All The Stars

A volta

- É. Esse é o meu pai...

Corri os olhos pela sala e vi minha mãe sentada no sofá, com o rosto congelado e celular na mão.

-Ei mãe, tudo bem?

Eu disse passando direto por ele e analisando minha mãe, de perto pude notar suas bochechas vermelhas e o rosto molhado. De lágrimas eu acho.

- O que você fez com a minha mãe?!

Eu disse indo em direção do meu pai.

- Eu não fiz nada, ela que... - Seu rosto parecia estar desconfortável, o olhar dele foi para Collin e voltou para mim - Quem é esse?

- Esse é o Collin, meu amigo - Collin se aproximou e apertou a mão estendida do meu pai- e esse é Calebe, irmão dele.

- Prazer, finalmente conhecer o senhor.

Collin disse enquanto cumprimentava ele, com um tom de reprovação na voz.

- É um prazer, mas acho que agora precisamos ficar a sós. Só a família, para conversamos.

Meu pai disse já se direcionando a porta da frente.

- Ah...sim, claro.

Collin disse vindo na minha direção.

- Qualquer coisa - ele disse me olhando no fundo dos olhos - liga para mim. E tenha paciência com o seu pai. Okay?

Ele disse me abraçando forte, eu não queria que ele fosse. Sinto minhas mãos tremendo, quero que ele fique aqui e as segure.

- Tchau.

Ele disse me dando um beijo demorado na testa e seguindo para a porta.

- tchau, Úrsula.

Calebe me deu um abraço, e saiu correndo pela porta atrás do irmão.

A porta foi fechada e agora só restava eu, minha mãe, meu pai e a conversa.

Minha mãe continuava sentada no mesmo lugar com a expressão perdida no rosto, eu me sentei perto dela e segurei sua mão. Que como a minha, também tremia. Como não tremer? Você também tremeria se tivesse um fantasma parado na sua sala? Eu sei que sim.

Ele finalmente parou de andar e se sentou na nossa frente, limpou a garganta e disse:

- Eu sei que eu errei, eu não deveria ter ido e...

- Então porque você foi?! porque nós abandonou? por que ME abandonou?!

Minha voz falha na última frase, meus olhos pesam. Mas eu não vou chorar, não na frente dele.

- Eu...eu não... - Ele se perdia nas próprias palavras - tudo bem. Vou contar a vocês a história desde o inicio. Eu fui chamado para participar de uma experiência secreta e confidencial. E caso a pessoa aceitasse, todos os contatos tinham que ser cortados imediatamente, para não correr o risco de informações vazarem. - Ele respira fundo e indireta a coluna - Era a oportunidade pela qual eu tinha esperado a vida inteira e sonhado todos os dias, desde que eu era só uma criança pobre e perrapada sem perspectiva. Eu não poderia simplesmente dizer não, é uma oportunidade que só se tem uma vez na vida...quantas pessoas tem a chance real de realizar seus sonhos?

- Então...essa maldita experiência é mais importante do que a gente? me poupe das suas explicações, eu não quero ouvir mais nada. Você foi embora, nós abandonou. Aí você volta e diz meia dúzia de palavras bonitas sobre realizar sonhos e acha que temos que te receber de braços abertos?

Eu me levantei rápido. Eu não consigo mais ficar aqui me sinto sufocada, preciso respirar.

Então eu abri a porta de casa e corri, eu simplesmente corri e senti o vento bagunçando meus cabelos, minha respiração ficando forte. Como ele pode nós largar e depois voltar como se nada tivesse acontecido. Como?