Amor de p.... sempre fica

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Tenho uma miga chamada Marlene que amo, uma ricaça que ficou viúva de um corno burro que se apaixonou por aquela piranha. Essa vadia é uma pessoa que tem o coração do tamanho do mundo, pessoa linda mesmo, capaz de catar um cachorro na rua e transformar num pet de madame, com direito a casamento e funeral. Falar em animal, Claudio pegou um costume de mandar mensagem às três da manhã, (depois eu conto o Ó do bobó), porque eu tava falando da Marlene né.

— Uia mulher gostosa! — Ela dá uma volta pra me mostrar como a calça tamanho quarenta e quatro de cintura alta, deixou ela esnobando as magricelas.

— Sou mesmo, aqui tem muita carne de primeira.

— Vamos combinar que tem gordura também, mona.

— Cley, sua bicha invejosa, senta e chora. Já viu o macho que tô saindo? Olha no face... shhh... caladinha. Olha no face, ajoelha e ora pro papai do céu.

— Tu é uma quenga mesmo, credo! Se eu pegasse mulher, só pegava as gordinhas.

— AH, eu te odeio. Não sou gordinha! Hahaha...

— Muito menos magra.

Isso é eu e Marlene conversando na amizade, porque a gente se ama. Depois de ela gastar horrores, que me dá muito mais inveja ainda de sua pessoa, Celso pede se posso chegar na mesa do gerente.

É, ele tem uma mesa atrás do balcão do crediário, mas nunca usa, tá sempre circulando desde que o conheci. O foda é que eu nem tinha percebido que a Mummy estava sentado naquela mesa e o Celso me oferece sua cadeira.

— Senta, por favor.

— Senta você Celso, o negócio com esse vendedor é rápido. — Diz o "Walter Mercado". Ele nem olha nos meus olhos. — Assina aqui, pedi pra contabilidade emitir uma advertência. Já tinha te falado Celso, pra controlar essa "farra" aqui dentro.

— Eu? O senhor pode me dizer porque eu tô tomando advertência?

— Essa falação com a cliente. Ouvi pelo menos uns dez palavrões durante a conversa entre vocês.

— Ouviu também o quanto que fiz ela gastar?

Seu Aparício me encara e retruca:

— Tu sendo ou não vendedor daqui, dá no mesmo. Ela não gastou por sua causa.

Eu puxo a advertência e o Celso me toma.

— Não, seu Aparício. Cleyton é bom vendedor, o senhor sabe que é o maior comissionista. Até tem esse jeito meio escandaloso, mas ele nunca falta, tá sempre de boa, sério. O senhor me deu o cargo de confiança e eu sei que o Cley não merece isso. 

— Assina, por favor. — O velho me estica a caneta e em nome do meu FGTS, eu seguro a onda e assino. Mas não olho pro chão, levanto a cabeça e resolvo que vou mostrar como que funcionam as coisas comigo.

Primeira cliente que entra na loja e se dirige a minha pessoa, atendo assim, bem na cara do demonho, que só pode ser de escorpião igual o autor:

— Bom dia, senhora. Posso ajudar?

— Cley! Ué, tá com febre, mana? — Tô dizendo, sou mais conhecido de cuzinho de gato.

— Não senhora, apenas estou me adequando ao padrão exigido pela empresa. Gostaria que eu...

— Tu tá é estranho... acho que vou ali na Carmem... tenho uma formatura sábado...

— Certo. Quer ver um vestido ou uma calça...?

Amor ArianoOnde histórias criam vida. Descubra agora