1.Como ela sabe que eu gosto de correr?

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avisos iniciais

essa é mais uma obra que peguei para reescrever

deixei ela 1% mais organizada e mudei os casais

a obra também será colocada na amazon nos próximos dias (link da amazon está no meu perfil),

então quem quiser me apoiar por lá é bem vindo :)

é isso, boa leitura.

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Estou pensando em uma maçã quando o carro me atinge e minha perna fica toda ferida, minhas costelas se quebram e meu braço não é mais braço, mas algo irreconhecível, molhado e vermelho.

Uma maçã.

Ela estava na barraca de frutas da feira perto de Santo Amaro. Eu a notei porque estava tão estranhamente deslocada, uma McIntosh vermelha e vibrante em meio a um monte de Granny Smiths verdes, comuns.

Ao morrer — e eu percebo isso quando voo pelo ar como um pássaro ferido —, você deve estar pensando no amor.

Senão no amor, pelo menos você devia estar repassando seus pecados ou tentando entender por que não atravessou na faixa de pedestre.

Mas não devia estar pensando em uma maçã.

Escuto o barulho dos freios guinchando e os berros assustados antes de eu cair na calçada.

Ouço meus ossos se partirem, se quebrarem.

Não é um som agradável, mais delicado do que teria pensado. Faz com que eu me lembre dos sinos de vento de nosso quintal.

Várias pernas param ao meu redor. Entre as canelas finas de um mensageiro de bicicleta, consigo ver o 30% de desconto, SÓ HOJE do cartaz na loja Torra.

Eu deveria estar pensando no amor agora — não em maçãs, e muito menos em um par de tênis Nike novo — e, então, paro de pensar totalmente por que estou ocupada demais gritando.

Abro os olhos e a luz me cega. Sei que devo estar morta porque nos filmes sempre tem um túnel de luz forte antes de alguém morrer.

— Diana? Fique conosco, garota.

Diana? Nome legal.

- Olhe para mim, Diana. Você está no hospital. Quem devemos chamar?

A dor toma conta de mim, e percebo que não estou morta afinal, apesar de desejar que estivesse, porque talvez, assim, eu pudesse respirar em vez de gritar.

— Diana? Você atende por Diana ou outro nome?

Algo branco com manchas vermelhas me sobrevoa como uma nuvem ao pôr do sol.

Ele me cutuca, aperta e murmura.

Mais um, depois outro.

São sérias, mas determinadas, essas nuvens brancas. Elas falam com poucas palavras. Pedaços, como eu estou em pedaços.

Vitais.

Preparação.

Avisar.

Permissão.

Grave.

— Diana? A quem devemos avisar?

— Veja o telefone dela. Quem está com o maldito telefone dela?

— Não encontraram, só a identidade escolar.

O DNA do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora