Capítulo 9

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Andei sem rumo por tanto tempo, que meus pés começaram a doer. Não tinha dinheiro para pagar um hotel para passar a noite, e nem para pagar uma corrida de táxi.

Depois de tanto andar, decido ir para a Igreja, vou pedir ajuda ao Reverendo Frederick, talves ele me ajude nesse momento que estou precisando muito. Pelo menos por essa noite.

Meu corpo todo dói, estava me esforçando ao máximo para não deitar em um canto qualquer na rua, e dormir por ali mesmo.

De longe vejo a Igreja. Suas luzes ainda estão acesas. Continuo andar lentamente até ela. Minhas pernas estão pesadas  pelo cansaço.

Quando enfim chego a porta da Igreja, caio no chão e tudo escurece.

Acordo com a claridade da luz nos meus olhos. Olho em volta, estou em um quarto de hospital.

Vejo Camily sentada em uma cadeira de almofadas no canto do quarto. Ela está folheando uma revista de moda. Quando ela percebe que acordei, ela se levanta, e vem ao meu encontro com um sorriso no rosto.

- A bela adormecida acordou. Como está se sentindo? - Me pergunta.

- Parece que um carro me atropelou, tudo dói. - Digo fazendo careta. - O que houve comigo?

- Você desmaiou na porta da Igreja. Ainda bem que o Fred ainda estava por lá.

Me sinto envergonhada, ela percebe.

- A quanto tempo estou aqui? -Pergunto.

- Dois dias.

- Dois dias? - Arregalo os olhos de espanto.

- Isso mesmo. A médica disse que você teve um esgotamento físico. - Diz.

Me lembro do ocorrido com Antony, e a expulsão de casa.

- Você ficou comigo aqui?

- Sim querida. - Diz e passa a mão no meu cabelo embaraçado.

A porta se abre. Uma mulher loira entra para dentro. Está de jaleco branco, sem nenhuma mancha.

- Como está se sentindo senhorita?

- Com sede. - Digo.

- Vou pedir para uma enfermeira lhe trazer água já já. - Diz sorrindo. - Agora deixa eu te examinar. - Ela me examina por um tempo, depois diz: -  Está tudo em ordem, sua pressão normalizou, e até o fim da tarde você terá alta.

- Obrigada doutora.

Ela vai rumo a porta e sai para fora, o Reverendo Frederick entra logo em seguida.

- Tudo certo por aqui? - Pergunta.

- Está sim querido. - Camily diz indo ao seu encontro.

Eu queria ter uma família assim, que se amam de verdade e que se apoiam. Meus olhos se enchem de lágrimas, desvio o olhar do casal e fico olhando a parede banca.

- Quer nos contar o que aconteceu Celeste? - Pergunta o Reverendo.

Suspiro alto.

- Meu pai me expulsou de casa. Ele me pegou lendo a bíblia. Mandou eu escolher entre parar de ler a bíblia, ou ir embora de sua casa. Como eu não quis, ele me expulsou de casa sem nada.

Passo a mão no meu rosto com a lembrança. Meus lábios estão um pouco inchados pelo tapa. Mas o que mais doi não é o corpo, e sim ser abandonada pelo meu irmão e a minha mãe. Eles viraram as costas para mim. Que tipo de família é aquela? Fico me perguntando, e logo tenho a resposta. "Uma família sem Deus".

Camily senta ao meu lado, e pega minhas mãos.

- Tudo vai se acertar querida. - Diz confiante.

- Dessa vez eu não tenho tanta certeza. - Sorrio fraco.

- Deus tem seus modos de trabalhar. Nós podemos não entender na hora, mas com o tempo você saberá. - Frederick diz.

Aceno com a cabeça em concordância.

- Para onde você vai depois que sair daqui? - Me pergunta Camily.

- Não faço a menor idéia. - Digo frustrada.

Minhas "amigas" nem falam mais comigo, faz tempo que já não as vejo. Não adianta nem ir atrás.

- Ela pode ficar lá em casa por enquanto Fred? - Camy pergunta ao Reverendo.

- Claro! - Diz sorrindo.

- Não precisa. Eu não quero incomodar vocês com meus problemas. - Digo.

- Não será incômodo nenhum querida. É bom que você me ajuda com a ceia para a festa na igreja.

- Vocês tem certeza disso? - Pergunto, ainda em dúvida se aceito ou não.

- Sim. - Os dois dizem ao mesmo tempo.

- Muito obrigada. Não sei por onde começar a agradecer.

Meus olhos se enchem de lágrimas novamente.

- Não vá chorar, se não eu acabo chorando também. - Diz Camy sorrindo para mim.

Retribuo o sorriso. Se não fosse por eles, eu não teria idéia do que fazer, e para onde ir.

Mesmo nas adversidades, Deus não nos desampara, e não nos deixa desprotegidos. Mesmo nós achando que Ele nos abandonou, Ele sempre estará lá segurando nossa mão, e nos dando forças para continuar a caminhada.

Amparada Por DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora