4

9 0 0
                                    

No sábado, primeiro dia de folga de Nick, ele levantou como sempre, pensando em como fora fácil Eden convencê-lo a acompanhá-la nas re­feições. Na sexta-feira, a rotina de ambos já parecera estar fixada: café às seis e meia e jantar quando ele chegava em casa após o dia de trabalho.

Imaginara que algumas refeições, ocasionais conversas e um pouco de flerte inofensivo não fariam mal a ninguém. Estava errado. A proximidade com Eden Calloway o levava a esquecer seu voto altruístico de deixá-la em paz por ser irmã de Mariah. Como água pingando sobre uma pedra, a convivência com ela estava dissolvendo sua resolução e a barreira defensiva que havia construído em torno do coração.

Gostava de observá-la com Molly e Jamie. Eden era pa­ciente, gentil, amorosa e, ao mesmo tempo, firme. Às vezes, escutava trechos de conversa entre ela e as irmãs e percebia o carinho na voz de Eden ao dar-lhes conselhos e aliviar-lhes os medos. Sabia que ela preparava docinhos e salgados para o grupo de jovens da igreja de Ford e ouvia seus planos de visitar o lar de velhos em Bossier City. Ela fez um bolo para uma mulher que perdera o marido num acidente de carro, galinha frita para uma amiga que acabara de ter um bebê e oferecera-se para cuidar de duas crianças enquanto seus pais iam comemorar o décimo aniversário de casamento no Texas.

Se alguém tivesse lhe contado sobre as boas obras de Eden, talvez ele houvesse feito uma imagem errada, julgando-a rígida e abnegada. Mas o fato era que Eden sim­plesmente importava-se com os outros. E Nick gostava mui­to dela. Gostava tanto que começava a achar que talvez fosse melhor ir embora logo.

Eden não era o tipo de mulher que se podia amar e aban­donar. E ele não era o tipo de homem que ficava muito tempo num só lugar. Não podia se esquecer disso.

Ele bateu na porta da cozinha e entrou. Eden estava junto à pia, descascando uma banana. Na fração de segundo antes que ela se virasse, o olhar de Nick percorreu a extensão das pernas esguias e a curvatura firme das nádegas sob a calça jeans justa.

— Bom dia — ele cumprimentou, agudamente consciente do efeito da luz do sol sobre os cabelos avermelhados e da maneira como o sorriso dela lhe iluminava o coração.

— Oi. O café está quase pronto.

— Acho que não vou tomar esta manhã. — Ele notou que o sorriso dela diminuía e podia quase jurar que uma nuvem havia encoberto o sol. — Eu deveria ter lhe contado ontem à noite, mas... esqueci. Há uma feira de artes hoje em Vicksburg e eu preciso lavar umas roupas antes de ir.

— Ah! — Eden sentiu-se um pouco desapontada. — E não há tempo para um café rápido? Fiz os biscoitos caseiros que você disse que gostava.

Nick surpreendeu-se. Com exceção de Nicole, ninguém jamais fizera nada por ele.

— Você fez os biscoitos para mim? Por quê?

— Foi a vez de Eden parecer surpresa.

— Por quê? Ora, porque você me disse que fazia anos que não comia biscoitos feitos em casa. Não deu trabalho nenhum. Eu costumo fazer de vez em quando.

Como poderia discutir com aquela lógica? E como po­deria recusar-se a comer se ela havia preparado a refeição especialmente para ele?

— Eu vou adorar — murmurou apenas, sentando-se à mesa com uma sensação de calor doméstico que nunca ex­perimentara de verdade.

— Tenho um acordo para lhe propor — Eden comentou no final da refeição.

— Que tipo de acordo?

— Você faz umas coisas para mim aqui em casa e eu lavo suas roupas.

Nick sentiu-se culpado. Só então conscientizou-se de que estava comendo ali de graça e nem sequer oferecera qualquer contribuição.

EDEN Quatro Destinos 4Onde histórias criam vida. Descubra agora