Conhecendo o marrentinho

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Beatrice

Depois da escola, meus primos me levaram pra casa, se despediram e foram pra casa deles. Como estudo de manhã, quando cheguei em casa tinha um cheiro delicioso pairando no ar. Deus, eu morri sem saber e vim pro céu? Larguei a mochila no sofá e corri pra cozinha. Lá, eu encontrei a dona Ana cozinhando.

-Santa Ana! Que cheiro maravilhoso!-digo me aproximando e olhando dentro da panela.

-Oh, senhora Beatrice, não é pra tanto!-disse envergonhada.

-Senhora está no céu, dona Ana. Me chama de Trice.

-Certo. Senho... quer dizer, Trice.-disse indo de um lado pro outro.

-Dona Ana, oque a senhora tá fazendo?-pergunto tentando adivinhar oque ela está aprontando.

-Estrogonofe de frango...

-NÃO?!-digo em um grito de felicidade. Sorrio de orelha a orelha. Amo de paixão estrogonofe de frango.

-A senhora não gosta?-perguntou assustada.

-Aninha, eu amo estrogonofe de frango!!-digo abraçando ela. Minha mãe sempre fazia quando eu era pequena. Mas depois que ela se separou do meu pai ela parou. Na verdade, ela não fez mais nada. Meu pai carregou minha irmã com ele e me deixou pra trás. Mas foi bom, eu não gosto da minha irmã. Ela sempre fazia as coisas e jogava a culpa em mim.

A mulher se espanta, mas retribui o abraço. Quase chorei ali. Não sou do tipo sentimental, não. Mas acontece que... Eu não lembro quando foi a última vez que alguém me abraçou com tanto carinho assim. Nos separamos e ela voltou a cuidar da comida. Eu fui pra sala e liguei a tv. Tava passando um filme de comédia, Gente Grande. Esse filme é legal. Assisti até a Ana chamar todo mundo e por a mesa.

Estávamos todos lá, eu, Katherine, meu pai e minha madrasta, Jaqueline.

-Então, você é a primogênita do meu marido?-disse com um ar arrogante. A encarei e sustentei seu olhar.

-É, acho que sou.-disse no mesmo tom do dela.

-Olha como fala menina!-disse se fazendo de ofendida.

-Cara, não fala comigo.-disse voltando a comer.

-Devia tentar se parecer mais com Katherine!-disse pegando na mão da mesma.

-Parecer como? Sendo uma patricinha mimada que despreza as pessoas que não são da mesma classe social? Não obrigada. Prefiro ser desbocada e educada, do que ser patricinha e mal educada.-disse dando um gole na coca-cola.

-Não sou mal educada!-protestou Katherine.

-É? Porque, que eu me lembre, me chamou de favelada.

-Se se doeu é porque é verdade!-disse com aquele nariz em pé que eu tenho tanta vontade de quebrar.

-Escuta aqui, eu gosto do meu jeito tá? E não é porque me visto assim, que não posso te deixar no chinelo quando quiser. Aliás, seu amiguinho gostou de mim. Não acha?-disse sorrindo maldosa.

-Cala a boca!

-Cala a boca você, pirralha!

-Pirralha é você, idiota!-disse vermelha de raiva.

-Acho que eu sou a mais velha. Mas eu te perdoo. É preciso muito pra ser dez barra dez que nem eu.-digo voltando a comer.

-Você não é nem um barra dez! Metida, idiota!

-Me chama de idiota mais uma vez.-disse séria, a encarando.

-I-di-o-ta!-disse me desafiando.

Me levantei devagar e dei a volta na mesa, ficando do lado dela.

O marrentinho é meu falow?Onde histórias criam vida. Descubra agora