As Gêmeas

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Eu sei que tudo deu errado por minha culpa, sei que Sasuke pode estar no fundo me odiando por não ter ido embora com ele, sei que ninguém é capaz de resistir a tantos obstáculos.

Talvez, ele até desista de tudo pelo que passou por mim.

Dói e doeu tanto olhar nos olhos de quem mais amo e o ver sofrer. No entanto, eu não me sentiria bem comigo mesma se pensasse só em mim, somente na minha felicidade.

Meu pai, eu tenho que arranjar um jeito de fazê-lo enxergar quem aquela mulher é de verdade. Eu não posso conviver comigo mesma sabendo o que está prestes a acontecer e simplesmente fazer nada para impedir, ignorar, o deixar ser assassinado.

Apesar de tudo eu o amo também, ele é o meu pai e foi alguém em alguns momentos da minha vida que se importou comigo, que me deu um pouco de afeto.

Não consigo não ter sentimentos pelas pessoas. Ouvia os barulhos no andar inferior da casa, ainda estava acontecendo aquele baile de comemoração, eu estava aqui trancada vestida com o vestido de festa, caída em minha cama segurando meu peito e sentindo falta de ar por tudo que fiz o amor da minha vida passar.

Meu pai o desprezou como se ele fosse um nada, e ainda o fez sair algemado de minha casa. Eu me sentia desprezível por fazê-lo passar por tudo isso, ele não merecia ser tratado assim, o Sasuke é uma pessoa tão humana, tão pura de caráter.

Como alguém consegue não gostar de uma pessoa com uma luz própria tão única como a dele?

Eu vou me apegar e vou carregar suas palavras "vai ficar tudo bem meu amor", somente por causa delas ainda sou capaz de confiar em mim mesma, e acreditar que minha guerra interior um dia vai ter um fim.

Levanto-me da minha cama, vou até o banheiro retirar o vestido, mas antes, me olho no espelho e toco os meus lábios com os dedos e um sorriso no rosto. Há alguns minutos estes mesmos lábios estavam encostados nos dele, estavam sentindo o sabor de sua boca, de sua pele – pensei comigo mesma acariciando levemente minha boca. A pele de Sasuke em contato com a minha era como mágica, tudo de ruim que um dia aconteceu e que possa acontecer comigo, desaparece no momento que a sinto.

Abaixo o zíper de traz e deixo o vestido cair sobre minhas pernas. Fecho os olhos, e deles muitas lágrimas descem pelo meu rosto, porém, eu continuo sorrindo porque sei que ainda tenho o Sasuke, ainda tenho em quem me apoiar, apesar de sentir que no fundo eu não o mereço de verdade.

Tiro toda minha roupa íntima e entro no chuveiro.

Começo a lavar meu corpo e penso comigo mesma como eu queria sentir o gosto de Sasuke em meus lábios até poder o ver novamente. Passo a minha própria língua na boca tentando senti-lo aqui comigo.

- Meu amor me perdoa por ser tão fraca, me perdoa amor – falava comigo mesma sentindo a água gelada cair em minha cabeça e molhar todo o meu corpo. Lavei meu cabelo soluçando de tanto chorar, era mais forte que eu, não conseguia parar pois toda vez aquela cena me voltava na cabeça.

A cena dos olhos brilhantes de Sasuke me olhando com tristeza. A cena de o arrastando para longe de mim algemado. Isso me machucou tanto que dói toda vez que fecho meus olhos e a vejo novamente. Eu o fiz sofrer.

- Eu sou um monstro – chorava falando sozinha comigo mesma dentro do banheiro.

Volto a me deitar na cama após me vestir e fecho meus olhos para tentar dormir. Torço que as horas passem rápido, porém, sei que nenhum esforço que eu faça tenda a melhorar a minha dor. Somente Sasuke poderia arrancá-la de meu peito com seu carinho. Aperto meus olhos com força agarrada ao travesseiro de minha cama, e sinto o tempo passar.

StigmatizedOnde histórias criam vida. Descubra agora