Me iludo sim... (+18)

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Casa de mãe é tudo de bom?

É... mais ou menos. Após receber minhas férias acrescidas de um terço, porque tá quase vencendo outra, comprei a passagem no ônibus da Catarinense e resolvi arrastar a tamancas lá no sítio.

Mas antes... tomei sermão de uma certa pessoa.

— Cley, tadinho do Celso, olha lá... não dá vontade de pular no colo?

Eu olho para o onde o Cidinho aponta e tá lá: 1,75 de altura, corpão grande, coxas muito grossas, mãos... já sabem, o macho é gostoso, mas não senti aquele "tchan"... ele é fofinho sim. É cuti.

— AH! Olha aquilo! Jesus é nórdico! Amo cara loiro.

— Sim, quando viu meu macho, falou que curtia melanina.

— Aff, quem não curte? Mas o nosso Chris Brown da pobreza, já tem dona, né?

— Acho bom nem olhar. Invejosa. E o Celso? Não muda de assunto, bicha.

— Cido, a minha mãe faz uma geleia de jabuticaba, mana, vou te trazer um vidro. Ah, oii! — EU nunca fui bom em disfarçar, tô procurando assunto pra fugir da conversa, mas daí certas pessoas botam a boca no mundo.

— CELSO, EI, OI CELSO. SENTA AQUI Ó. SENTA COM A GENTE.

— QUE FOI SUA GRALHA, TÁ ME IMITANDO. VOU TE DAR UNS TAPAS NA CARA. 

Cidinho vai tomar uma surra e não demora. O Celso vem, não acredito!

— Tu vai apanhar.

— Cadela que late, não morde.

— Puta, arrombada!

— Pelo menos não tá gritando. Xinga mais.

— Oi, Luiz Aparecido. Eu não quis atrapalhar, que pena minha horinha de intervalo tá terminando.

— A minha também né. Pegou esse costume de me dar o intervalo junto... — Corto o barato dele.

— Quero! Me traz aquela geleia de butiá.

— Jabuticaba, tansa.

— Nunca vi duas pessoas que são amigas, brigarem tanto. — Celso comenta. — Eu era assim com minha irmã, só tenho uma.

— Sorte tua, eu tenho três irmãos mais novos. Tudo uns capetas.

— Os quatro né? — Celso perdeu a noção do perigo. Cidinho se mandou e me deixou sozinho com o chefe! Eu ainda soco ele. — Tô só brincando. É que tu é barulhento.

— Sou querido, tá. Um pouco diabinho, mas uns dez por cento se salva.

— Ei, posso dizer uma coisa?

Não ouvi o que Celso me disse, mas vi o cunhado dele zanzando de novo pelo shopping. Descobri que pelo fato da noiva dele trabalhar num mercado aqui do centro que é quase encostado no shopping, o talibã fica fazendo hora pra esperar ela sair do trampo.

Ele cumprimenta o Celso, mas nem olha na minha cara. Espera, eu não vim ao mundo somente a passeio. Me levanto e vou atrás do cara, ah vou sim. Não? Vou sim, sai daqui.

— EI MOÇO! EI! VEM CÁ. — Preciso dizer que o cara juntou a sobrancelha antes de vir caminhando na minha direção?

— Oi, que foi?

Não sei o que dizer.

— O que foi? Eu tava do lado do Celso e fui completamente ignorado. Nem fica me olhando com essa cara de parvo. Você é cunhado ou ex cunhado do cara e... rolou um boato que a gente se beijou, daí a irmã da tua namorada descobriu e agora ele tá solteiro... Se tu é amigo dele, dá uma força lá. O Celso tá sofrendo.

Amor ArianoOnde histórias criam vida. Descubra agora