Ponto de vista de Diana
— Então, quando conseguiremos fazer a unidade dela? — Alessandra pergunta, olhando para o monitor enorme.
— Dela o quê?
— Exatamente, o "o quê" dela. Seu "uau, o que é isso?". Aquela região.
— Está se referindo às partes de garoto dela? — Estou tentando parecer indiferente. Indiferente não funciona muito bem com a frase "partes de garoto". Mas, no meu embaraço, não consigo pensar em frase melhor.
— Você acabou de dizer "partes de garoto"? — Alessandra pergunta, aproximando uma cadeira.
— Você tem que fazer as coisas na ordem. É assim que o software funciona — explico. — Primeiro você tem que decidir a respeito das partes físicas mais simples. Hoje cedo cuidei dos olhos.
— Você está dizendo os olhos dela. — Alessandra me observa digitar no teclado. — Você está fazendo um meio homem, certo?
— Isso é uma garota. Ela só não é cis.
Toque, toque, clique. Adoro esse software. É como fazer arte, mas sem o medo do fracasso. Criação, com uma tecla salvadora de "delete". Clico em um botão chamado "Mostre-me". A tela na parede mostra duas íris enormes. Só íris. Nada mais.
— Credo! — Alessandra exclama. — Que diabos é isso?
— Íris. Dei olhos cinzas a ela.
— Por quê?
— Não sei. Nunca conheci ninguém com olhos dessa cor. Talvez seja por isso.
É fascinante o modo como fizeram esse software. Há muitos genes que determinam a simples questão da cor dos olhos. Você os coloca em um tipo de rede. A rede — que nessa versão foi feita para parecer uma série extensa de contas — tem um monte de "contas" já preenchidas. Isso deixa muito espaço em branco para eu escolher. Posso aumentar ou diminuir o zoom. No tamanho real, eles são quase invisíveis. Cheios, eles têm um metro e oitenta de diâmetro. Aproxime bem e você entra na escala nano, na qual eles não têm cor nenhuma. São apenas células cinza. Alessandra apoia as botas na mesa e se reclina, com as mãos apoiadas atrás da cabeça.
— Isso está me assustando. Faça algo que não seja nojento.
Acrescento as escleras aos olhos.
— Certo, agora, os capilares — digo, observando o menu de opções.
— Vamos fazer músculos abdominais em vez disso.
— Eu disse a você: me deixe fazer. Além disso, é a parte divertida. Todos os detalhes.
— Uhu, uhu! — Alessandra não está convencida.
Escolho pequenos capilares e Alessandra assente, aprovando.
— Não quero que ela fique com os olhos vermelhos com facilidade.
Olho para a minha criação.
— Não sei bem a respeito da cor da íris. É meio misturado.
— Qual é a sua cor de olhos preferida?
— Não tenho — digo, porque tenho certeza de que não tenho.
Alessandra faz uma careta.
Mudo para castanho.
— Mais — Alessandra diz.
Toque, toque. São de um castanho claro, diferente.
— Bingo.
— A próxima coisa — digo — é a acuidade visual. Devo fazê-lo um pouco míope?
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O DNA do Amor
RomanceFilha única da poderosa Alice Macedo, Diana fica entre a vida e a morte depois de sofrer um acidente de carro. O processo de cura no misterioso laboratório Macedo transcorre com uma rapidez impressionante, o que desperta o seu lado detetive. Antes...