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— Quero ver Nick e Nicole — Stuart pediu, quase duas semanas depois. Embora sua tala ainda estivesse um pouco lenta e difícil, ele vinha melhorando dia a dia.

Theresa ergueu os olhos da revista que estava lendo, sur­presa.

— Você quer ver Nick? — indagou com incredulidade.

— Quero.

— Mas, Stuart, ninguém sabe onde Nick está — ela lem­brou, deixando a revista sobre a mesa e aproximando-se da cama. — Eu não o vejo desde que ele partiu três anos atrás.

— Idiota — Stuart murmurou, fechando os olhos como para bloquear algo que não desejava ver.

— Nick?

— Não, eu.

— Você? Por quê?

— Por confundir dinheiro com felicidade e deixar que isso regesse minha vida. E por permitir que esse meu maldito orgulho me impedisse de fazer o que era certo.

— Não estou entendendo.

Ele tentou sorrir. O lado esquerdo de seu rosto, ainda parcialmente paralisado, torceu-se para baixo.

— Há quanto tempo estamos casados, Theresa?

— Trinta e dois anos.

— Trinta e dois anos — ele repetiu. — Por quê?

— Por quê? — Theresa não compreendia onde ele estava querendo chegar

— Por que ficou comigo todos esses anos depois do que eu a fiz passar?

Theresa sabia a que ele se referia. Perguntava por que ela havia ficado, mesmo sabendo de todos os seus casos extraconjugais, das práticas comerciais nem sempre louvá­veis, de seu uso do poder e do dinheiro para conseguir tudo o que queria... incluindo Ellie Tanner.

— Por que você me deixou ficar?

— Você era minha esposa.

As palavras foram pronunciadas como se pudessem ex­plicar tudo. Mas não satisfaziam Theresa.

— E daí?

— Apesar do que fiz, ou do que você fez, sempre acreditei que casamentos deviam durar para sempre.

— Para sempre? Mesmo que não seja um casamento feliz?

— Mas eu fui feliz, Theresa. Você não sabia disso?

— Como poderia saber? — ela indagou, com a incredu­lidade evidente em seus olhos. — Você nunca disse.

— Eu não sou uma pessoa muito efusiva — ele murmu­rou, evitando fitar a esposa.

— Sem dúvida — ela concordou, com a voz trêmula.

Com esforço, Stuart alcançou a mão dela.

— Sei que fiz coisas erradas, mas isso não significava que eu não era feliz com você... ou que não a amasse. É apenas o jeito que eu sou. — Ele fez uma pequena pausa. — Admito que, por um longo tempo depois que nos casa­mos, eu ainda gostava da mãe de Keith. Ela não merecia,
mas parecia exercer uma espécie de atração sobre mim. Quando ela se envolveu com outro homem, mal pude acre­ditar. Decidi que precisava de alguém diferente para criar Keith, e você era perfeita. Infelizmente, demorei para per­ceber quem ela era de fato, e que você era uma pessoa muito melhor.

— Por que nunca me disse isso?

— Acho que tive medo de me expor, de ficar vulnerável outra vez. — Havia uma expressão triste nos olhos dele. — Não gosto de ser vulnerável, Theresa. Nunca gostei. Mas sempre procurei estar em casa para o jantar... e nunca es­queci seu aniversário... ou o de Nick e Nicole.

EDEN Quatro Destinos 4Onde histórias criam vida. Descubra agora