#18 - Estréia

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Durante muito tempo em minha vida, busquei uma resposta simples para a pergunta mais complexa: O que é perfeito?

Quando eu tinha minha esposa, sentia que não poderia ser mais feliz, e vivia bem, mas ainda tinha a necessidade de me satisfazer libertando as pessoas de suas vidas podres. Estar com Frida, foi a melhor coisa de minha vida, e ainda assim não me tornava completo, eu precisava fazer coisas que ela recriminaria se soubesse. E muitas vezes eu não soube se matar era minha missão de vida, ou meu vício.È em tantas outras considerei que fosse exatamente ambos, pois eu sabia que precisava fazer isso, mas também ia além de uma obrigação do destino, eu amava a sensação de ver o brilho desaparecer dos olhos deles, adorava ver o sangue saltando das veias, e vertendo no chão. Era tão sublime quanto fazer amor com minha esposa, e eu nunca conseguiria escolher entre os dois. E não foi preciso, pois a vida, o destino, ou seja lá o que for, fez a escolha por mim, levando minha amada mulher, e deixando essa raiva pulsante em meu peito, uma dor que só era aplacada quando eu causava dor nos outros. O efeito era curto, mas era grato sentir.

Fazia muito tempo eu não aparecia na cidade, e por uma razão desconhecida senti uma vontade incontrolável de tomar sorvete. Era noite, e os empregados já tinham ido embora, então não havia qualquer chance de eu pedir a eles, e a verdade é que após a morte de Frida, eu mal tinha contato com eles, a ideia de tê-los foi dela, e pela sua lembrança eu decidi não os demitir, mas quase nunca me dirigia eles, ou pedia algo. Resolvi eu mesmo ir a cidade, a noite estava um pouco fria, e sem lua ou estrelas no céu, o que trazia um ar sombrio a estrada. Quando já começava a ver as luzes da cidade, minha atenção foi atraída por um pequeno grupo de pessoas a beira da estrada, a princípio pensei ser um acidente, por causa do fogo, mas me dei conta que era um grupo de moradores de rua. Seis deles, buscando se aquecer numa fogueira, parei o carro perto, e os observei. Não estavam maltrapilhos, ou fedendo, num grupo grande assim, eu sentiria o mal cheiro, o mais novo aparentava estar próximo aos vinte anos, e o senhor mais velho na casa dos cinquenta anos. Eu não tinha qualquer intenção quando parei, além de observar o que faziam, mas então uma ideia me nasceu na mente. Eles eram perfeitos para testar minhas salas no porão do Chalé, uma safra de seis prisioneiros, e eu tinha certeza que não seria difícil atrair-los. Agi rápido.

-Oi, pessoal - Chamei- Essa é uma é uma noite fria para ficar na rua assim.

- É o que temos meu senhor - O homem mais velho disse - Mas essa fogueira nos aquece um pouco.

-Tenho certeza que sim, mas numa noite fria como essa, uma boa refeição, e um bom lugar pra dormir é o ideal.

- Seria muito bom.. Mas não temos, então nos conformamos.

-Eu quero oferecer para vocês uma noite no meu chalé, lá na montanha - Fiz uma pausa - Tenho certeza que é melhor que ficar aqui.

-Assim de graça? - Uma mulher disse - Não sei não.

-Prometo que terão um prato de comida, um lugar fechado e quente para dormir.

-O que temos a perder Maria? - O mais novo disse.- Pior que a rua não pode ser.

- Ele tem razão, e além disso logo a polícia vai parecer pra tirar vocês daqui.

-Tudo bem, nós vamos senhor. - O mais velho disse.

-Que bom, preciso ir comprar uma coisa. Arrumem tudo que na volta pego vocês. Não vou demorar mais que vinte minutos.

Quando retornei eles já estavam pronto, ou pelo menos a versão deles para isso. O fogo havia sido apagado. E eles se distribuíram entre a cabine, e a carroceria da caminhonete. Não sei dizer se aquela foi a viagem  mais confortável que tiveram, e isso realmente não era importante, mas de qualquer forma eles pareciam estar curtindo o fato de mesmo que por uma noite ter algo com ar de normalidade.

Histórias do Chalé - Relatos de Um Sádico [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora