Um Tempo...

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" A desconfiança é o farol que guia o prudente."

- William Shakespeare


Philippe virou a chave desligando o carro, já em frente ao prédio.

- Está entregue! - disse com as mãos sobre as pernas.

- Não quer entrar? - questiono abrindo a porta do carro.

Ele deixa um leve sorriso transparecer.

- Preciso voltar pra casa, mas obrigado pela companhia - diz, pondo as mãos no volante.

- Tudo bem então, boa noite, Philippe! - digo lhe devolvendo um leve sorriso, descendo do veículo, batendo a porta logo em seguida.

- Boa noite, Samantha! - ele diz sob o vidro, acelerando o veículo em seguida.

(...)

Fechei a porta do apartamento atrás de mim, jogando o calçado num canto e adentrei-o. Neymar estava escorado na sacada do apartamento em silêncio.

- Oi! - digo me pondo ao seu lado, tendo um pequeno deja vu do dia em que nos conhecemos em SP e trocamos algumas palavras na sacada.

Seu rosto se vira para mim, me deixando ver seus olhos verdes se destacarem pela vermelhidão ao redor.

Ele havia chorado.

- Aonde você tava, Samantha? - questiona em voz baixa.

- Resolvendo uns negócios - digo, me aproximando dele, segurando seu rosto com as minhas mãos- Por que está chorando?

Ele da um leve riso debochado, tirando com suas mãos, as minha do seu rosto, as afastando para baixo.

- Negócios! - repete minha fala.

Franzo a testa sem entender.

- Você não atendeu nenhuma das minhas ligações, eu pensei que tivesse acontecido alguma coisa. - diz.

- Eu não podia, ok? Eu tava ajudando um amigo!

- Por que tá mentindo pra mim ? - questiona saindo da sacada com passos largos para dentro do apartamento.

- Eu não tô mentindo, Neymar!

Ele nega com a cabeça e entrega seu celular desbloqueado na minha mão.

Havia fotos minhas abraçadas com Philippe de minutos antes, em frente à sua casa.

Droga! O que ele vai pensar agora?

- Não sei quem te enviou isso, mas não é o que parece! - digo tentando me explicar.

- Não é? - ri - O que faz a MINHA namorada, agarrada com um dos meus melhores amigos??? Parece bem o que tá aí! - diz passando a mão no cabelo nervoso.

Fico em silêncio, sem saber o que dizer.

Ele me encara por alguns segundos. Respirando fundo, caminha até o quarto.

O sigo imediatamente.

- O que tá fazendo? - pergunto ao ver ele por a mala em cima da cama.

- Vou voltar pra Paris - diz, pondo algumas de suas roupas que estavam fora, dentro da mala.

- O que isso significa? - volto a questionar, agora já pondo sentir meus olhos embaçarem, porque eu sabia exatamente o que significava.

- Que eu quero um tempo...- diz largando a mala, me encarando.

- Vai acreditar na primeira tentativa da mídia de nos separar? - Rio em meio às lágrimas.

- Nenhum paparazzi te jogou nos braços do Philippe, Samantha! Jogou?

Nego revirando os olhos.

- Eu e Philippe somos amigos, assim como Gabriel, porque não acredita em mim? - imploro.

- Porque você estava com ele então, Samantha? Não atendeu minhas ligações e porque não disse aonde ia?

- Você não confia em mim! - percebo, deixando escapar uma risada, mais de tristeza do que próprio deboche.

- Eu vi ontem como ele olha pra você, é do MESMO jeito que eu olho...- diz com certo pesar, Talvez ele não quisesse admitir.

- Por que você inventa coisas? Por que deixa esse ciúme idiota falar mais alto? - questiono indignada, segurando o pingente da correntinha no meu pescoço.

Notando meu movimento, ele olha pro pingente que causou reflexo.

Ignorando completamente minhas palavras, ele franze a testa e questiona:

- Quem te deu? - suas palavras saíram como se ele já soubesse.

Respirando fundo, respondo.

- Philippe.

Ele fecha a cara totalmente, e pega a mala.

- A gente precisa de um tempo! - diz passando por mim com a mala na mão.

- Neymar, para! - digo segurando seu braço.

Me olhando nos olhos, e descendo para minha boca, ele volta a questionar.

- Você me traiu com ele?

Solto seu braço, percebendo que não valeria a pena ter ele ali, se ele não conseguia confiar em mim.

Antes que eu pudesse dizer, uma lágrima escorreu.

- Eu amo você, mas se você tem desconfiança da nossa relação, eu concordo em darmos um tempo...- admito dando um passo para atrás.

Vendo a tristeza dançar em seus olhos, e por um instante, por um mísero, eu consegui o ver dizendo que não queria ir. Mas o seu corpo reagiu de maneira diferente, e ele balançou a cabeça em concordância e caminhou até a saída.

Meu coração ardeu assistindo seu corpo se afastar do meu. Minhas pernas fraquejaram e eu caí em lágrimas ali mesmo, pois se eu não podia controlar os meus sentimentos, então eu também não poderia exigir  confiança a ele.

Aqueles olhos verdes me ganharam assim que os vi pela primeira vez na minha frente, mas, de alguma forma, os castanhos dos olhos de outro alguém, insistiam em confundir o meu coração assim que apareceram, e eu não sabia o por que.








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