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                                  Kylie
       Após um treino cansativo na academia de natação, decido seguir o caminho direto para casa. Os dias vem sendo tão cheios, várias competições para se preparar, provas e trabalhos de final de bimestre para fazer, preocupação com tudo que vem acontecendo.
         Os ladrilhos da calçada parecem intermináveis e infinitos, desejo chegar em casa e deitar na minha cama. Quando estou dormindo não fico preocupada com a pressão que meus pais me sobrepõem para ser uma filha perfeita, com notas excelentes e várias medalhas e troféus nas prateleiras . 
        Chegando na minha quadra, consigo ver minha casa- dois andares, paredes brancas e um imenso jardim- que foi resultado de muito esforço e trabalho dos meus pais e somente eles. Meu pai, advogado em sua empresa própria, minha mãe, médica em um hospital bem situado e longe de casa.
          Finalmente em frente à minha casa abro a porta e me deparo com a empregada -também minha conselheira- Jane. Me sento no sofá para retirar meu tênis e inicio uma conversa com ela que é possivelmente 10 anos mais velha que eu.

“Oi Jane, como está?  ” pergunto desamarrando meus cadarços.

“Estou bem mas, você me parece exausta.” Ela diz me olhando com preocupação.

“Você está certa, ao menos faltam exatos 37 dias para as aulas acabarem, assim, não me preocuparei mais com a escola.” Me levanto do sofá e vou em direção á cozinha.

“Descanse um pouco e tem lanche pronto” Cuidadosa como sempre. Grito um obrigado já na cozinha.
         Vejo um sanduíche enrolado em papel filme e um copo de leite em cima do móvel de mármore no centro do cômodo. Pego meu lanche e subo as escadas em direção ao meu quarto. Sento em minha escrivaninha e ligo meu notebook. Como e bebo enquanto mexo no Twitter.
           Após terminada a refeição, checo minha agenda e decido começar um trabalho de produção textual. Digitando no computador como se não houvesse amanhã, duas horas depois consigo fazer um bom texto, salvo o mesmo e desligo o computador.
             Já eram 18:00, horário que meu pai e minha mãe chegam do trabalho. Decido ir para o térreo de minha casa, onde Jane faz o jantar enquanto cantarola uma música.

“Buh” Assusto a mesma que estava de costas e dá um pulo, logo se virando para me olhar.

“Você continua a mesma Sky de sempre!” Ela sorri ainda um pouco surpresa.

“Você me chamou de Sky?” sorrio em meio às lembranças.
              Jane e Chan, as únicas pessoas no mundo que me chamavam de Sky, eu sempre amei o apelido que é a junção da primeira sílaba do meu nome com a consoante “s”. O resultado era a minha coisa preferida no universo, o céu.
“Eu gosto de olhar o céu com você. Principalmente a noite, sinto que a escuridão e as luzes  das estrelas são tão fascinantes quanto tu.” Disse um amigo que eu já não tinha contato, Bang Chris, ou como eu gostava de chamar; Chan.
             Lembro como se fosse ontem: umas semanas depois de eu conseguir entrar para a equipe se natação, ele decidiu fazer o teste para o time de basquete da escola; talentoso como é, conseguiu. Com os meus treinos e trabalhos -afinal, estávamos na mesma série porém em turmas diferentes- e também com o início dos treinos dele, não tínhamos tanto tempo para nos vermos e a amizade deixara de ser prioridade. Tenho boas lembranças dele, o máximo que fazemos atualmente   é trocar olhares e sorrisos.
           Depois que seu pai morreu- há algumas semanas atrás – ele parece disperso. No dia do falecimento eu estava olhando o movimento da rua pela minha janela, vi o carro da funerária passar e recebi uma mensagem da minha mãe que dizia:
O pai do Chris morreu se arruma que eu vou comprar umas flores pra você levar, o velório é na casa dele.
      Na hora uma onda de desespero bateu, vesti uma roupa simples e esperei minha mãe na sala de estar. Ela chegou com sua maleta e um cesto de flores, logo o entregando para mim.
“Filha, não poderei ir com você, estou muito cansada. Seja educada.” Eu certamente odiava e continuo odiando a frieza da senhorita Jessi Cohan, que eu chamo intimamente de mãe.
      Eu ainda não conseguia acreditar, ainda mais sabendo que os homens Bang eram muito unidos . Corri as quatro quadras que separam nossas residências e logo avistei a entrada de sua casa onde haviam vários carros. Adentrei a casa e vi o caixão do falecido, ao lado Vanessa- mãe de Chan- segurando o pequeno garotinho Luccas, que com apenas 5 anos presenciou a morte do pai. Os dois choravam e eu me aproximei, ao invés de dizer palavras que eles iriam escutar a noite toda, apenas abracei os dois e deixei as flores junto às outras . A senhora Bang apontou para o sofá onde Chris estava, me aproximei do mesmo, até então de cabeça baixa apoiada nos cotovelos, e sentei do seu lado. Coloquei a mão em seu ombro e ele levantou o olhar em minha direção. Peguei sua mão e apertei, ele apertou de volta. Foi um momento de silêncio, mas foi mais significante que qualquer discurso que eu poderia dar. Ele mudou seu humor completamente. Soltou minha mão, levantou e disse algo que nunca esquecerei:
“Por favor, vá em bora, não quero que me veja assim.” Ele andou para longe e meus olhos marejaram.
       Me despedi de Vanessa e ela havia visto a situação, pediu desculpas mas, eu não culpava Chan ele não tinha necessidade de ser legal comigo em um momento daqueles.
        Ouvi dizer que ele está indo mal nos jogos de basquete, ele não quis parar nem com o acontecido. Hoje será a última chance dele de continuar no time. Mesmo ele não querendo meu apoio, irei vê-lo jogar.

“EI! KYLIEEEEE” Pauso meus devaneios com os gritos de Jane, ela já colocou a mesa e terminou de preparar a janta.

“Desculpa, me perdi.” Ela ri.

“Sei bem aonde, meu amor.” Diz Jane, que sabe tudo sobre mim, ela realmente deve saber o que eu estou pensando.
     
         Meu pai , Rick Cohan, adentra a sala de jantar e beija minha testa. Logo após mamãe chega e nós três jantamos juntos. Eles me dão permissão para ver o jogo, vou para meu quarto me arrumar e mando uma mensagem para minha melhor amiga, que por sorte dela morava a exatos 50 metros da escola.

Kylie:
Oi bruxa, vamos no jogo de basquete comigo?

Lisa:
Eu já ia te convidar, estou quase pronta.

Kylie:
Telepatia das best Friends. Tô saindo de casa bjs

Lisa:
Se cuida anjão
         
         Me despeço dos meus pais, pego minhas chaves e calço meus tênis.

Continua.
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Oi quem está lendo isso, espero que tenha gostado.
Aperte a estrelinha para deixar a Bibi felizinha.
-Bia

healing {bangchan}Onde histórias criam vida. Descubra agora