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Os dez dias seguintes passaram depressa e o calor prosseguiu no começo de outubro, em­bora o outono já se insinuasse nos tons de laranja, amarelo e carmim nas folhas das árvores.

Mas havia algo nos dias de outono que deixava Eden irritada. Sempre tinha a sensação de que alguma coisa iria acontecer, embora não pudesse imaginar o que, já que o de­saparecimento de seus pais havia sido o único evento a per­turbar o ritmo previsível de seus trinta e quatro anos de vida.

Cumprindo o trato que haviam feito, Nick retribuiu as refeições e a roupa lavada que Eden lhe oferecia com o trabalho de limpar as calhas, trocar algumas telhas quebradas e pintar a varanda.

Porém, Eden tinha consciência da crescente atração que sentia por ele e percebia que Nick procurava manter-se mais distante desde a tarde de sábado que haviam passado na casa de Mariah e Ford.

Eden sabia que algo o incomodava, mas tinha a impressão de que não adiantaria lhe perguntar o que era. Ocorria-lhe com freqüência que não conhecia quase nada sobre Nick Logan, mas isso não a impedia de desejar o calor de seu sorriso ou de fantasiar como seria o contato com aquela boca tão sensual.

Ela sacudiu a cabeça, tentando afastar da lembrança o incidente que, pouco mais de uma semana antes, dera início a suas primeiras fantasias eróticas. Nick tinha saído sem café para o trabalho porque havia dormido demais. Ela su­bira ao apartamento para pegar a roupa suja e, ao erguer o jeans, ouvira o ruído de algo cair no chão.

Baixou os olhos e viu uma carteira. Sorriu, lembrando das várias vezes que havia lavado carteiras e dinheiro de seu pai por esquecimento de verificar os bolsos. Inclinou-se para pegá-la e, nisso, um outro objeto caiu do bolso da calça, algo pequeno, quadrado e com uma embalagem plás­tica. Ela o segurou antes de perceber o que era e surpreendeu-se tanto ao identificá-lo que tornou a largá-lo no chão.

Era um preservativo masculino.

Eden tornou a pegá-lo com um longo e trêmulo suspiro. Aquilo provava, sem sombra de dúvida, que Nick tinha uma vida sexual. Certamente possuía uma amante, ou talvez mais de uma.

Colocou o preservativo na carteira e a deixou sobre a mesa da cozinha, torcendo para ele não perceber nada. Ficaria muito embaraçada se Nick soubesse o que ela descobrira.

Só voltara a pensar nisso bem mais tarde, na hora em que fora para a cama naquela noite. E a idéia de Nick fa­zendo amor com alguém a levara a fantasiar cenas seme­lhantes onde ela seria a protagonista. Fechava os olhos e imaginava que Nick a beijava, separava-lhe os lábios com a língua, tocava-lhe os seios...

Desde esse dia, as fantasias ficavam cada vez mais exci­tantes, por mais que Eden tentasse controlá-las. Nick, no en­tanto, era gentil e educado durante as refeições... e nada mais.

Eden suspirou e olhou para o apartamento sobre a gara­gem, imaginando por que ele não viera tomar café. Era sábado, geralmente dia de folga, mas o pessoal de Seth andava trabalhando horas extras para concluir a reforma de um clube em Bossier City.

Nesse momento, porém, Nick apareceu à porta do apar­tamento. Eden disfarçou depressa para que ele não perce­besse que estivera parada ali como uma adolescente apai­xonada esperando para ver seu amado.

Precisava controlar-se. Mariah já a avisara de que Nick não tinha a menor intenção de assumir um compromisso sério com uma mulher ou de fixar-se num só lugar. E, se a maneira como ele a tratava fosse algum indício, não estava interessado sequer em ter um desses casos tórridos e breves em que o pessoal da cidade parecia receoso de que ela se envolvesse.

Uma batida soou à porta e Eden virou-se, surpresa. Não esperava que Nick viesse procurá-la àquela hora-

— Entre.

EDEN Quatro Destinos 4Onde histórias criam vida. Descubra agora