Vigésimo segundo capítulo. - Visão.

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  Estávamos, Lara e eu no chão. Lara deitada com a cabeça sobreposta em minhas coxas, e eu encostada na cama com a cabeça jogada para trás.

    Lara dormia, parecia estar tendo ótimos sonhos.

     "Lara a... Amy." - Fiz um sinal para que Joe ficasse quieto.

     "O que você quer?" - Sussurrei.

    "Falar com as duas." - Sussurrou de volta.

    "Não vê que ela está dormindo?"

     "Vejo. Quer que eu coloque-a na cama?"

    "Óbvio. Tá muito frio o chão e minhas pernas estão dormentes."

   Ele a pegou como se ela fosse uma pena e colocou sobre a cama, depois a cobriu com o cobertor.

   Nos sentamos ao pé da cama. Pensei que surgiria algum tipo de clima estranho quando visse Joe, mas tudo continuou normal.

   Eu sei que uma hora teria de encarar Richard também, e teríamos, talvez, uma longa conversa. Ou discussão. Mas não agora. Depois.

    "Ela gosta de mim, não é?"

       Depois de muito pensar, eu apenas assenti.

    "Essa é a única resposta que consegue encontrar, que explicasse a reação dela?" - Assenti mais uma vez. - "E por isso você não quer ficar comigo, por causa dela?" - Ele a olhou torto, como se estivesse com nojo de Lara. Mas eu sabia que não era isso. Era apenas o Joe sendo o Joe.

    "Quê?!" - Minha voz quase não saiu. E eu ainda não sei se isso foi realmente uma pergunta.

   "Então porque não queres ficar comigo?"

     Pensei, pensei e pensei. Eu já tinha criado várias respostas caso ele me fizesse essa pergunta. Mas, nesse exato momento, nenhuma me parecia inteligente o suficiente.

    "Eu gosto de outro." - Rápida e seca.

    Ele não pareceu surpreso. Já sabia.

     "Richard?"

      Assenti e ficamos em silêncio, até Joe decidir fazer uma piada, sem graça.

       "Richard e eu teremos uma longa conversa. Como ele ousa  roubar o coração da minha amiga, em meio a uma disputa entre o bem e o mal, pra vê quem fica com o coração, como ele ousa?" - Me diga que isso não é uma piada!

      "Não ouse!"

    Ele riu.

     "E o Taylor?"

      "Morto e enterrado."

    Taylor foi apenas uma "paixonite aguda" como diria minha avó.

   Ficamos em silêncio por tanto tempo, que eu já estava quase dormindo sentada. Tentei firmar a visão, mas tudo o que eu conseguia ver era uma nuvem de fumaça branca, que crescia e crescia. Deixando por fim, apenas branco.

      Estávamos no palácio, perto do portão vermelho. O portão estava tremendo, parecia que iria cair. E foi o que aconteceu, o portão caiu. Vários Cherans correram em direção ao portão com lanças, facas, espadas e outros tipos de armas brancas. E foi nesse momento eu me perguntei o que eles fizeram com as de fogo?

     Ouvi uma risada, alta e exagerada. A risada de Claus. Ele entrou no palácio, seguido de seus capangas, os Airnstens.

   Um enorme frio percorreu meu corpo. Senti como se estivesse tendo uma convulsão. Meu corpo tremia sem cessar.

A Maldição da Lua.Onde histórias criam vida. Descubra agora