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Eden havia acabado de coar o café quando ouviu a motocicleta aproximando-se da casa. Tentando aparentar calma, apesar do ritmo apressado de seu coração, encheu duas xícaras com o líquido cheiroso e fumegante. Pela janela, viu Nick parar a Harley no pátio, em vez de levá-la para a garagem como costumava fazer.

Admirou-o disfarçadamente pela fresta da cortina. Ele vestia um jeans preto e uma blusa de abrigo cinza-claro. Atravessou o pátio com passos decididos e bateu à porta.

— Entre!

A porta se abriu e ele apareceu, preenchendo o ambiente e o coração de Eden. Parou com a mão na maçaneta e a avaliou lentamente, dos cabelos loiro-avermelhados aos pés calçados com um velho par de tênis.

Ela estava fantástica. A queda da temperatura a fizera trocar o shorts por um excitante jeans desbotado que en­volvia sua silhueta esguia com uma luva. Usava uma camisa xadrez azul-escura e ferrugem presa dentro da calça, com as mangas arregaçadas até os cotovelos e os botões supe­riores abertos, revelando uma insinuante fração de pele bron­zeada.

Nick tinha vontade de beijar-lhe o pescoço e descer a boca pelo decote para ver se a pele dos seios era tão macia e morna como os lábios. Em vez disso, porém, tornou a fitar-lhe o rosto e reparou que suas faces haviam adquirido um delicado tom rosado.

— Bom dia — ele cumprimentou, fechando a porta atrás de si.

— Bom dia.

— Uma dessas xícaras é minha?

Eden pegou uma xícara e entregou a ele. Seus dedos roçaram-se brevemente.

— Pensei que não viesse. Ouvi quando você saiu.

Nick apenas sorriu e sentou-se à mesa. Bem que gostaria de ter a coragem de partir.

— Não vai à igreja hoje?

— Acordei muito tarde. Estava pensando em trabalhar no jardim... recolher as folhas que caíram com a chuva.

— Eu a ajudo.

— Não precisa fazer isso — Eden respondeu, surpresa.

— Eu sei. Mas quero ajudar. Acho que lhe devo algumas tarefas em pagamento pela lavagem de minhas roupas.

— Não é trabalho nenhum.

— Mas foi o nosso trato — ele a lembrou. — Você cuida de minha roupa e eu ajudo nos serviços da casa. Por­tanto, hoje é dia de recolher folhas.

Conforme a manhã progredia, o sol apareceu no céu azul-cobalto e repeliu as baixas temperaturas. Eden e Nick tra­balhavam juntos no jardim, juntando as folhas molhadas em grandes pilhas que ela iria queimar assim que secassem. Não conversavam muito, mas era evidente em seus olhares que o beijo da véspera continuava muito vívido na lembrança.

As horas foram passando e quando, bem mais tarde, Eden ouviu seu estômago roncar, lembrou-se de que haviam co­mido apenas um sanduíche rápido no almoço. Estava louca por uma xícara de café e uma fatia de bolo de chocolate que havia feito na véspera.

Ergueu a mão para proteger os olhos do sol e viu Nick a alguns metros de distância, arrancando as trepadeiras que insistiam em enroscar-se nos ramos de um carvalho. Eden sacudiu a cabeça enquanto caminhava em direção a ele. Nick. estava levando aquele trabalho a sério demais. Ela mesma já se cansara havia muito tempo de ser tão perfeccionista.

Ao ouvir os passos, Nick ergueu os olhos e sorriu. Eden tirou as luvas de jardinagem e guardou-as no bolso.

— Que tal um intervalo?

EDEN Quatro Destinos 4Onde histórias criam vida. Descubra agora