Sexto capítulo. - Voltando para Terra.

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Vários dias se seguiram, eu estava treinando todos os dias junto a Richard. Eu passava horas e horas naquele salão de treinando, me machuquei várias vezes, mas nem por isso me deixavam parar. Richard acabou se tornando meu amigo. Na verdade ele era o único amigo que eu tinha nesse lugar estranho e tão familiar ao mesmo tempo.

Às vezes acho que o único motivo de eu não gostar desse lugar é a semelhança que tem com a Terra.

Nem sempre o igual é bom.

"Travor quer falar com você!" - Disse Richard entrando novamente sem bater, no cômodo que diziam ser meu quarto.

"Não sabe bater não?" - Respondo zangada.

Ele apenas saiu do quarto, e como já era de costume. Sem me responder.

Fui até a sala de Travor, ele estava de cabeça baixa, parecia ter chorado. Essa era uma das coisas que eu não sabia. Os monstros por mais assustadores que sejam, sentem medo, ódio e dor!

"Travor!"

"Amy! Eu não vi você entrar." - Disse ele calmamente enquanto levantava a cabeça.

"Richard disse que queria falar comigo."

"Sim quero, você terá de voltar a Terra!"

Uma enorme felicidade me invadiu. Senti meu coração pulsar mais rápido de tanta felicidade. Eu iria poder ver meus pais, e meus amigos, e minha avó. Eu estava com muita saudade dela.

"Mas e a batalha? Pra que devo voltar a Terra?"

"Sua avó, ela quer falar com você... - Ele fez uma pausa. - Antes de partir."

"O que?"

Minha avó estava morrendo? Partir? Como assim? E o que ela queria falar comigo? Eu não a vejo desde o ano passado, quando ela teve uma crise e tentou me cortar com uma tesoura.

"Ela está muito mal, mas antes de partir ela quer explicar a você porque ela está em um hospício!"

Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu tentava controlá-las, mas não conseguia. Era muito forte, minha avó e eu tínhamos uma boa ligação, ela sempre cuidava de mim quando eu era criança, e meus pais ainda estavam trabalhando. Depois de um tempo, fomos ficando muito ligadas, de todos os seus netos eu era a única que sempre a visitava, era com ela que eu falava dos assuntos que não podiam ser ditos aos meus pais. Eu nem sei se ela sabia quem eu era, ou do que eu estava falando. Ela falava muito pouco, e dificilmente se lembrava do que havíamos acabado de conversar. A única coisa que ela nunca se esquecia, e sempre me dizia antes de eu voltar para casa era 'Cuidado, a maldição da lua logo te encontrará!'

Travor voltou a abaixar a cabeça.

"Sinto muito."

Uma lágrima escorreu por sua face, pousando sobre sua mesa. Por que ele estava chorando, ele sequer a conhecia.

"Como irei voltar a Terra?" - Disse em meio a vários soluços e lágrimas.

"Pedirei a Richard para que a leve."

Voltei a meu quarto, me deitei na cama abraçando o travesseiro, o forcei contra o rosto e gritei.

Lembrei-me de quando era pequena e fui visitar minha avó pela primeira vez, ela parecia estar tão bem, tão alegre. Aquela foi a primeira vez que vi os olhos de alguma pessoa mudar de cor.

Richard chegou ao meu quarto e me encontrou chorando.

"O que houve? Travor pediu para que eu a levasse novamente para a Terra."

A Maldição da Lua.Onde histórias criam vida. Descubra agora