Vigésimo oitavo capítulo. - Você quer brincar?

1.5K 125 8
                                    

"A fraqueza não é sinônimo de derrota..."

*****

Quando acordei sentia como se meu corpo estivesse pregado no chão. Agora eu estava com a cabeça no colo de Joe, que não tardou a sorrir quando me viu abrir os olhos e depois tirou uma mecha de meu cabelo cor de fogo do meu rosto suado.

"Lara..." - sussurrei com a voz rouca, parecia gasta. - "Angel conseguiu..." - minha voz não saia, parecia ter finalmente se acabado.

"É melhor tirar ela daqui" - murmurou Angel.

"Vamos" - disse Joe se levantando e me ajudando a ficar de pé.

"Não quero ir a lugar algum! Quero ver Lara" - parei no caminho.

"Anda Amy, vamos. Não vai adiantar nada ficarmos aqui" - disse ele com um tom de voz calmo e paciente.

Ele me estendeu a mão e depois de muito resistir, eu segurei sua mão e saímos da enfermaria enquanto Angel cuidava de Lara. Joe e eu não fomos para os quartos como eu imaginava, apenas ficamos andando, pra lá e pra cá, Caminhamos perdido em seu próprio mundo imaginário. As perguntas explodiam em meu cérebro e se chocavam com minha caixa craniana como uma bomba atômica. O que realmente houve com Lara? Por que Claus fez aquilo? Por que usou Lara não eu? Tantos porquês e nenhuma resposta.

Joe continuou caminhando e eu o seguindo com passos apressados. Desvela as escadas interligadas, observei a sala, parecida com um escritório em que entrei quando Richard me trouxe para esse planeta. Passamos pelas enormes portas brancas do palácio e saímos. Nos encostamos em uma parede ao lado do salão de treinamentos. Suspirei e deixei o ar sair lentamente junto com a dor que eu estava sentindo só de lembrar de Lara.

"Ela vai ficar bem, você sabe, Angel é boa no que faz" - ele tentou sorrir enquanto falava mas não teve sucesso.

Eu acreditava que Angel era bem competente, eu sabia, ela já me ajudou tantas vezes que já até perdi as contas. Mas não era isso o que me preocupava, o que realmente me preocupava era o fato de que somos tão fracos que Claus não precisa nem invadir o palácio para nos aniquilar? Se ele quiser pode nos destruir, aqui, agora, ele sempre pode. Mas ele não quer, ele quer ser poderoso. O que se faz com tanto poder? Cria mundos, espécies, universos e multiversos, mas e depois? Ele não parou para pensar que uma hora não vai ter mais o que fazer? Que uma hora ele vai se enjoar de tudo e querer apenas o fim? Mas não vai tê-lo.

"É melhor desistirmos, eu me sacrifico durante a Lua-De-Sangue e pronto, Claus tem o que quer. Ninguém mais se machuca, ninguém morre" - escorreguei até o chão, apoiei os cotovelos nos joelhos e coloquei as mãos na cabeça passando os dedos entre os fios de cabelo.

"Amy..." - Joe também escorregou até o chão e se sentou ao meu lado. - "Acha que é fácil assim? Acha mesmo que se fosse assim estaríamos aqui, livres? Claro que não! Claus com certeza teria nos prendido em uma de suas super celas, o que aliás ele já fez comigo, e não gostei nenhum pouco. Ele quer nos testar, somos um brinquedo e ele uma criança. Ele ja tem o jogo ganho, nos tem na palma da mão, mesmo assim ele quer nos ver em ação. Isso que ele fez com Lara é apenas o início, acredite. Não conheço Claus, mas conheço sujeitos como ele. Posso descrevê-lo como um psicopata, ele quer brincar com a vítima antes de matá-la" - ele coçou atrás da orelha enquanto sua mandíbula tremia. - "Ele quer ver o quanto você é capaz de aguentar."

Ótimo! Agora sou um brinquedo nas mãos de uma criança que sabe brincar, mas que logo se enjoa e destrói o brinquedo. Acho que sempre fui. Claus sempre esteve no comando, isso não posso negar, não tem como vencê-lo, é impossível. Nem sabemos qual o tamanho do exército que ele vem criando, eu só sei que é grande, muito grande.

A Maldição da Lua.Onde histórias criam vida. Descubra agora