Malvada e sem sorte

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Cruzes que vou contar pra vocês que almocei com o Celso ou como que foi. Não mesmo. Senta e chora, bebê.

Ah, pra vocês eu só conto a parte onde ele entrou com o "frango" eu dei a maionese, no caso.
Só na segunda que desembuchei com Cido, a bicha escorpiana mais filha da mãe que conheço.

— CIDINHOOOOOOOO! EI CIDIIIIII. — Nada daquele surdo me ouvir. Tá lá no outro lado da pracinha de alimentação comendo uma coxinha, bem disfarçado. Ah ele pediu. — MULHEEEEER! OLHA AQUI. NÃO FINGE QUE NÃO ME CONHECE OU EU GRITO E FAÇO O MAIOR BARRACO.

— Se tu falar mais baixo, animal, quem sabe a gente consiga conversar feito gente.

— AH, AGORA VAI DIZER QUE DOU ESCANDALO.

— Só converso se tu reduzir a poluição sonora.

Eu atravesso a praça de alimentação ou dou na cara dele. Também pra poder falar baixo com Cidinho, porque ia contar umas coisas mais íntimas e ali todo mundo conhece o Celso.

— Vocês transaram?

— Quase. Mas a gente se pegou bonito, menina, ele me catou de um jeito sabe. Se eu fosse mais gordo igual tu, tinha sido ainda mais excitante.

— Gordurinhas tem seu charme e cala a boca, não me retruca. Conta!

— Vou falar só pra ti.

— Aham.

— Que é, isso é minha intimidade.

— Tua e nossa, porque tens uma boquinha de siri que ninguém mais.

— Ciiii...

— Conta logo, merda.
..

— Tá a fim? — Ele me convida balançando a sacolinha do frango assado.

— Muito! — Respondo olhando a largura do peitoral dele. — Espera que vou lá no concorrente comprar um potinho de maionese, porque nessa espelunca de tarado eu não volto mais.

— Te levo de carro.

Bicha, não surta, não grita. Cley, princesa pomerana, menina do interior que brincava com as florzinhas da mamãe, que dava o peito para os filhotes de gato achando que poderia amamentar os bichinhos, que um dia se vestiu de menina e dançou uma música da Eliana para o meu pai no dia dos pais e ele não deixou a minha mãe me bater, toda essa minha delicadeza veio à tona naquele momento e eu fiquei sem reação.

— Deixa que eu pago.— Ele se oferece para pagar os dez pila da maionese.

Gente, ele tá quase mandando em mim, espera...

— Claro que não, sai! Tu já pagou o frango.

Ele se assusta e dá uma risadinha, a última, porque no almoço, ficou sem assunto e olhou em volta o tempo todo.

— Tava sozinho? - ele pergunta.

— Tava, porque?

— Achei que tava saindo com uma pessoa, um evangélico. Te escuto falar muito nesse cara, quem é?

— Um esquema... que ainda não deu certo.

— Humm, qual o nome, o que ele faz... onde que ele tá?

— Tu é de touro né?

— Sou, porque?

— Nada, amore. Celso, conta logo o que tá acontecendo. Tu me disse que era o S do GLS, tá virando curioso também?

Amor ArianoOnde histórias criam vida. Descubra agora