eu não tinha ficado com muitos garotos ao longo da vida, mas, de longe, esse era provavelmente o melhor beijo que eu já tinha recebido.

Talvez porque eu realmente o queria, não sei.

Sem nem perceber, eu tinha ido parar no colo de Matthew, que apertava minha cintura com um pouco de força, e beijava meu pescoço. Meu erro foi suspirar um pouco alto demais, e fazer ele desviar a atenção do que ele estava fazendo.

— Evie... – Matthew sussurra, e cola sua testa na minha. – Acho melhor eu te levar para casa.

Concordo com um muxoxo, decepcionada, e me sento novamente no banco.

A última coisa que eu queria agora, era ir para casa.

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𝐝𝐫𝐮𝐧𝐤 ❀ 𝐦.𝐞𝐬𝐩𝐢𝐧𝐨𝐬𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora