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— Eu não comia tão bem assim desde o meu tempo de colégio — Nick comentou, no meio da refeição. — Está ótimo.

O elogio fez os lábios de Eden curvarem-se num sorriso. Dissera que iria preparar os restos do almoço mas, na ver­dade, só o que havia sobrado de sua última refeição era uma vasilha de ervilhas. Repreendendo-se pelo convite pre­cipitado, ela correra para a cozinha para fritar fatias de pre­sunto e batatas com bacon. Bateu depressa a massa para os bolinhos de milho e colocou-os no forno. Quando Nick chegou, cerca de meia hora depois, Eden havia preparado uma salada de tomates e ervilhas e todo o resto da refeição estava quase pronto para ir à mesa.

— Obrigada — Eden agradeceu. — Eu poderia ter feito uma torta de carne, mas achei que iria demorar.

— Se ficasse melhor do que está, acho que eu não ia agüentar — Nick declarou, levando à boca um pedaço de bolinho de milho.

Eden sentia-se satisfeita. Sabia que era uma boa cozi­nheira, ao contrário de suas irmãs, que mal conseguiam ferver água. Gostava de culinária, mas não vinha cozinhando muito desde a morte de seu pai. Felizmente, não havia per­dido a prática. Era bom ver que alguém apreciava o que ela fazia.

— Por que eu nunca a conheci antes? — Nick indagou, despejando molho sobre sua segunda porção de presunto com batatas. — Estive aqui umas duas ou três vezes visi­tando Mariah.

— Não sei. Mas Mariah sempre falou muito de você.

Nick ficou pensativo por alguns instantes. Quando ergueu os olhos do prato, sua expressão era séria.

— Ela está feliz?

— Mariah? Está mais feliz do que nunca.

— E o reverendo a está tratando bem?

Eden franziu a testa, estranhando aquela preocupação. Seria possível que Nick nutrisse uma paixão secreta por sua irmã caçula?

— Ford a adora.

— É bom mesmo.

Eden o encarou, cautelosa. Mariah estava satisfeita com o marido e a gravidez. Seria um problema se tivesse que enfrentar uma situação desagradável com alguém que ela considerava como sendo seu melhor amigo.

— Você não... bem... Você está apaixonado por Mariah?

Ela não sabia que tipo de resposta esperava, mas com certeza não era a expressão de total surpresa que se apossou do rosto de Nick, nem a risada que encheu a sala.

— Eu? Apaixonado por Mariah Calloway? Felizmente, não cometi essa loucura. Ela é uma grande amiga. Homens e mulheres podem ser amigos, não acha?

— Claro — Eden respondeu, pensando em sua própria amizade com Seth Taylor. — Mas Mariah não é bem o tipo de pessoa que se disporia a ouvir os problemas dos outros e oferecer seu ombro amigo. Ela nunca foi muito estável, isto é... ela é tão agitada e...

— Eu sei. Mas Mariah e eu nunca ficamos conversando sobre nossos problemas pessoais. Nunca fizemos perguntas um ao outro que nós mesmos não gostaríamos de responder. Apenas nos aceitamos mutuamente e fomos vivendo cada dia do jeito como vinha. Um compreendia a necessidade que o outro sentia de viver daquela maneira, embora não soubéssemos por quê.

Os olhos dele pareciam cheios de lembranças de lugares onde Eden nunca estivera, de coisas que ela nunca vira. Mas Nick voltou depressa ao presente.

— Às vezes, Eden, alguém aparece de repente e você sabe que essa pessoa vai desempenhar um papel importante em sua vida. As vibrações parecem combinar, ou algo pa­recido. Foi o que aconteceu entre mim e Mariah. Nós com­partilhamos algumas das experiências mais significativas de nossa vida, e nenhum de nós estava disposto a se apaixonar e correr o risco de perder o que sentíamos um pelo outro.

EDEN Quatro Destinos 4Onde histórias criam vida. Descubra agora