Ponto de vista de Diana
— Diana — ela diz de novo.
Balanço a cabeça, assentindo. Muito vigorosamente. Porque minha voz vai falhar, com certeza. Ela está aqui. Mas ela não pode estar aqui. Ela é de verdade. Mas não pode ser de verdade. É mais alta, na realidade. Seus olhos estão vivos agora, surpreendentemente vivos. Está curiosa, preocupada. Ela me conhece — isso eu sei. Ela sabe quem eu sou. Ela é a mulher-homem mais lindo que já vi. Na vida. No mundo. Ian Somerhalder teve um filho com Megan Fox todas as pessoas mais bonitas, todos seriam considerados a amiga ou amigo menos atraente de Alysson.
Fico tentando imaginar se ela consegue dizer algo além de meu nome. Mas é muito bom. Gosto de ouvi-la dizer meu nome. Quero que ela diga de novo.
— Estou a sua procura — ela diz.
— Oi? — respondo, de modo brilhante.
— Sua mãe me mandou encontrar você.
É verdade, claro, e a honestidade desse fato me surpreende.
— Você tem que me dizer isso?
— Não sei.
Ela não dá de ombros, não sorri, não abaixa a cabeça. Percebo que não se afeta. Não tem tiques nem manias. O espanto de vê-la me deixa sem fala. É a criatura de um sonho. Ela é algo que eu desenhei em um bloco de papel e trouxe à vida, totalmente formada. Eu quero tocá-la. Ter certeza de que é de verdade e não um truque de minha mente cansada. Eu também só quero tocá-la. Porque... porque sim. E eu acredito que posso fazer isso. Acredito que ela vai permitir. Eu acredito nisso porque ela é, de um modo inacreditável, minha. Será que ela sabe disso?
— Você sabe quem eu sou? — pergunto. Não estou só perguntando se ela sabe meu nome. Estou perguntando se ela sabe quem eu sou, o que eu sou. Estou perguntando se ela conhece a minha importância. É o tipo de coisa que ouvi minha mãe dizer mais de uma vez: você sabe quem eu sou? Com ênfase no "quem" em um tom incrédulo e mais alto no "sou". Não digo isso assim. Mas é a intenção. É maluquice pensar assim, mas, apesar da beleza dessa garota, ela é, de certa forma, minha. E eu quero que ela saiba disso. Você é minha, Alysson. De onde vem esse tipo de pensamento?
— Você foi quem me fez — Alysson diz. — Sou seu par perfeito. Sua alma gêmea.
— Você sabe disso tudo?
A primeira hesitação. Ela está contida. Está pensando.
— Não acho que sei de tudo, Diana.
Quero pedir a ela para parar de dizer meu nome, porque, sempre que o faz, eu sinto um arrepio. Não quero um arrepio. Não quero que ela me deixe com os joelhos bambos. Fico em silêncio e ela continua.
— Recebi algumas informações. É uma técnica básica, compreendo, por isso só sei de algumas partes. Ainda estou sendo formada mentalmente. Tenho conhecimento, mas não tenho experiência.
— Isso não fará com que você seja tão diferente da maioria das pessoas — digo.
É um comentário espertinho. Uma piada. Ela tem senso de humor? Dei senso de humor a ela. Pelo menos foi isso que eu fiz, incluir os códigos que permitiriam que ela desenvolvesse senso de humor, mas ela tem experiência para diferenciar uma piada de outras coisas?
— Você me fez diferente das outras pessoas — ela diz.
Pode ser um comentário meio espertinho. Estou preparada para aceitá-la, porque acho que não poderia ter um relacionamento com uma pessoa que não tenha senso de humor. Relacionamento? Dá um tempo, garota. Dá um tempo mesmo... Certo, não. Agora estou discutindo comigo mesma. Estou me repreendendo. Estou no controle aqui, certo? Não deveria nem sequer estar pensando nela como algo além de um experimento interessante. Ela é meu projeto de ciências nota 10. Uma parte racional de meu cérebro indica que essa... essa pessoa, essa criação, seja lá o que Alysson for... é um crime ambulante. Real ou não, nascida ou fabricada, não importa. Alysson não deveria estar aqui. Alguém deu vida a ela e a mandou para o mundo, e isso foi errado. Mas, por mais que eu tente, não posso ficar a sessenta centímetros dela sem reagir. Não acredito que exista uma pessoa, seja do gênero que for, que pudesse estar ali indiferente a ela. Ela é uma obra de arte. Se eu me convencer disso.
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O DNA do Amor
RomanceFilha única da poderosa Alice Macedo, Diana fica entre a vida e a morte depois de sofrer um acidente de carro. O processo de cura no misterioso laboratório Macedo transcorre com uma rapidez impressionante, o que desperta o seu lado detetive. Antes...