7.Se eu precisasse desaparecer por algumas horas sem ser pega, você me ajudaria?

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Ponto de vista de Diana

— Então, quando conseguiremos fazer a unidade dela? — Alessandra pergunta, olhando para o monitor enorme.

— Dela o quê?

— Exatamente, o "o quê" dela. Seu "uau, o que é isso?". Aquela região.

— Está se referindo às partes de garoto dela? — Estou tentando parecer indiferente. Indiferente não funciona muito bem com a frase "partes de garoto". Mas, no meu embaraço, não consigo pensar em frase melhor.

— Você acabou de dizer "partes de garoto"? — Alessandra pergunta, aproximando uma cadeira.

— Você tem que fazer as coisas na ordem. É assim que o software funciona — explico. — Primeiro você tem que decidir a respeito das partes físicas mais simples. Hoje cedo cuidei dos olhos.

— Você está dizendo os olhos dela. — Alessandra me observa digitar no teclado. — Você está fazendo um meio homem, certo?

— Isso é uma garota. Ela só não é cis.

Toque, toque, clique. Adoro esse software. É como fazer arte, mas sem o medo do fracasso. Criação, com uma tecla salvadora de "delete". Clico em um botão chamado "Mostre-me". A tela na parede mostra duas íris enormes. Só íris. Nada mais.

— Credo! — Alessandra exclama. — Que diabos é isso?

— Íris. Dei olhos cinzas a ela.

— Por quê?

— Não sei. Nunca conheci ninguém com olhos dessa cor. Talvez seja por isso.

É fascinante o modo como fizeram esse software. Há muitos genes que determinam a simples questão da cor dos olhos. Você os coloca em um tipo de rede. A rede — que nessa versão foi feita para parecer uma série extensa de contas — tem um monte de "contas" já preenchidas. Isso deixa muito espaço em branco para eu escolher. Posso aumentar ou diminuir o zoom. No tamanho real, eles são quase invisíveis. Cheios, eles têm um metro e oitenta de diâmetro. Aproxime bem e você entra na escala nano, na qual eles não têm cor nenhuma. São apenas células cinza. Alessandra apoia as botas na mesa e se reclina, com as mãos apoiadas atrás da cabeça.

— Isso está me assustando. Faça algo que não seja nojento.

Acrescento as escleras aos olhos.

— Certo, agora, os capilares — digo, observando o menu de opções.

— Vamos fazer músculos abdominais em vez disso.

— Eu disse a você: me deixe fazer. Além disso, é a parte divertida. Todos os detalhes.

— Uhu, uhu! — Alessandra não está convencida.

Escolho pequenos capilares e Alessandra assente, aprovando.

— Não quero que ela fique com os olhos vermelhos com facilidade.

Olho para a minha criação.

— Não sei bem a respeito da cor da íris. É meio misturado.

— Qual é a sua cor de olhos preferida?

— Não tenho — digo, porque tenho certeza de que não tenho.

Alessandra faz uma careta.

Mudo para castanho.

— Mais — Alessandra diz.

Toque, toque. São de um castanho claro, diferente.

— Bingo.

— A próxima coisa — digo — é a acuidade visual. Devo fazê-lo um pouco míope?

O DNA do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora