Glenda

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Esse capitulo vai ser da mamãe da Úrsula, Glenda.

Boa leitura!

XOXO


Tem alguém apertando  a campainha, será que é a Úrsula?

Desço a escada correndo, dois dias sem a minha menina e já estou morrendo de saudades dela.

Destranco a porta rápido e a abro em seguida.

- Não me admira você esquecer a chave Úrs...

A pessoa que está do lado de fora não é a Úrsula e eu não consigo me mover, sinto todos os meus músculos travarem.

- Eu não esqueci querida, eu as perdi.

Arthur diz, dando uma risada forte. Que apesar de meses sem ouvir, eu nuca esqueci como ela é.

- Você não vai me deixar entrar?

Ele disse levantando a mala e sorrindo com olhos, ah, aquele par olhos...

Lembro bem da primeira vez que os vi na minha frente...

...

<   Verão de 1985   >

-  Querida, o ônibus já chegou. Ande logo.

Meu pai disse batendo na minha porta.

Sai correndo pela casa até chegar na porta da frente, se é possível correr dentro de uma casa que tem mais caixas do que móveis. Esse ano papai está concorrendo a prefeito da cidade, todas essas caixas estão cheias de camisas, bandeiras, broches e tudo que faça o povo lembrar do nome dele.

Eu descia empolgadamente os últimos degraus, quando meu pai me gritou pela janela, num reflexo eu virei o rosto para olhar, e não vi o ultimo degrau assim indo com tudo no chão.

- Ei você está bem?

A voz vinha de cima, de um rapaz que deveria ter minha idade, com uma bolsinha nas costas. Eu o identifiquei como o entregador de jornais.

- Eu...eu...

Eu nunca vi um par de olhos tão...tão vivos em contraste com uma pele tão escura. Eles brilhavam como duas grandes estrelas solitárias no céu da noite.

- Olha você machucou seu cotovelo - Ele disse, colocando sua mão calejada em torno do meu braço- acho melhor você entrar e fazer um curativo. 

Eu não conseguia falar, aquele garoto simplesmente me roubou as palavras.

- Moleque, sai de perto da minha filha agora! Seu negrinho imundo, vai sujar meu jardim.

Meu pai vociferou, contra o...eu nem sei o nome dele. Como alguém que expulsa uma praga de sua plantação.

- E você Glenda, já para dentro do ônibus!

Eu lancei um ultimo olhar para o entregador de jornais, que a essa altura já estava na casa ao lado. E entrei no ônibus, que me levaria para longe daqui por um mês, longe desse garoto...

Os dias no acampamento de verão se arrastaram, toda a rotina de sempre. Acordar, cantar o hino, tomar café, nadar, ter aulas de costura e etc.

Eu queria fugir daqui, mas não posso. Não posso estressar meu pai tão perto das eleições ele já está tão sobrecarregado.

Mas, esse verão ele disse que passaria comigo. E de novo ele me jogou aqui, eu venho para cá desde que me lembro. As vezes penso como seria se mamãe estivesse viva. Papai seria uma pessoa menos amargurada? e todas as historias que ele me contas dos dias deles no lago não seriam só historias deles? Porque estaríamos todos lá, fazendo novas memórias.

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