Oitavo capitulo. - Eles também não!

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Ouvi alguém me chamar. Eram os pestinhas dos meus primos.

"Que foi Filipe?"

"Sua mãe tá indo embora, você vai ficar dormindo no cemitério?" - Ele disse estendendo os braços, imitando um dos fantasmas dos filmes que ele assiste.

"Não e espero que isso demore muito pra acontecer!" - Ele sorriu, e pude ver dois de seus dentes na parte superios de sua boca faltando.

Onde Richard se meteu? Eu não o via em lugar algum, talvez tivesse feito o que disse e foi visitar sua família.

"Estava me procurando?" - Disse Richard atrás de mim.

Sua sombra o fazia parecer um monstro enorme, que me fez lembrar de Travor e Claus.

"Você me assustou!" - Disse lhe dando alguns tapas.

"Calma!"

"Nunca mais faça isso!"

"Está bem. Vamos?" - Ele disse estendendo a mão em direção ao carro de meu pai.

"Aqui é que eu não vou ficar!"

Voltar pra casa no carro do meu pai estava me dando muito sono. Novamente. Meu pai dirigia calmamente, sem a menor presa, ele não ficava gritando com os outros motoristas, apenas dirigia como se não existisse nada ao seu redor.

Talvez eu devesse fazer igual a ele. Fingir que não existe nada nem ninguem ao meu redor. Nem que seja por alguns segundos.

"Então onde você mora?" - Disse meu pai olhando Richard pelo retrovisor.

Richard olhou para mim depois respondeu.

"Chelsea, Manhttan."

"E o que você está fazendo aqui?"

"Meus pais tem um apartamento aqui, e eu decidi vir morar aqui enquanto estiver na faculade."

"E onde fica esse tal apartamento?"

Ele parecia meio confuso. Com certeza estava mentindo, não havia apartamento algum! Voltei a olhar a rua pelo vidro, havia gotas de água nele. Estava começando a chover, por isso estava escuro, apesar de ser apenas três da tarde. Fiquei encarando o vidro como se ele tivesse algo pra me dizer. Mas se eu queria uma resposta não seria o vidro a me responder. Voltei a olhar as gotas da chuva que agora estava mais forte, escorrendo por todo o vidro.

"Aqui mesmo!" - Ouvi Richard dizer.

Meu pai parou o carro e ele desceu em meio a toda aquela chuva. Ele não vestia nenhum casaco apesar de hoje estar muito frio, principalmente agora. Ele me olhou e sorriu, sorri de volta. Depois ele bateu a porta do carro, e meu pai lhe lançou um olhar tipo 'Faz isso denovo, e verá o que te acontece!'

"Me desculpe!" - O ouvi dizer, antes de sumir no meio da chuva.

Seguimos para minha casa, meu pai continuava a dirigir lentamente.

'Até uma tartaruga é mais rápida que isso!' - Pensei.

Depois de muito tempo chegamos em casa, me joguei na cama assim que entrei em meu quarto. Como eu tava com saudades dessa cama! Meu cobertor era tão macio, meu travesseiro parecia puxar-me, para que me deitasse. Minha cabeça parecia estar pesada demais quando tentei me sentar na cama, acabei ficando deitada. O sono novamente conseguiu me dominar, ou era preguiça? Pois bem, continuei deitada e acabei adormecendo.

"Me ajuda!"

Ouvi uma voz, estava tudo escuro. Eu não enxergava nada, apenas um brilho vindo de uma brecha na janela.

A Maldição da Lua.Onde histórias criam vida. Descubra agora