Aniversário

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"Quanto mais fecho os olhos,
melhor vejo...
Meu dia é noite quando estás ausente...
E à noite eu vejo o sol
se estás presente..."

- William Shakespeare.


Ele se sentou no mesmo lugar onde eu estava com Gabriel minutos antes.

Me sentei ao seu lado, que pareceu nem notar a minha presença, já que seus olhos fitavam o gramado a frente sem nenhuma expressão.

- Você tá bem? - perguntei a primeira coisa que me veio a mente. Afinal, não seria isso que todos questionariam?

Ele pousou seus olhos em mim, e assim que fez, vi seus olhos brilharem. Juntamente com isso, uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

- A minha vida inteira foi uma mentira, você acha que posso estar bem agora? - questionou, deixando uma risada escapar.

Respirei fundo, para evitar lhe enfiar um soco na cara.

- Eles sabem? - questionei e ele me olhou sem entender - Que você fez um exame de sangue?

Ele nega com a cabeça.

- Você não deveria ficar com raiva deles...- digo, já prevendo a situação.

- Sou maduro o suficiente pra não ficar revoltado com isso, Samantha! Só não vou entender por que me esconderam isso por 26 anos...- explica, me olhando nos olhos.

- Eles deveriam ter seus motivos para nunca terem te contado...- digo, tentando achar uma solução cabível para lhe deixar menos tenso.- Sabe? Talvez não queriam que você se sentisse deslocado, ou menos amado!

Ele da um leve sorriso e franze a testa, me deixando sem entender.

- O que foi? - questiono.

- Por que está sendo legal? Por que se importou em ver como eu estava mesmo quando eu fui grosseiro com você desde que nos conhecemos? - questiona.

Ainda bem que ele tinha total noção de quão idiota havia sido comigo.

Exceto pelo encontro no mercado, aposto que ele nem tinha se dado conta de que se tratava de mim quando me ajudou com a lata.

- Todo mundo passa por momentos ruins, querendo ou não isso afeta o nosso humor...- digo, sendo surpreendentemente compreensível.- Gabriel me contou que você se separou recentemente.

- Gabriel fala demais as vezes - diz dando um leve sorriso.

Paro a encará-lo.

Sua boca se abre, parece que ia dizer algo, mas foi interropindo pelo grito de sua mãe.

- Phil, pode vir aqui rapidinho? - pediu ela aparecendo na porta. Quando me viu um sorriso se formou em seus lábios - Prometo devolver ele em um minuto, Samantha! - ela diz puxando o rapaz pela mão, como se ele tivesse 10 anos.

Sorrio consentindo.

Logo depois de Philippe sair dali com sua mãe, resolvi entrar para não parecer tão antisocial.
Conversei com algumas pessoas da família de Philippe que eram incrivelmente simpáticas e algum tempo depois, papai me convidara para ir embora.

Eu não o via tão contente assim fazia um bom tempo já. Fiquei um pouco sem entender, já que eram apenas contratos como qualquer outros que ele fizera.

(...)

8:13 AM.

- Tem certeza que vai ficar bem? - ele perguntou assim que seu Uber chegou em frente ao prédio.
- Vou sim, papai! Prometo! - digo lhe dando um abraço de despedida.
Ele beija minha bochecha e seu olhar entristece.
- Desculpa não ficar pro seu aniversário - diz chateado.
Sorrio.
- Ganhei o melhor presente - digo olhando para o prédio, referindo-me ao apartamento.
Ele sorri e entra no carro.
- Juízo menina!
- Manda um beijo pra mamãe e Sofi.-digo ignorando seu comentário.
Ele sorri acenando enquanto o carro se distancia.

 Dancing On My Own Onde histórias criam vida. Descubra agora