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A segunda-feira amanheceu clara e fria, como um típico dia de novembro. Uma brisa leve dançava entre os ramos das árvores e fazia as folhas caídas correrem sobre o gramado.

Depois de lavar algumas roupas, Eden colocou duas tortas de maçã no forno. Sentia-se cansada, mas sabia que não adiantava voltar para a cama porque não conseguiria dormir. Havia dias que andava tensa e agitada, com o problema da madeireira e o medo constante de que Nick saísse para o trabalho uma manhã e não voltasse mais. Quanto a Nick, não havia nada que pudesse fazer. Mas talvez ainda tivesse uma solução para a madeireira. Odiava a idéia de dar aquele telefonema, mas não podia adiar por mais tempo.

Depois que o gerente do banco lhe recusara o empréstimo, Eden estudara todas as alternativas e a única fonte possível para obter o dinheiro parecia ser E.Z. e Jo.

Embora lhe fosse muito desagradável a idéia de pedir dinheiro, não sabia a quem mais recorrer. Uma pessoa fa­mosa e bem-sucedida como E.Z. devia ter os recursos ou, pelo menos, os meios para obtê-los. Com um suspiro re­signado, discou para o apartamento que Jo e E.Z. ocupavam quando estavam em Nova Orleans.

— Alô?

— Oi, Jo. E Eden.

— Eden! Oi! Como estão todos?

— Bem.

Eden contou à irmã sobre a festa do Dia das Bruxas, sobre a última consulta médica que Mariah fizera por causa da gravidez e sobre o emprego de professora que Tess havia conseguido.

— E você? Mariah me disse que tem saído com aquele amigo bonitão dela, Nick Logan.

— É verdade.

— Ele é um gato, mas tenha cuidado.

— Todo o mundo vive me dizendo isso — Eden declarou, secamente. — Mas eu sei cuidar de minha vida.

— Tudo bem, não tive intenção de me intrometer. Acho que vamos estar aí logo. Pelo menos no Dia de Ação de Graças. E.Z. está quase terminando o trabalho por aqui.

— Que bom. Estamos com saudade.

— E como anda a situação da madeireira? Nenhuma no­tícia de Frannie?

— Nada. — Eden tratou de aproveitar a deixa. — Por falar na madeireira, preciso pedir-lhe uma coisa.

— Claro. O que é?

— Há alguma maneira de você e E.Z. arrumarem dinheiro para nos ajudar a tocar a firma até conseguirmos cobrar umas dívidas pendentes? — Eden pronunciou depressa seu discurso ensaiado. — Você sabe que eu não pediria se não estivesse desesperada.

— Eu sei. — A voz de Jo perdeu o entusiasmo. — Eu e E.Z. já conversamos sobre isso, Eden. Achamos que a madeireira logo teria problemas sérios depois que soubemos da história de Frannie, mas isso não poderia ter acontecido em pior hora para nós. E.Z. mandou o dinheiro para a cons­trução da casa para desabrigados na Califórnia e prometeu uma enorme quantia para manter funcionando a que já está pronta aqui. Além disso, ele gastou muito em seu novo estúdio e na editora de músicas. Não é má vontade, Eden, mas...

— Eu compreendo — Eden afirmou, piscando para conter as lágrimas. Apesar da decepção, sempre sentia uma pro­funda admiração pelo modo como E.Z. gastara rios de di­nheiro em obras beneficentes para os desabrigados.

— Sinto muito. Vou conversar outra vez com E.Z. Talvez ele pense em alguma maneira de arrumar dinheiro rápido. Ou pode conhecer alguém...

— Obrigada, Jo. É que ando tão aborrecida.

EDEN Quatro Destinos 4Onde histórias criam vida. Descubra agora