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"Fortes razões, fazem fortes ações."
- William Shakespeare

- Acabei de chegar na casa da Ayla - deixo uma mensagem de voz para Justin, pondo o celular no bolso em seguida. - Tem certeza que não vou te incomodar ficando aqui? - pergunto para ela.
- Eu moro sozinha, Sam! Não tem como você incomodar!
- Vou começar a ligar imediatamente para algumas imobiliárias - digo, pegando um jornal na mesa da sala.
Passei o restante daquele dia que não fiquei presa dentro de um avião sem fazer nada e procurei por apartamentos no jornal e na Internet.

(...)

8:15 A.M

Acordo com uma enorme dor no pescoço. Deve ser pelo simples fato de eu ter simplesmente apagado ali e dormido a noite inteira na mesma posição. O cheiro de café me despertou mais ainda... Ayla me olha rindo.
- Não quis te acordar, parecia tão confortável - ironiza.
- Ai meu pescoço! - reclamo com a mão no mesmo.
- Falando em dor... Neymar joga hoje! - diz, pegando seu celular - na verdade... Agora mesmo ele já deve estar em campo. - completa, ligando a tv no canal em que está sendo transmitido o jogo.
- Obrigada por me lembrar, Ayla! - deito a cabeça na mesinha, mas não deixo de olhar para a TV.
- Você vai partir o coração do Bieber - diz analisando minha situação.
- Mais sucesso musical para ele! - brinco.
- Tá! O Bieber é músico, mas e o Neymar? Vai imaginar você sendo a bola de futebol? - ri.
- Se ele fosse capaz de amar alguém, quem sabe! - digo amarga, encarando o mesmo que acabara de receber um passe de bola.
Ela ri.
- Você viu a loira? - pergunto.
- Era bonita, admita.
- Era, mas só queria o dinheiro dele!
- E ele só queria uma foda! - ri.
- Babaca! - resmungo.
Meus pensamentos revoltantes são despertados pelo toque do meu celular.
Mamãe.
- Bom dia, mãe!
- Oi filha - sua voz era chorosa.
- O que houve? - me levanto de imediato.
- Sam...o teu pai, ele... ele sofreu um acidente.
Minhas pernas vacilam.
- Como ele tá? É grave?
- Ele está em coma, Sam...
- Eu...eu vou pegar o primeiro vôo mãe, eu preciso desligar, chego aí em algumas horas...
Desligo o celular sem ao menos deixar ela se despedir.
- Ayla! - meus olhos marejam.
Sem entender nada ela, ela tira os olhos da tv e me encara assustada.
- O que foi, Sam?
- O meu pai sofreu um acidente...
- Como?
- Eu não sei, mas eu preciso ir pro aeroporto - digo enquanto pego minha mala que ainda estava intacta, já que ontem nem a desfiz.
- Eu te levo! - diz pegando seu casaco.

Alguns minutos depois, cheguei ao aeroporto e peguei o primeiro vôo para o Brasil.
Em uma pilha de nervos, nem pensei em tirar o carregador de dentro da mala, assim então, sem carga no celular não pude me comunicar com ninguém.

00:05 A.M

Chegando ao Brasil, fui diretamente para casa. Tomei um banho rápido enquanto deixava meu celular na tomada para atualizar as notícias e assim que sai do banho, peguei a localização do hospital e fui para o mesmo.

- Por favor, em que quarto está internado Ricardo Wegmann? - pergunto na recepção.
- Você é parente do paciente? Posso ver sua identidade? - com a menor vontade do mundo, e com a maior cara de nojo, me perguntou a mulher.
- Sou filha - digo entregando-lhe minha identidade.
Depois de vagarosamente olhar para meu RG e para o meu rosto umas três vezes, ela digitou alguma coisa no computador a sua frente - quarto 204, segundo andar. - diz me devolvendo a identidade.
Respiro fundo, agradeço e vou até o elevador, subindo ao segundo andar.
Caminho algumas portas e em uma delas tem uma menina sentada em um banco ao lado de uma porta.
É Sofia.
Levantando o rosto vermelho, ela tem um olhar surpreso ao me ver, mas sem exitar corre para os meus braços.
Seus olhos combinam estranhamente com a cor das suas bochechas.
- O papai Sam! -resmunga aos soluços.
- Vai dar tudo certo, meu amor! - digo sem certeza alguma, mas eu precisava encoraja-la.
Deposito um beijo em sua testa.
- Ele vai embora pra sempre?
Sua pergunta faz minha garganta fechar.
Nego com a cabeça.
Pego sua mão e entro no quarto.
Mamãe corre para os meus braços.
Seu estado é péssimo...
- Filha...
- Eu tô aqui, mãe!
Depois de um abraço apertado ela me solta.
Caminho até a cama onde papai está inconsciente. Dormindo em um sono profundo.
Mamãe pega Sofia no colo e sai do quarto.
Me sento na beira da cama e pegando em sua mão.
- O senhor pode me ouvir, certo? - questiono já não resposta. E assim foi, a única resposta que tive foi a do silêncio.
Acaricio sua mão.
- Você vai sair dessa, papai, eu prometo! - Beijo sua mão e com meus olhos já marejados continuo a falar - Fiquei sem tempo de ligar pra vocês pra dizer que ganhei a competição - rio - desculpa por eu não estar aqui!
A porta do quarto é aberta por um senhor de jaleco branco com uma prancheta na mão.
- Eu preciso fazer alguns procedimentos, você poderia esperar lá fora? - pergunta o homem, com um sorriso simpático.
- Claro. - digo educadamente - Eu já volto, papai... - digo saindo da sala.
Mamãe está com Sofi no colo sentada no mesmo banco ao lado da porta.
- A gente pode conversar sozinhas? - pergunto.
Ela põe Sofi sentada no banco.
- Nós já voltamos, tá querida? - ela diz acariciando a bochecha de Sofi, que concorda.
Nos afastamos um pouco da minha irmã.
Respiro fundo.
- Como aconteceu? Quando aconteceu?
- Eu não sei exatamente como, mas seu pai provavelmente dormiu no volante essa madrugada, e o carro bateu de frente com uma carreta.
- Ele vai sair dessa, não vai?
Ela suspira.
- É complicado, Sam. É impossível dizer. Muitos já saíram do coma, já outros só ficaram vivos através do aparelho, ninguém sabe... - ela diz me abraçando.
A aperto fortemente.
- O papai é forte! - tento ser positiva. - Você já avisou a família do Neymar?
- Avisei a algumas horas.
- Eles vem?
- Todos já estiveram aqui mais cedo, exceto Neymar, que teve um jogo essa tarde, ou melhor ontem... Por isso não veio...
- Senhora Wegmann? - o médico se aproxima - Acabei de fazer um shecap e nada mudou ainda...
- Obrigada, doutor - ela agradece.
O médico sai pelo corredor e nós voltamos para o quarto.
Ligo a tv em um dos canais de esporte e está reprizando o jogo de Neymar.
Faltando apenas 1 minutos de prorrogação para o jogo acabar,
Neymar recebe o passe de bola e chuta a bola para dentro do gol.
Sofia abre um sorriso enorme no rosto. Suponho que ela não assistiu o jogo assim como eu.
E então o juiz apita o fim de jogo.
- Gostou? - pergunto a ela.
- Foi pra mim!
- Foi? - questiono, não entendendo.
- Neymar me prometeu um gol nesse jogo! - Sorri.
Sorrio involuntariamente de volta.
- Parabéns pelo seu gol então! - digo dando um beijo em seu rosto.
- Sam, leva sua irmã para comer alguma coisa? Ela não comeu nada ainda.
- Não tô com fome, mamãe! - diz.
Não dando ouvidos a ela, pego-a pela mão e a puxo comigo.
- Você precisa comer! - saímos a procura da cantina do hospital, o lugar era silêncio a essa hora da noite.
- Senti sua falta, Sam... - ela diz com uma cara tristonha.
- Também senti a sua, pirralha!
- Vi você beijando o Justin Bieber! - diz fazendo uma cara de nojo.
Rio.
Chegando na cantina, peço um sanduíche pra Sofia, e dois sucos naturais.
- Achei que você gostassr das músicas do Bieber! - tento descontrair.
- E eu gosto, mas eu prefiro você com o Neymar! - dispara.
Sugando o suco no canudinho, começo a tossir me surpreendendo com as besteiras que saem da sua boca.
Ela começa a rir enquanto nos sentamos ali em um banco para ela comer.
- Você gosta dele! - dispara novamente.
Arregalo os olhos.
- Não pira, pirralha. Nós dois não temos nada haver!
- Isso não muda o que as pessoas sentem umas pelas outras! Você já assistiu Shrek? - confirmo - Então, lá no filme, o burro fica com o dragão, e eles não tem nada haver com o outro!
Semicerro os olhos para ela.
- Você só tem 5 anos, vai devagar com as lições de moral - brinco.
Ela sorri.
- Acho que ele gosta de você!
- Por que acha isso?
- Ele gostou de olhar o seu quarto aquele dia que ele teve lá em casa.
- Você mostrou o meu quarto para ele? - olho para ela de olhos arregalados não acreditando no que acabara de ouvir.
- Foi só uma vez. - se defende.
- Você é inacreditável, Sofia!
- Está brava comigo? - seus olhinhos de cachorro sem dono me fazem sorrir. Não que eu esteja feliz, mas para ela, eu precisava parecer estar, principalmente agora.
- Claro que não meu amor, mas se você não comer esse sanduíche, eu vou ficar - sorrio.
As minhas palavras serviram como mágica, pois nunca vi ela comer tão rápido algo na vida.

Voltando para o quarto com Sofia adormecida em meus braços, insisti para que mamãe fosse para casa.
- Vai pra casa com a Sofia, descansa e volta amanhã cedo! - digo.
- Não vou deixar seu pai aqui sozinho, Sam!
- Eu estarei aqui, cuidado dele. Vai, por favor! Sofia já está até dormindo...
- Tudo bem! Amanhã cedo, eu volto assim que deixar Sofia na escola.
Ela beija a minha testa e do papai, pega delicadamente Sofia dos meus braços e sai do quarto.
Me sento na poltrona ao lado da cama e junto a mão do papai com a minha.
- Faz tempo que não passamos tanto tempo juntos! - digo já caindo de sono...
















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