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— Cuidado com o escapamento — Nick avisou minutos depois, ao lado de sua Harley Davidson. — Ainda deve estar quente.

Sem se importar com o fato de seu vestido ser novo, Eden segurou a barra de trás, puxou-a entre as pernas e prendeu-a na frente do cinto, como se a saia fosse uma espécie de fralda. Sorriu da própria engenhosidade enquanto acomodava-se no banco da motocicleta, expondo uma por­ção generosa de suas coxas. Nick evitou fixar a atenção. As pernas de Eden já eram presença constante em sua mente mesmo sem aquele estímulo adicional.

— Tome. Coloque o capacete — ele mandou.

Eden ergueu o pesado apetrecho sobre a cabeça. Preferia não usá-lo e sentir o vento em seus cabelos, mas lei era lei.

— E o seu?

— Eu raramente uso. — Ele ergueu o braço para ajudá-la a prender a alça e suas mãos se tocaram. Porém, em vez de afastar-se como o instinto mandava, Eden enlaçou seus dedos nos dele, detendo-o.

— Então eu também não quero usar.

Ele a fitou por um momento e acabou cedendo. Acomodou-se no banco, ligou o motor e olhou para trás por sobre o ombro. Poucos centímetros separavam seus rostos.

Os olhos de Eden brilhavam de entusiasmo e expectativa.

Ela umedeceu os lábios num gesto que foi tão espontâneo quanto sensual. O coração de Nick acelerou e ele teve de controlar o desejo de inclinar-se e pousar sua boca sobre a dela.

— Segure-se em mim — avisou.

Eden obedeceu, cautelosa. A malha fina da camiseta não a impedia de sentir a rigidez dos músculos e o calor da pele. Ela suspirou. Aquele ia ser um longo passeio.

Nick colocou a motocicleta em movimento e seguiu em direção à estrada, ganhando velocidade segundo a segundo. Riu quando Eden gritou de surpresa numa curva mais rápida e segurou-o com mais força.

Os braços dela enlaçavam sua cintura e os seios e face pressionavam-se contra as costas musculosas. Apesar da proximidade perturbadora, porém, Eden foi relaxando aos poucos e começou a aproveitar o passeio. Passaram por uma área residencial e, então, o colégio surgiu à direita. Eden sorriu, imaginando o que o diretor de seus tempos de estudante iria pensar se pudesse ver a comportada Eden Calloway com a saia levantada, sentada na garupa de uma motocicleta.

Nick fez uma curva para a direita, outra para a esquerda e chegaram à cidade propriamente dita, que consistia de dois armazéns, um lava-rápido, uma loja de rações junto aos trilhos do trem e uma empresa de processamento de madeira. Uma outra série de curvas levou-os à biblioteca municipal e à nova loja de presentes e vídeos montada no velho prédio do correio. A nova agência localizava-se no principal ponto de referência do lugar: o único cruzamento da cidade onde havia um sinal de tráfego.

Montada na veloz motocicleta, o tempo e os problemas cessaram de existir. Eden ergueu à cabeça para fitar o céu e ficou assombrada com a sensação excitante de liberdade. Jamais se sentira tão viva. Estava contente por ter aceito o convite de Nick, por não ter desperdiçado a oportunidade de desfrutar a beleza daquela noite de setembro com al­guém... embora .ela e Nick não houvessem trocado uma palavra desde que ele enchera o tanque da moto em Circle K rumarem para a rodovia interestadual.

Satisfeita, Eden pousou o rosto nas Costas de Nick. Ape­nas a noite era testemunha da imensa paz que tomava conta de sua expressão.

Eram quase quatro horas da manhã quando Nick a deixou em frente de casa. Esperou que ela descesse da moto e fitou-lhe os cabelos revoltos e o olhar de inconfundível prazer.

EDEN Quatro Destinos 4Onde histórias criam vida. Descubra agora